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Publicado em 28 de agosto de 2024 às 18:17
O agronegócio, um dos setores que mais gera receita no Espírito Santo, ainda é um nicho predominantemente gerido por homens. Em busca da mudança desse cenário, projetos familiares e ligados ao governo do Estado abrem as portas do campo para uma participação mais ativa das mulheres em variadas frentes. >
No primeiro dia do TecnoAgro 2024, realizado nesta quarta-feira (28), o painel "O poder da voz feminina na transformação do agro" reuniu produtoras, empreendedoras e idealizadoras de projetos voltados para o campo. A inovação em situações simples do dia a dia nas fazendas dominou a roda de conversa.>
Patrícia Ferraz, gerente de Programas e Projetos Sustentáveis da Secretaria de Estado da Agricultura (Seag), contou sobre o "Elas no campo e na pesca", criado em 2019.>
"Hoje temos seis mil mulheres atendidas. A primeira fase foi capacitar os técnicos que iriam trabalhar com elas, sensibilizando-os sobre a questão da igualdade de gênero e apresentando metodologias para inseri-las em dias de campos e cursos", explicou Patrícia.>
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“Embora imaginássemos o que as mulheres precisavam [para o trabalho no campo], não tínhamos certeza se estávamos no caminho certo. Aplicamos então esse diagnóstico com lideranças rurais e técnicas que atuam no setor agrícola e da pesca. A partir dos resultados, formulamos o nosso projeto”, pontuou.>
Os primeiros passos se mostraram assertivos e começaram a dar resultados além dos trabalhos apenas com as mulheres. Homens e demais membros das famílias também foram incluídos nos projetos de assistência.>
Patrícia Ferraz
Gerente de Programas e Projetos Sustentáveis da Secretaria de Estado da AgriculturaSegundo Patrícia, a produção feminina no Estado se destaca com os cafés especiais, mas outras culturas também estão se mostrando como fruto de interesse entre as produtoras.>
“Em resposta a isso, criamos um projeto coordenado pelo Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), em parceria com a Secretaria de Estado da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (Seag) e a Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (Fapes), voltado exclusivamente para as mulheres do café. Também desenvolvemos projetos semelhantes com o cacau, que foram muito bem-sucedidos, e que continuam em andamento. Além disso, temos iniciativas na produção de morangos e mel. À medida que identificamos tendências em diferentes regiões ou municípios, implementamos ações específicas para atender a essas demandas”, finalizou a gestora.>
No painel mediado pela jornalista Elaine Silva, uma das idealizadoras do projeto Todas Elas, Camila Vivacqua, CEO do Café Chiara, marca 100% capixaba, também trouxe dados que mostraram a necessidade de projetos de ampliação da participação feminina no campo. Segundo Camila, no Brasil, apenas 20% dos empreendimentos rurais são gerenciados por mulheres. >
“Isso é pouco. Nós, mulheres, estamos sub representadas e temos muito a alcançar, mesmo começando pequeno, contando suas histórias, transmitindo seus propósitos e agregando valor ao produto que querem comercializar”, pontuou. Segundo a empreendedora, a inovação não precisa ser algo complicado para o início de um negócio.>
“Às vezes, a inovação está em algo que você já faz, mas de uma forma diferente. Pode ser inovar na maneira de embalar o produto, personalizar de alguma forma, ou oferecer um atendimento diferenciado. Começamos pequeno na inovação e, depois, escalamos cada uma na sua realidade e ambiente”, frisou.>
As fazendeiras e agroinfluencers Natieli e Valeska Sperandio, conhecidas como 'Irmãs Amazonas', também fizeram parte do painel do TecnoAgro. No espaço, a dupla compartilhou a experiência nos negócios familiares, assumidos por elas há 20 anos no Noroeste do Estado.>
Além do sucesso no campo, ficaram famosas por criarem conteúdo na internet mostrando a rotina no interior, chegando a quase 15 mil seguidores nas redes sociais. As irmãs também comemoram a conquista de espaço da mulher no agronegócio, setor majoritariamente masculino. Elas lembram que, há duas décadas, eram grandes os desafios para as trabalhadoras da área. >
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