Publicado em 19 de novembro de 2020 às 22:28
Com o aumento do número de casos de pessoas contaminadas pelo novo coronavírus, o governo do Estado já assinala com a possibilidade de aumentar as restrições, como alternativa para conter o avanço da Covid-19. Especialistas em infectologia e epidemiologia defendem que haja um rigor maior, principalmente em relação à manutenção dos protocolos sanitários, e em medidas para evitar a aglomeração. >
Uma nova realidade que precisa fazer parte da vida de todos até que se tenha, disponível no mercado, uma vacina contra a doença causada pelo novo coronavírus, assinalam.>
A doutora em Saúde Coletiva e Epidemiologia, a professora Ethel Maciel, do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), pondera que estamos vivendo um momento difícil, em que se precisa tomar medidas para manter o controle da doença. Porém, vivemos um momento em que não temos muitas alternativas de medidas mais restritivas sem que ocasionem tensões maiores. Vivemos um momento de exaustão, e a não ser que tenha multas, vai ser dificil convencer, apenas pela necessidade de se evitar a contaminação.">
Na avaliação dela, após meses de pandemia, já existe um conhecimento da doença, de sua história natural, o que já permite identificar, por exemplo, como ela se desenvolve, quais os primeiros sintomas, quando se agrava. Informações que podem ser utilizadas para qualificar as medidas que devem ser adotadas. >
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Entre elas, destaca, está uma atuação antecipada em relação à doença, principalmente nos municípios. A epidemiologista propõe o retorno mais efetivo dos programas municipais nas comunidades, identificando casos da doença, com uma testagem maior, o que possibilitaria até evitar que a contaminação se espalhe. >
Temos que refinar as ações que foram interrompidas durante a pandemia, com os agentes de saúde fazendo as visitas, analisando a situação das famílias, se teve aumento de casos, procurar os familiares e amigos, principalmente os grupos de risco, fazendo um controle local da doença, em vez de esperar a vinda dos doentes à unidade de saúde, sugere. >
Outro ponto importante, acrescenta a epidemiologista, é que as empresas voltem a estimular o trabalho remoto. Quem puder, fique em casa. Deixem circular nas ruas somente as pessoas que realmente precisam, diz, destacando que em países europeus já há campanha para que a população fique em casa para que as crianças possam ir à aula. >
Do ponto de vista científico, a transmissão nas escolas é menor que em bares e restaurantes. A educação tem que ser prioridade do país, sustenta.>
O governo, as instituições e representantes dos diversos segmentos também deveriam, avalia a epidemiologista, investir ainda em campanhas de conscientização. É preciso entender que a pandemia ainda não acabou. Que medidas como o uso de máscara, distanciamento, estar em locais com fluxo ar, evitar aglomeração, e manter a higienização das mãos precisam fazer parte da nossa vida, do nosso dia a dia, destaca.>
O infectologista Alexandre Rodrigues destaca que as pessoas precisam observar as falhas do convívio diário que estão levando à contaminação. Seguem as regras em suas empresas ou em alguns comércios, mas esquecem dos protocolos de segurança nos momentos de confraternização, momentos sociais em que esquecem as máscaras e se tem mais transmissão da doença, pondera.>
Ele acrescenta que várias medidas já foram adotadas. Seguimos tudo no local de trabalho, mas na sexta tem confraternização e este grupo vai para um bar senta, bebe, e neste momento sem máscara, com bebida, descontraído, tem risco maior de contaminação. O que acontece, tenho que fechar a empresa onde trabalham ou restringir o momento de convívio? As restrições com mais eficácia podem ser para evitar volume de grupo, ou algum tipo de evento para garantir o distanciamento, exemplifica.>
Outra dificuldade, segundo ele, é a politização em torno do uso da máscara e dos demais cuidados sanitários, que precisam ser incorporados ao nosso dia a dia. Houve muita polêmica, por exemplo, quando se passou a multar por não uso do cinto de segurança. Com punição e multa, com o tempo se incorporou como hábito. No caso da máscara houve muita politização, mas é uma questão de saúde pública; ela é necessária.">
Mais um problema, aponta o médico, é como as pessoas interpretam a doença. Quem tem parentes ou amigos que se recuperaram bem, tem a tendência de achar que está havendo exagero em relação à doença. As pessoas se acostumam a taxas altas de mortalidade e passam a ignorar as informações. Mas o valor muda quando alguém próximo morre. O bom seria ter uma atitude responsável sem perder alguém, observa.>
Para a infectologista Rúbia Miossi, não há mistério. E mesmo com a adoção de medidas mais restritivas, as pessoas precisam se acostumar aos cuidados sanitários. Distanciamento e uso de máscara são fundamentais para evitar o contágio e a transmissão. Se possível, evitar sair. E quem precisa trabalhar, tem que seguir a recomendação. Não tem milagre ou mistério, frisa.>
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