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Acidente na tirolesa do Morro do Moreno aconteceu nos primeiros 100 metros

Acidente na tirolesa do Morro do Moreno aconteceu nos primeiros 100 metros

A informação foi revelada pelo gerente de Relacionamento Institucional do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Espírito Santo (Crea-ES), Giuliano Battisti, que esteve no local neste domingo (2)

Publicado em 2 de maio de 2021 às 21:07

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João Paulo Reis morreu após acidente na tirolesa do Morro do Moreno, em Vila Velha
João Paulo Sampaio dos Reis morreu após acidente na tirolesa do Morro do Moreno, em Vila Velha. (Reprodução)

acidente que matou o engenheiro João Paulo Sampaio dos Reis neste sábado (1º) aconteceu nos primeiros 100 metros da tirolesa do Morro do Moreno, em Vila Velha. A informação foi revelada por Giuliano Battisti, gerente de Relacionamento Institucional do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Espírito Santo (Crea-ES).

Ao todo, a atividade tem cerca de 500 metros de percurso e conta com três bases: a de partida, a intermediária e a de chegada. "Segundo testemunhas, a vítima teria colidido com a estrutura da segunda plataforma. Se isso aconteceu, precisamos entender o sistema e como ele permitiu que isso acontecesse", comentou.

Deque de interferência da tirolesa do Morro do Moreno, em Vila Velha
Deque de interferência da tirolesa do Morro do Moreno, em Vila Velha. (Alex Magnago)

Durante este domingo (2), uma equipe comandada por Giuliano esteve no local para iniciar o trabalho de vistoria e tentar identificar a causa do acidente. "Fizemos levantamentos técnicos de cabos, medições e vários vídeos com drone, porque o acesso é difícil. Infelizmente, o mau tempo limitou as nossas atividades", disse.

Segundo ele, há muitas questões que ainda precisam ser esclarecidas. Entre as principais dúvidas a serem elucidadas, estão:

  • Qual era o sistema de frenagem e como ele funcionava?
  • Houve uma falha humana do operador responsável?
  • Existe um sistema que limite a velocidade máxima?
  • Quais as manutenções deveriam ter sido feitas e quais, de fato, foram?
  • O equipamento foi construído conforme o previsto no projeto?

"O que nos intriga é o funcionamento desse freio, se é que ele realmente existe. Estamos com essa dúvida. Na segunda etapa existe um sistema de molas e amortecimentos, mas alguns apontamentos e depoimentos dão conta que a frenagem da primeira seria feira por um controlador", ressaltou.

Frenagem poderia ser feita apenas por uma pessoa?

Na posição de engenheiro de segurança do trabalho, Giuliano Battisti afirmou que a segurança de um equipamento como a tirolesa nunca pode depender exclusivamente de uma pessoa. "Ela pode ter um mal súbito, ou passar mal. Não podemos confiar a vida de uma pessoa a outra sem nenhum outro mecanismo."

"Não há como conceber um sistema que depende de uma pessoa segurar um cabo para não atingir velocidade exagerada. Lá ainda tem o agravante que é um local de fadiga psicológica muito alta, porque tem muito vento, sol e chuva", defendeu. "Na segurança do trabalho, entendemos que não tem como", declarou.

A expectativa é que algumas respostas sejam dadas já nesta segunda-feira (3). "Amanhã, logo cedo, estarei no local. Nós precisamos juntar esse quebra-cabeça, porque muitas dúvidas não foram esclarecidas", afirmou Giuliano. Na mesma data, o Crea-ES também deve ter acesso aos projetos da tirolesa.

O ACIDENTE: O QUE SE SABE ATÉ AGORA

Engenheiro mecânico, João Paulo Sampaio dos Reis, de 47 anos, levou a filha e uma amiga dela para aproveitar a vista do Morro do Moreno, em Vila Velha, na tarde de sábado (1º). As duas desceram antes na tirolesa. Na vez dele, um acidente fez com que ele morresse ainda no local.

"Essa vítima estava de barriga para cima, arroxeada, com as pupilas dilatadas e com um trauma no lado esquerdo da face. Após os trabalhos periciais, o cadáver foi levado até o topo do Morro do Moreno e entregue à Polícia Civil", detalhou a tenente Andressa, do Corpo de Bombeiros. O resgate durou cerca de quatro horas.

Na porta do Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP), em Vitória, o pai do engenheiro desabafou dizendo que viu o filho morrer por meio de um vídeo. "Por essa gravação, já pude ver a falta de segurança do local. Alguém deve ter dito que era seguro. Mas ele foi vítima de um erro grosseiro", afirmou João Reis.

As imagens citadas não foram divulgas pelo familiar nem pelas autoridades envolvidas no caso. Inicialmente com um registro de engenharia de Goiás, João Paulo tem licença para atuar como engenheiro no Espírito Santo desde 2012. Morador de Vila Velha, ele deixa uma filha, um filho e a esposa.

MILITAR COMO SÓCIO: O QUE DIZEM OS BOMBEIROS

Por meio de nota, o Corpo de Bombeiros confirmou que um militar é sócio do empreendimento. Porém, garantiu que ele "não estava a serviço no momento dos fatos e que sua conduta será apurada no inquérito policial a ser instaurado pela Polícia Civil". "Caso a apuração venha a indicar descumprimento das normas dos Bombeiros, as providências cabíveis serão tomadas."

LOCAL INTERDITADO? O QUE DIZ A PREFEITURA

Também em nota, a Prefeitura de Vila Velha alegou que "o local é privado e os responsáveis devem ser questionados sobre operação do equipamento, instalado em área particular". O município também esclareceu que as atividades em área aberta estão liberadas pela classificação de risco do governo do Estado.

EMPRESA: "ESTAMOS EM LUTO"

Na madrugada deste domingo (2), por meio das redes sociais, a empresa responsável pela operação da tirolesa do Morro do Moreno lamentou o corrido e afirmou que ainda não tinha conseguido o contato da família. No texto, também afirmou que aguardava a perícia para saber a causa do acidente.

O QUE DIZ A POLÍCIA CIVIL

Também por meio de nova, a Polícia Civil apenas informou que o caso seguirá sob investigação "para uma melhor apuração dos fatos" e que aguarda o resultado da perícia realizada na tirolesa. "Outras informações são serão repassadas para preservar a apuração do incidente", concluiu.

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