Publicado em 16 de março de 2019 às 19:33
"Sex and the City" ganhou versão brasileira e masculina para fazer qualquer um duvidar sobre qual é, realmente, o "sexo frágil". Criada e protagonizada pelo humorista Fábio Porchat, 35, a série "Homens?" estreia nesta segunda-feira (18) e narra o dia a dia do "homem de verdade".>
Com situações que ambos os sexos irão reconhecer, a trama cita os principais medos que orbitam o mundo masculino e fala sobre como o machismo faz mal, inclusive, àqueles que o praticam.>
"Os personagens vão apanhar muito para entender que isso está acontecendo", diz Fábio Porchat. "Os homens estão perdidos porque as coisas estão mudando. Ainda bem.">
Em oito episódios, "Homens?" trará histórias, dilemas e evoluções de quatro protagonistas. O machismo dentro da família, dentro do trabalho e a impotência sexual são alguns dos temas abordados entre eles. Acompanhando Porchat, estão Raphael Logam, Gabriel Louchard e Gabriel Godoy.>
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Alexandre (Fábio Porchat) é um homem que "brocha" há um ano e não consegue se relacionar sexualmente; Pedro (Gabriel Louchard) descobre que foi traído pela mulher e tenta um relacionamento aberto; Pedrinho (Raphael Logam) aprenderá a lidar com uma chefe mulher, depois que o antigo chefe foi demitido por assédio.>
Gustavo (Gabriel Godoy) completa o grupo com frases polêmicas e que, sem trabalhar, ainda mora na casa da mãe. "Eu deixei o personagem bem bobão, ele nem percebe o que está falando. Mas não foi uma tarefa fácil, porque hoje em dia falar essas barbaridades passa por um filtro meu", diz Godoy.>
Um personagem curioso é o de Rafael Portugal, que interpreta o "pênis de Alexandre". Os dois compartilham alguns dos diálogos mais hilários da série, sendo que um deles foi o que deu origem à série. O personagem inusitado ganha, inclusive, dois spin-off exclusivos e semanais, exibidos no YouTube.>
"O homem que chega a um profissional para pedir ajuda já está há cerca de dez anos com o problema", diz Porchat, que questiona a importância que os homens dão à sua virilidade. "Homem só conta vantagem, não conta derrota (...) Ele não conversa sobre isso, fica tentando resolver sozinho.">
Porchat diz que o nome da série tem um ícone de interrogação justamente para que as pessoas se questionem. "Isso é homem? Esses são os homens de hoje? Ainda não evoluímos?">
O humorista explica que os jovens já entenderam as mudanças no mundo em relação ao machismo, e que as pessoas mais velhas não pretendem mudar, o que deixa os homens com até 45 anos sem saber como reagir às transformações. "Mas está todo mundo mudando, e a gente também tem que mudar".>
"Tenho uma filha de 22 anos e é incrível como os amigos dela já entenderam", diz Johnny Araújo, o diretor do programa. "A gente procurou buscar linguagens estéticas, padrões, brincamos muito com as passagens de cenas e lembranças.">
No entanto, Porchat garante: "A gente não quer 'lacrar'. Queremos ser engraçados e que os homens e mulheres se identifiquem, descobrindo coisas". Ele adverte que não quis fazer uma série "certinha" e com clichês, e que por isso retrata as situações de forma " bem louca".>
Outro ponto importante trazido pelos personagens é a visibilidade de outras realidades: Louchard, por exemplo, é cadeirante e mostra que, como qualquer pessoa, faz sexo.>
Gravada na zona oeste do Rio de Janeiro, a série semanal será exibida no canal pago Comedy Central e na Amazon Prime Video. O oitavo e último episódio desta primeira temporada termina com um ganho para a segunda, e Porchat adianta: "Estamos na expectativa. Tem pano para muita temporada ainda, porque machismo tem muito".>
MULHERES>
Apesar da história ser centrada nos quatro amigos, a maioria do elenco é composto por mulheres. Miá Mello, Giselle Itié, Lorena Comparato e Gisele Fróes, dentre outras, reforçam o poder feminino frente às atitudes dos homens na série.>
"Você assiste a essa série e entende um monte de coisas que passam na cabeça dos homens", diz Lorena, intérprete da prostituta Tainá, que se tornará conselheira de Alexandre. "Minhas falas são muito didáticas. A gente fala de sexo abertamente".>
Lorena diz que a série buscou desmistificar os corpos padrões de mulheres, fugindo das cenas de sexo idealizadas e mostrando a nudez de ambos os lados. "Você vê facilmente o corpo de uma mulher pelada o tempo inteiro, mas de homem eu não consigo lembrar a última vez que vi", diz.>
Porchat confirma que isso foi pensado, uma vez que "há pouquíssimos nus masculinos no cinema". "E virou o jogo. Agora a mulher quer gozar também", brinca o humorista, que diz ter buscado opiniões do sexo oposto para compor as expressões e cenas da série.>
"Essa coisa da nudez veio muito da série 'Girls'", ele revela, dentre as inspirações. "Mas em 'Sex and the City' também tem coisas bem fortes, ainda mais para a época".>
Mas fazer a pesquisa de personagens não foi fácil, uma vez que as próprias atrizes não encontraram prostíbulos que aceitassem a entrada delas. "Não tem puteiro para mulher (sic)", diz Fróes. "E as mulheres estão meio de saco cheio".>
Miá concorda: "Somos massacradas. Você reflete e vê o quão exposta está, o quanto a sociedade reprime, me oprime e me mata aos poucos. A gente tem uma falsa sensação de que agora está tudo bem, que os homens super respeitam a gente, mas não é assim. É uma mudança que vai com o tempo".>
"Minha personagem, um belo dia, resolve que quer ser feliz e abre a relação. E é legal esse olhar, da mulher propor isso", diz.>
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