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Publicado em 1 de março de 2024 às 12:25
- Atualizado há 2 anos
A falta de acordo entre proprietários de um prédio no Parque Moscoso, na região central de Vitória, pode estar colocando a vida de moradores e vizinhos em risco. Em 2022, a Prefeitura de Vitória, por meio da Secretaria de Desenvolvimento da Cidade e Habitação (Sedec), emitiu um laudo de vistoria que mostrou condições instáveis da estrutura do prédio, situado na Avenida Marcos de Azevedo. >
Já em 2024, um novo parecer técnico afirmou que o local conta com “várias rachaduras, trincas e avançado estado de corrosão”. Tais irregularidades, segundo o profissional responsável pela avaliação, mostram que “o prédio pode cair a qualquer momento, pois a saúde do imóvel está muito precária”.>
Construído na década de 60, o prédio conta com três andares em um terreno de 337 metros quadrados (m²) e, atualmente, é gerido por quatro proprietários. Três deles possuem moradia ou comércio no local, sendo que dois não entram em acordo sobre as obras de melhoria com o terceiro dono, neto do responsável pelo início das obras.>
“O proprietário do segundo andar não concorda com os demais sobre a condição precária do prédio. Ele alega que um toldo instalado no terceiro andar seria o responsável por algumas infiltrações, mas não vê necessidade de outros reparos”, explica Fabrício Freitas, perito judicial avaliador de imóveis, responsável pela segunda avaliação técnica do local.>
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Segundo Fabrício, no início de fevereiro, a proprietária do último andar foi notificada pela Sedec, sob alegação de que o toldo seria o responsável por infiltrações nos andares inferiores. Situação contestada por sua defesa, que recorreu diante da decisão da secretaria municipal.>
“Está claro que o problema não é o toldo. Já foi observado, por duas vezes, que o prédio apresenta riscos para quem está lá e para terceiros. É mais do que necessário que sejam feitas obras de reparo”, aponta Fabrício. >
Procurado pela reportagem de A Gazeta, o terceiro proprietário citado, que vive no segundo andar do prédio, preferiu não ser identificado e alegou que “a estrutura do prédio não cai de forma alguma”.>
“Estou há oito anos tentando fazer os reparos necessários aqui. O que eu proponho é que seja feita a reforma de acordo com a metragem que cada um possui. Eu assumo a minha parte aqui e até mesmo de um apartamento do último andar, mas não vou arcar com nada além disso”, disse o homem.>
“A estrutura do prédio não cai de forma alguma. Te convido a pegar um prego e um martelo e bater em qualquer lugar aí, e você vai ver que o prego vai entortar, aqui é firme, concreto puro”, complementou.>
Apesar da confiança do proprietário na estrutura, os laudos feitos pela prefeitura, pelo perito Fabrício Freitas e as imagens registradas pela reportagem mostram as trincas e demais abalos.>
Prédio da região central de Vitória foi condenado pela prefeitura
“Nós queremos fazer os reparos necessários, pois o prédio está correndo perigo, mas ele não deixa. Não podemos deixar que o prédio caia e não queremos prejudicar ninguém, não estamos pedindo nada de mais, não queremos briga, queremos apenas o correto a ser feito”, diz Mário Pimentel, sócio de um dos proprietários do imóvel.>
No primeiro pavimento do prédio funciona uma loja de artigos para noivas, instalada no local há 14 anos. Com os problemas estruturais, as inquilinas anunciaram que vão se mudar.>
“Desde quando entramos aqui notamos problemas de mofo, infiltração e afins. Sempre procuramos o proprietário de cima e ele ficava prometendo várias soluções, mas nunca se dispôs a fazer nada. Muitas vezes ele falava que também tinha problemas no imóvel dele, mas parecia que ele queria nos convencer que precisávamos ter o mesmo problema que ele”, diz Camila Madeira, uma das responsáveis pela loja.>
Segundo vizinhos do prédio, o proprietário que estaria se negando a fazer os reparos já teria ameaçado os outros donos e outras pessoas da região. >
“Há alguns anos, ele fez uma espécie de ‘puxadinho’ para ter uma área de lazer e churrasco, mas isso foi sem aprovação da prefeitura. Depois disso, vários pedaços de tijolo começaram a cair na casa do lote de trás, colocando em risco as pessoas que moram lá. Quando reclamamos, ele é rude e sempre fala em tom ameaçador”, diz outro vizinho do prédio, que preferiu não se identificar para evitar represálias.>
Sobre a obra do puxadinho, o morador do segundo andar alega que tem todos os documentos que comprovam a liberação da prefeitura. A reportagem pediu os documentos, mas nada foi mostrado. >
Em relação ao puxadinho, a Secretaria de Desenvolvimento da Cidade e Habitação (Sedec) informou que uma equipe de fiscalização fez uma diligência no local, onde não foram identificadas quaisquer obras ou sinais de construção, mas não esclareceu se o espaço denunciado pelos moradores de fato estava irregular.>
Já em relação à notificação feita à moradora do último andar, a Sedec informou que lavrou um Auto de Intimação em 02/02/2024, por meio do qual foi dado um prazo de 30 dias para as devidas providências. “A Sedec reitera, portanto, que o prazo não venceu ainda para que haja a continuidade da ação fiscal”, divulgou a pasta.>
“Eu faço o que for preciso para que a gente possa resolver tudo aqui. Não queremos abrir mão do lugar que vivemos. Não queremos briga e nada de ruim, só viver em paz e em segurança”, finalizou outra vizinha.>
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