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Publicado em 30 de abril de 2022 às 17:49
- Atualizado há 4 anos
"Mãe, não me deixa morrer, eu acho que vou morrer hoje." Essas foram as palavras ditas por Kevinn Belo Tomé da Silva, de 16 anos, durante a espera por um leito de UTI que durou aproximadamente quatro horas, dentro de uma ambulância na frente do Hospital Infantil e Maternidade Alzir Bernardino Alves (Himaba), em Vila Velha. O adolescente morreu na madrugada deste sábado (30) após ficar sem atendimento no hospital. >
Kevinn foi transferido de Cachoeiro de Itapemirim, no Sul do Estado, para Vila Velha. Ele chegou ao Himaba por volta de 0h30 com uma vaga, que segundo familiares e a própria direção do hospital, estava reservada e disponível.>
Conforme explicado por familiares, o garoto sentia falta de ar e tinha uma infecção. A ida ao hospital, ainda na cidade onde morava, foi motivada por dores no lado esquerdo do corpo, respiração ofegante e dificuldade para se levantar.>
Após chegar a Vila Velha, foram aproximadamente quatro horas de espera fora do hospital. A vaga que estaria reservada e disponível não foi ocupada por Kevinn. Às 4h30, o adolescente morreu.>
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À TV Gazeta, a mãe de Kevinn, Suzana Belo da Silva, relatou que o filho pedia para que ela não o deixasse morrer.>
Suzana Belo da Silva
Mãe de KevinnPrimo dela, o pastor Antônio Marcos Santana da Silva classificou o episódio como desumano. “Eu vi os médicos tentando salvar uma vida e indagando por que ninguém do hospital deu satisfação. Só quando ele começou a ter a última parada cardíaca é que chamaram a mãe dele para fazer o prontuário”, revelou.>
Após horas de espera, revolta e a perda do adolescente, os familiares registraram um boletim na Delegacia Regional de Vitória na manhã deste sábado (30).>
A Polícia Civil informou que a família registrou boletim de ocorrência na Delegacia Regional de Vitória, na manhã deste sábado (30). O Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) será responsável pelas investigações, detalhou em nota. >
Em entrevista à TV Gazeta, o diretor do Himaba admitiu que o hospital estava com o leito de UTI disponível para atender o adolescente, mas não citou negligência. De acordo com Fábio Diehl, o caso está sendo apurado e será levado para a Polícia Civil e para o Conselho Regional de Medicina (CRM-ES).>
“Estamos consternados com o fato e nos solidarizamos com a família, para a qual estamos dando todo o suporte. Tínhamos a vaga confirmada, equipamentos e equipe à disposição. Estamos apurando o ocorrido e vamos ouvir todas as pessoas envolvidas para tomar as medidas cabíveis”, garantiu.>
Procurado pela reportagem da TV Gazeta, o Conselho Regional de Medicina (CRM-ES) informou que vai abrir sindicância para apurar as responsabilidades no caso da morte de Kevinn, de 16 anos. >
Após a morte de Kevinn Belo Tome da Silva, de 16 anos, a reportagem de A Gazeta procurou a Secretaria de Estado da Saúde para entender o que aconteceu no local e por qual motivo a vaga disponível e garantida não foi ocupada pelo adolescente. A seguir você confere o que foi perguntado para a Sesa. >
O que foi perguntado para a Secretaria de Estado da Saúde:
1 - O hospital só transfere quando tem vaga garantida. Que tipo de vaga foi garantida?
2 - Por que ele ficou 4 horas esperando?
3 - Quem tem que receber o paciente quando ele chega? Tinha médica de plantão na hora?
4 - Quem era? Por que ela não recebeu?
5 - Por que nenhum funcionário apareceu lá na ambulância?
6 - Houve um novo contato para tentar transferir o menino para outro hospital. O que aconteceu?
7 - Como funciona esse processo de transferência de um paciente, o passo a passo?
8 - Faltam vagas de UTI no Espírito Santo?
Além da Secretaria de Estado da Saúde, o Instituto Acqua, que administra o Hospital Estadual Infantil e Maternidade Alzir Bernardino Alves (Himaba), foi questionado por A Gazeta. A reportagem perguntou, por exemplo, que tipo de vaga foi garantida, uma vez que o diretor disse que o hospital tinha "vaga confirmada" e "equipe à disposição". >
O que foi perguntado para o Himaba:
1 -O hospital só transfere quando tem vaga garantida. Que tipo de vaga foi garantida?
2 - Por que ele ficou 4 horas esperando?
3 - Quem tem que receber o paciente quando ele chega? Tinha médica de plantão na hora?
4 - Quem era? Por que ela não recebeu?
5 - Outra pessoa não poderia ter tomado alguma atitude a respeito para que o adolescente não ficasse desassistido pelo hospital?
6 - Por que nenhum funcionário apareceu lá na ambulância?
Após a publicação da reportagem, a Sesa enviou uma nova nota, afirmando que duas médicas foram afastadas das funções na unidade e que o caso foi registrado na polícia. Veja na íntegra. >
A direção do Hospital Estadual Infantil e Maternidade Alzir Bernardino Alves (Himaba) lamenta profundamente o falecimento do adolescente Kevinn Belo Tomé da Silva e informa que registrou ocorrência policial contra o que considera flagrante negligência médica por parte dos profissionais plantonistas. Destaca também que as duas médicas foram afastadas de suas funções. >
A direção informa ainda que na segunda-feira fará representação junto ao Conselho Regional de Medicina para que a conduta das profissionais envolvidas seja devidamente avaliada. E reafirma que o HIMABA estava preparado para receber o paciente, com disponibilidade de leito, profissionais e equipamentos necessários ao atendimento. >
A instituição considera inadmissível negligência em qualquer atendimento, já que a premissa do hospital é garantir acolhimento e assistência a todos os pacientes. E informa que garantirá toda assistência necessária à família do jovem Kevinn.>
Com informações de Daniela Carla, da TV Gazeta>
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