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De travesti a vilão: Rafael Primot fala de 'Aruanas' e novos trabalhos

De travesti a vilão: Rafael Primot fala de "Aruanas" e novos trabalhos

Ator é Ramiro na série da Globo, o namorado abusivo e violento

Publicado em 23 de julho de 2019 às 18:25

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O ator, diretor e produtor Rafael Primot. (Rubens Shiromaro)

Rafael Primot, de 38 anos, foi Stephanie, a travesti de "Tapas e Beijos". Passou por Osiel, em "Deus Salve o Rei" e agora é Ramiro em "Aruanas", nova série da Globo já disponível na GloboPlay. Na trama, ele é o namorado abusivo e violento que terminou o relacionamento com Clara, personagem de Thainá Duarte.

"Possessivo e agressivo", descreve a lista de características do rapaz, o primeiro vilão de Rafael. Para o ator, o personagem vem para mostrar um cenário que, infelizmente, se repete na sociedade.  "Tem muito disso no mundo todo. E a oportunidade de a arte mostrar é espelhar o que acontece na vida real para ajudar e conscientizar, de alguma forma", diz Rafael, em entrevista exclusiva ao Gazeta Online.

Primot destaca que os desafios de dar vida a Ramiro são como os de interpretar um mocinho. Porém, para ser o namorado raivoso, ele tem que acessar um lado da personalidade que não é "confortável", em suas próprias palavras: "Cada papel tem um desafio. Não é mais difícil e nem mais fácil. A raiva, nesse caso, é uma ferramenta do ator. Você acessa e depois libera".

No bate-papo abaixo, Rafael dá mais detalhes do vilão e fala da repercussão do personagem em sua carreira.

O ator Rafael Primot, que será Ramiro na série "Aruanas". (Rubens Shiromaro/Divulgação)

Como foi interpretar um vilão?

Foi incrível. Uma experiência muito interessante como artista. Foi desafiador ao mesmo tempo, já que nunca tinha feito. Mas isso também te coloca de frente com os seus próprios demônios e com situações que os personagens abordam.

É mais difícil?

Cada papel tem um desafio, não é mais difícil e nem mais fácil. Quando são papéis interessantes, normalmente, têm desafios e não são simples de execução. Mesmo quando é o mocinho da história, não está ligado ao que ele é na história.

E qual é a importância do vilão nesse momento da carreira?

Gosto sempre de fazer personagens intercalados. De vários tipos. Nunca tinha feito vilões com características como o Ramiro, com características irracionais, violentas. Acho que foi um papel importante nesse sentido, de desafiar com uma variedade dentro de tudo o que eu já fiz, do jeito que as pessoas me veem.

E como as pessoas te veem?

Não fico pensando nisso (risos). Não faço para ser visto de um jeito ou de outro. Minhas escolhas têm a ver com o que eu sinto como artista. Se eu tiver que escrever um personagem para falar sobre aquilo, eu escrevo. Ou dirigir uma peça que eu nem esteja atuando, também.

Li que teve que acordar sua raiva para o papel. Você não tem momentos de fúria?

Tenho (risos). Eu tive que acessar a raiva, não acordar. Porque ela existe. Eu só evito acessar no dia a dia porque não é um lugar confortável quando você é tirado do sério. E eu sei que não sou um cara inteiramente puro. Vivo como todo ser humano, que administra isso no dia a dia, o quanto você consegue ser mais justo, íntegro, que pensa no outro.

E tinha algum ritual pré ou pós-cena para você conseguir fazer isso?

Não. Acho que faz parte de ser ator. É uma ferramenta. Você acessa e depois libera. A qualquer momento eu sei que, se eu for dar um tapa em alguém, não é com a mesma intensidade que eu daria na vida, como se eu estivesse na vida real. Faz parte de um controle também. Isso é a profissão. Você conseguiu enganar o outro de que aquilo é absolutamente real. O ator é um grande fingidor.

E acha que "Aruanas", nesse caso, denuncia muito o que acontece na vida real?

Vivemos muito disso em vários países. Acho que trazer à tona esse assunto, que tem vindo já com esse movimento de empoderamento das mulheres, ajuda que todos nós fiquemos mais atentos, de olho no mercado de trabalho para a mulher. Comentários que a gente faz, às vezes... Coisas pequenas. A gente tem que acabar com isso e as mulheres aprenderem a dizer não, interromper esse ciclo. Esse tipo de assunto, na ficção, espelha muito essa situação e tenta consertar.

E quais são os novos trabalhos?

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Temos para ser lançado "Hebe", uma minissérie da Globo que já está toda pronta. Serei Manoel Carlos. E tenho um teatro para esse ano, também. Para o ano que vem, acho que fevereiro, estou com "Chuva Negra", também seriado.

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