Uma mistura de culturas e ancestralidades brasileiras é o que promete a apresentação de Tunico da Vila e Otto, nesta sexta-feira (7), às 21h, no Spirito Jazz, na Praia do Canto. Celebrando os 80 anos de carreira de Martinho da Vila, o show junta o samba e o partido alto do Rio de Janeiro, terra de Tunico, com o estilo contemporâneo de Otto, que envolve gêneros como o folclore e o maracatu de Pernambuco, sua terra natal. Os artistas ainda fazem questão de lembrar a importância do congo, tipicamente capixaba, responsável por um dos maiores sucessos de Martinho, Madalena do Jucu.
A ideia do show dedicado a Martinho surgiu quando o músico comemorou 80 anos, em fevereiro. Como Tunico mora em Vitória desde 2017, ele não conseguiu participar das comemorações. Foi aí que decidiu chamar artistas e amigos que fizeram parte da carreira do pai para comemorar em Vitória.
Muitos dos convidados conhecem o meu pai desde antes de eu nascer. Em 2018 teve Xande de Pilares, Sandra de Sá, Dudu Nobre, Toni Garrido, Criolo... O Otto fecha esse ciclo como a cereja do bolo. Ele é um artista de que eu gosto muito e conhece as músicas do meu pai mais do que eu (risos). Lembro dele cantando Disritimia e chorando igual um doido (risos). Nós dois expandimos o som como percussionistas. Eu no samba e ele, no maracatu, na ciranda. Depois, fomos para a carreira solo cantando, conta Tunico.
ADMIRADOR
Animado por retornar a Vitória, Otto conta que a visita não poderia ser melhor do que em um show em homenagem a Martinho, por quem tem grande admiração desde os seis anos de idade, quando ganhou o disco Canta Canta, Minha Gente.
Esse é o disco não só da minha infância, mas da minha vida. É o disco que me fez. São mais de 40 anos que eu celebro Martinho da Vila que, para mim, é um dos maiores gênios da nossa música, um representante do Brasil, de uma cultura, de uma raça, um patrimônio da humanidade. É bom estar em Vitória, adoro a vibe, já fui umas três vezes. Tá na hora de ir mais. Vou fazer um Ottomatopeia aí. Mas por enquanto estarei com Tunico, promete.
Além da admiração por Martinho, o gosto pela cultura e mistura brasileira une ainda mais Tunico e Otto. Enquanto o pernambucano do Agreste foi criado com folclore, baião e Gonzaga, Tunico carrega o som dos terreiros de candomblé, do jongo e da folia de reis.
Eu canto e conto. Tem que levar conhecimento. Tudo que aprendi nesses 30 anos eu coloquei na carreira de cantor. Explico de onde o samba veio, de onde vêm as melodias... A música vêm da Europa, mas o batuque é brasileiro e africano. Aí a gente pega essa mistura toda dos nossos ancestrais e leva para a Praia do Canto. Cabe ao artista aproveitar essa miscigenação, essa cultura ancestral. Faz bem pro artista e para o público. O Otto é a própria cara da mistura, diz Tunico.
Concordando, Otto afirma que o Nordeste contribui muito para a arte. Ele também compartilha da ideia de cantar para informar, com a simplicidade do popular.
Eu gosto do simples na forma que a música chega nas pessoas. A qualidade popular é a simplicidade. Acho que o Brasil todo é um só. A gente vive as mesmas culturas. E o Nordeste tem muita cultura. Tem maracatu, Gonzaga, baião, caboclinho, o frevo... Então eu acho que é natural que eu tivesse essa combinação na minha música. Eu vou pro mundo e me misturo muito, por ser misturado. Eu não sou um cara de levantar bandeira, mas sou a própria bandeira, afirma.
Se há mais semelhanças entre os dois? Otto certeiro: Além de sermos Ferreira? (risos). Ele é da família. Eu sou Ferreira e ele também. As semelhanças são essas, somos percussionistas, misturamos culturas, a energia é a mesma e a alegria também. O samba nos uniu. Temos em comum várias coisas. Os Ferreira do samba e do maracatu (risos).
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