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TecnoAgro é palco de momento histórico de união de mulheres do cacau

TecnoAgro é palco de momento histórico de união de mulheres do cacau

O projeto focado na capacitação de produtoras de cacau existe desde 2021 e se tornou uma associação no evento deste ano

Publicado em 18 de agosto de 2023 às 19:00

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Mulheres do cacau
Mulheres do cacau criam central das associações em Linhares. (Vitor Jubini)

O TecnoAgro 2023 foi palco de um momento histórico que marca a trajetória de união entre mulheres que trabalham em toda a cadeia de produção do cacau no Espírito Santo. Nesta sexta-feira (18), último dia do maior evento de capacitação com foco em tecnologia e inovação do Estado, foi feita uma assinatura simbólica do lançamento da Central das Associações das Mulheres do Cacau. Mais cedo, nesta sexta, também foi formalizada a Associação das Mulheres do Cacau de Linhares.

A assinatura simbólica do lançamento da associação foi realizada após a palestra "A trajetória das Mulheres do Cacau: tecnologia, qualidade e sustentabilidade", comandada por Alessandra Maria da Silva, coordenadora do projeto. 

Ao todo, 68 mulheres com idades que variam de 20 a 70 anos participam do ’Mulheres do Cacau’. O projeto envolve cinco municípios - Linhares, ColatinaSanta TeresaRio Bananal e São Roque do Canaã - e seu foco inicial foi trabalhar a capacitação das mulheres em todo processo de produção do cacau. Também há associações formadas em Colatina, Rio Bananal e outra com Santa Teresa e São Roque do Canaã em conjunto.

Sobre o lançamento acontecer no TecnoAgro 2023, a coordenadora comemora a importância do momento e o reconhecimento de uma demanda tão necessária. “Isso mostra que nós conseguimos um impacto social muito maior do que a gente esperava, a ponto de sermos reconhecidos dentro de um evento tão importante para o Estado quanto o TecnoAgro.”

Empoderamento

Durante a apresentação, Alessandra falou sobre a importância das mulheres se unirem tanto para o empoderamento quanto para buscar capacitação para trabalhar com o cacau e produzir uma amêndoa de qualidade. "Elas nos procuraram para produzir amêndoas com qualidade e não em quantidade . Um diferencial das mulheres do cacau é a qualidade e a possibilidade de após conquistar o conhecimento passarem para outras mulheres", diz.

Para Alessandra, mais do que qualidade do produto, houve ainda impacto social provocado pelo conhecimento conquistado. O projeto está levando as mulheres a serem conhecidas internacionalmente e a serem convidadas para participar de vários eventos.

"Atrás da produção tem outras transformações que são mais impactantes que é a social, o que está dentro da agenda ESG. A sustentabilidade social, econômica e ambiental faz parte do processo de empoderamento feminino", ressalta.

Alessandra Maria da Silva. Mulheres do cacau
Alessandra Maria da Silva, coordenadora do Mulheres do Cacau. (Vitor Jubini)

O projeto

Nos próximos dois anos, o enfoque da associação será sustentabilidade ambiental e comercialização do produto.

“O projeto começou a partir de uma demanda das mulheres. O objetivo principal era a transferência de tecnologia, ou seja, a capacitação das mulheres em todo processo, desde o plantio do cacau até o processamento”, explica Alessandra que, além de  coordenadora do projeto, é especialista em Empoderamento Feminino.

A coordenadora do Projeto Mulheres do Cacau fala sobre a desigualdade de gênero, especificamente no campo. Segundo Alessandra, o IBGE revela que apenas 14% das propriedades rurais do Espírito Santo são geridas por mulheres.

“Agora a questão é: será que realmente são apenas 14% das mulheres do meio rural que se envolvem na gestão? Ou é porque, quando o instituto pergunta quem é o responsável, diz-se que é o homem devido ao costume social?”, questiona.

Alessandra é também extensionista rural no Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper). Desta forma, consegue visualizar no dia a dia como a desigualdade entre homens e mulheres se dá no campo. Segundo ela, algumas não puderam participar do projeto porque o marido não deixou.

Para além da capacitação técnica para a produção do cacau, a pedagogia feminista também faz-se presente na associação. O apoio das mulheres umas com as outras e a compreensão acerca da desigualdade de gênero ainda existente também fazem parte do projeto.

Como tudo começou

O projeto ‘Mulheres do Cacau’ é executado desde 2021, mas a história começa anos antes. Em 2019, o Incaper se reuniu com mulheres produtoras de Linhares para identificar o que elas precisavam. Nesse diagnóstico participativo, as mulheres demonstraram a necessidade de melhorar a qualidade da amêndoa de cacau a fim de conquistar novos mercados e produzir chocolate.

Para suprir esta demanda, o projeto ‘Mulheres do Cacau’ foi submetido no edital ‘Banco de Projetos de Pesquisa da Secretaria da Agricultura’, no ano de 2020. O projeto passou a ser executado um ano depois.

Dentre as atividades desenvolvidas até então, estão: mais de 30 cursos que vão do plantio até o processamento do chocolate realizados; participação em unidades demonstrativas; intercâmbios; dias de campo e Encontro das Mulheres do Cacau (dezembro de 2022).

* Com informações de Thaiz Lepaus

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