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Morte de jovem em ambulância no ES completa um mês sob investigação

Morte de jovem em ambulância no ES completa um mês sob investigação

Kevinn Belo Tomé da Silva, de 16 anos, morreu na porta do Himaba, em Vila Velha, após aguardar atendimento por 4 horas; Sesa pediu prorrogação para apurar

Publicado em 30 de maio de 2022 às 21:19

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Nesta segunda-feira (30), completou exatamente um mês que o adolescente Kevinn Belo Tomé da Silva, de apenas 16 anos, morreu dentro de uma ambulância após esperar por atendimento durante quatro horas na porta do Hospital Estadual Infantil e Maternidade Alzir Bernardino Alves (Himaba), em Vila Velha.

Kevinn Belo Tomé da Silva, de 16 anos, morreu neste sábado (30) após uma parada cardíaca e aguardar horas para dar entrada no Himaba
Kevinn Belo Tomé da Silva, de 16 anos, morreu no dia 30 de abril, após uma parada cardíaca e aguardar horas para dar entrada no Himaba. (Acervo da família)

Desde então, o caso é investigado por três autoridades, mas respostas ainda não foram dadas, apesar dos questionamentos. Em nota, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), por exemplo, informou que a auditoria para apuração segue em andamento e o prazo para conclusão foi prorrogado por mais 30 dias.

Polícia Civil disse somente que a investigação continua na Divisão Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Vila Velha e "para que a apuração seja preservada, nenhuma outra informação será repassada". 

Já o Conselho Regional de Medicina do Espírito Santo (CRM-ES) reforçou que a sindicância aberta tem prazo de 90 dias, mas pode levar mais tempo, se necessário. "Como todos os processos internos correm em segredo de Justiça, não é possível informar mais nada", afirmou a entidade.

Anteriormente, o órgão já havia explicado que, "caso haja indício de falta de ética, abre-se um processo, com direito à ampla defesa dos denunciados". Em caso de condenação, as punições previstas na Lei nº 3.268/57 variam entre advertência e até cassação do exercício profissional.

"NEGLIGÊNCIA", AFASTAMENTO E CRÍTICAS

No início deste mês, a Sesa afirmou que uma vaga estava garantida para atender ao Kevinn no pronto-socorro do Himaba. O secretário Nésio Fernandes classificou o caso como "negligência" e "omissão" por parte de duas médicas intensivistas que estavam de plantão e que acabaram afastadas.

A pasta defendeu que a medida é prevista no código de conduta do hospital. No entanto, o afastamento foi criticado pela Associação Médica do Espírito Santo (Ames) e pelo Conselho Regional de Medicina do Estado (CRM-ES), que o receberam como um "pré-julgamento" das profissionais.

Responsável pela defesa das médicas, o advogado Jovacy Peter Filho endossou as críticas e defendeu que não houve omissão. Em entrevista à TV Gazeta, no último dia 3 de maio, ele alegou que a vaga reservada ao Kevinn era de enfermaria e que não havia respirador livre para o jovem.

No mesmo dia, após as afirmações dadas pelo advogado, a Secretaria de Estado dade Saúde emitiu uma nota em que garantiu que todos os leitos do pronto-socorro contam com recursos adequados para atendimento de quadros críticos e o protocolo é garantir a assistência e estabilização do paciente.

Já na quarta-feira (4), a empresa responsável pela ambulância falou pela primeira vez sobre o caso e divulgou detalhes sobre o atendimento. Entre eles, revelou que a equipe foi forçada a voltar com o paciente para a UTI móvel e que a transferência foi solicitada pela Central de Vagas do Sistema Único de Saúde (SUS).

MORTE APÓS QUATRO HORAS DE ESPERA: RELEMBRE O CASO

O adolescente Kevinn Belo Tomé da Silva, de 16 anos, morreu na madrugada de 30 de abril deste ano, após esperar durante 4 horas por atendimento dentro de uma ambulância estacionada na porta do Hospital Estadual Infantil e Maternidade Alzir Bernardino Alves (Himaba), em Vila Velha.

Devido ao grave estado de saúde, ele precisou ser transferido do Pronto-Atendimento (PA) de Paulo Pereira Gomes, em Cachoeiro de Itapemirim. A saída da unidade aconteceu por volta das 22h30 de sexta-feira (29). Já a chegada ao hospital na Grande Vitória se deu cerca de duas horas depois.

Vídeos gravados por um parente de Kevinn mostram o desespero da família, diante das negativas de atendimento. Em um deles, dá para ouvir a médica da ambulância explicando que o caso era "gravíssimo". Por volta das 4h30, o adolescente teve uma parada cardíaca e morreu.

Para os familiares do jovem, o episódio configurou negligência e assassinato. Revoltados, eles registraram um boletim de ocorrência junto à Polícia Civil — assim como a direção do Himaba, horas depois. Administrativamente, o hospital deu início a uma apuração interna sobre o ocorrido.

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