> >
Entenda por que parece que a pandemia só piorou no ES após as eleições

Entenda por que parece que a pandemia só piorou no ES após as eleições

A Gazeta reuniu especialistas que monitoram o comportamento da pandemia no ES para explixar  os números da Covid-19 antes, durante e após o processo eleitoral 2020

Publicado em 23 de dezembro de 2020 às 20:34

Ícone - Tempo de Leitura 0min de leitura
Urna - confirma
A urna eletrônica e o botão de confirma o voto. (Carlos Alberto Silva)

Antes e durante as eleições deste ano bastava uma navegada nas redes sociais para encontrar alguém dizendo que a pandemia do novo coronavírus havia acabado e que a doença só voltaria a ser assunto com o fim do pleito eleitoral. O argumento era de que os políticos criaram um cenário de normalidade, com omissão de dados oficiais, para a escolha dos candidatos seguir um curso normal.

No mês de outubro, A Gazeta denunciou atividades de campanha que promoviam aglomeração, registrou apoiadores de candidatos que não usavam máscara e não respeitavam o protocolo de distanciamento social. À época, diversos candidatos ficaram infectados e tiveram de se afastar dos compromissos eleitorais.

O descumprimento das medidas provocou reação do secretário de Estado da Saúde, Nésio Fernandes. Mesmo com comícios e passeatas barrados por decreto estadual desde abril, o que foi reforçado em outro decreto, de setembro, ele pediu que o Tribunal Regional Eleitoral (TRE-ES) proibisse atividades com aglomeração de pessoas durante a campanha.

“De forma alguma houve omissão. O Estado mantém os dados sobre a pandemia atualizados com toda a transparência. Temos total segurança e credibilidade sobre as estatísticas da pandemia aqui”, ressalta Pablo Lira, diretor de Integração e Projetos Especiais do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN) e membro do Núcleo Interinstitucional de Estudos Epidemiológicos (NIEE).

Outro indicador importante que precisa ser analisado no período, segundo Lira, é a taxa de transmissão (RT) do coronavírus. Na última análise realizada, que corresponde à semana entre os dias 27 de novembro e 4 de dezembro, a taxa era 1,2. Neste caso, 10 contaminados infectam outras 12 pessoas.

Aspas de citação

Se esse argumento de que os números estavam sendo omitidos fosse real, teria uma taxa de redução, mas na verdade, os números estão aumentando. O primeiro turno foi dia 15 de novembro. Na semana do dia 13 de novembro, o RT estava 1,24. Na semana do segundo turno foi para 1,53

Pablo Lira
Membro do NIEE
Aspas de citação

O professor do Departamento de Matemática da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e membro do NIEE, Etereldes Gonçalves Júnior, lembra que a partir do mês de julho até o fim de setembro o Espírito Santo apresentou uma queda sustentada do número de casos confirmados e mortes provocadas pelo vírus.

“A gente vinha dizendo que tinha uma queda sustentada, mas o evento que fez com que mudasse a tendência no Brasil inteiro foram as eleições. Não é que foi criada uma narrativa para que se tivesse eleições, a eleição é que criou esse evento diferente da dinâmica da doença e fez com que a contaminação aumentasse, as pessoas parassem de respeitar os protocolos e passassem a se aglomerar”, destaca Etereldes.

Média móvel de casos confirmados dos últimos 14 dias de
Média móvel de casos confirmados dos últimos 14 dias de . (Reprodução/Painel Covid-19)

CASOS CONFIRMADOS

A partir do dia 31 de agosto foram autorizadas realização de convenções partidárias. No dia 27 de setembro começaram as propagandas eleitorais. O primeiro turno aconteceu no dia 15 de novembro e o segundo turno no dia 29 do mesmo mês.

Dados do Painel Covid-19, ferramenta do governo do Estado, informam que a média móvel de casos confirmados (últimos 14 dias) cresceu 197,5% entre os dias 7 de setembro a 7 de dezembro. A média móvel desta quarta-feira (23) é 925.

  • 7 de setembro: 580,50
  • 7 de outubro: 745,79 (aumento de 28,47% em relação a setembro)
  • 7 de novembro: 1.099,93 (aumento de 45,72% em relação a outubro)
  • 7 de dezembro: 1.727,36 (aumento de 36,5% em relação a novembro)

“As eleições foram feitas de forma mal planejada porque ela não foi controlada o suficiente para conter a doença. Após as eleições, a doença deu um salto absurdo. A mudança de tendência acontece justamente no período eleitoral e se intensifica nas últimas semanas do primeiro turno. Ali a inclinação da curva dá um salto no Espírito Santo”, avalia o professor.

Este vídeo pode te interessar

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais