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Projeto movimenta a Rua da Lama e dá espaço a artistas capixabas

Projeto movimenta a Rua da Lama e dá espaço a artistas capixabas

Endereço mais boêmio de Vitória ganha programação gratuita para diversos dias da semana

Publicado em 24 de maio de 2018 às 20:57

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Projeto na Lama, na Rua da Lama, em Vitória. (Projeto na Lama/Divulgação)

Por que não valorizar toda a cultura que produzimos no Espírito Santo em um endereço que é dos mais boêmios de Vitória? Todos os dias uma programação diferente, com gêneros musicais e manifestações culturais distintas, além da Rua da Lama fechada para chamar ainda mais atenção de turistas e entusiastas da arte. Há algumas semanas o Projeto na Lama, como está sendo chamado, começou a sugerir justamente esse movimento por lá, aumentando a circulação aos sábados.

Organizador do projeto e dono de um bar da região, Diogo Cypriano destaca que a recepção do público foi a melhor possível logo na primeira edição, no dia 28 do mês passado. "Nós temos outros projetos parecidos que já funcionam bem aqui na rua, mas alguns gêneros acabavam ficando de fora", diz ele, que também coordena o Som de Fogueira - que já envolve vários ritmos.

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Sempre incentivo os artistas a apresentarem algo que seja deles, que seja totalmente autoral

Diogo Cypriano, organizador do Projeto na Lama
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Diogo frisa que, com esses novos projetos, um dos objetivos é atrair mais gente, de perfis diferentes, e fazer com que o movimento na Rua da Lama só aumente. "O Projeto na Lama, atualmente, funciona aos sábados, com cada sábado tendo uma atração diferente. No penúltimo sábado do mês, fazemos o Rap na Lama e no último, o Samba na Lama. A ideia é que cada sábado tenha um curador para convidar mais gente da cena cultural capixaba para participar", esclarece.

A primeira edição do Rap na Lama, por exemplo, lotou os dois lados da Rua da Lama, segundo Diogo. Para ele, o encontro acabou gerando muita repercussão entre quem gosta do gênero e é uma oportunidade para que os próprios moradores da Grande Vitória conheçam um pouco do que é feito aqui. "Como não cobramos ingresso para nada, sempre incentivo os artistas a apresentarem algo que seja deles, que seja totalmente autoral", justifica.

A primeira edição do Samba na Lama também foi sucesso, como conta o responsável pelo vocal e tamborins da banda 522, Flávio Borgneth. Para ele, a Rua da Lama está cada vez mais assumindo um potencial de ser um lugar de cultura. "E é muito interessante porque isso partiu de gente que tem bar ali, por exemplo”, completa.

Flávio diz se sentir até emocionado com a união dos músicos no local. “É um convite à renovação. Nosso objetivo é sempre trazer gente de fora para tocar com a gente e nós estamos muito felizes com a ideia. Estamos com a nossa banda tocando onde a gente começou o nosso trabalho”, reflete Flávio. 

Para os próximos sábados que a 522 tocar na Lama, a expectativa é de que o ritmo do carnaval já comece a dar as caras. "Nós já vamos apostar no nosso projeto pois, no carnaval do ano que vem, queremos montar um bloco", adianta, em entrevista ao Gazeta Online. Eles convidarão artistas que farão apresentações já com essa pegada e vão ensaiar com o público como seria a recepção para o bloquinho.

PREFEITURA NÃO DESCARTA FECHAR A RUA DA LAMA PARA CARROS

O organizador pondera que a Rua da Lama também sofreu reclamações por ficar fechada em alguns dias da semana e, por esse motivo, não pode mais ser interditada sempre. Diogo entende que há uma certa razão, já que a desculpa foi de que não tinha gente suficiente que justificasse a interdição da via. "Esses projetos servem, até, para que a gente possa pedir, novamente, a interdição da Rua da Lama no futuro. Falo isso para as pessoas defenderem a Rua da Lama", conclui.

Para ele, a rua é extremamente boêmia e cultural. "Qualquer evento na Rua da Lama que abranja a cultura é um evento que tem grandes chances de sucesso. E um retorno muito bom", avalia.

Flávio também reitera que não houve quaisquer reclamações no dia do show e vê que a rua já deveria ter sido fechada permanentemente. Isso porque, de acordo com Flávio, as vias adjacentes podem suprir a necessidade de passagem de veículos. "Essa é uma discussão que precisa ser feita. A cidade precisa ter esse espaço. Uma cidade é melhor com música na rua", defende.

Na visão do vocalista da 522, fechar a Rua da Lama dá até mais oportunidade para artistas locais começarem a se inserir na cena cultural do Espírito Santo. "Você não vai começar carreira tocando no Centro Cultural Sesc Glória. Você vai começar na rua. Isso é fato. Agora, de novo: precisamos ter esse espaço", conclui.

Primeira apresentação da banda 522, no projeto Samba na Lama, na Rua da Lama, em Vitória. (Dominique Lima/Divulgação)

Questionada, a Prefeitura de Vitória diz que teve um projeto de fechamento da rua para o verão. Terminada a estação do ano, a interdição do local foi suspensa e, agora, haverá uma reunião até o fim desta semana para analisar as propostas dos comerciantes e definir novas datas ou possibilidade de novo fechamento da Rua da Lama. 

PROJETOS NA RUA DA LAMA

SOM DE FOGUEIRA, acontece toda terça-feira

Surgiu em 2014, quando Diogo convidou amigos músicos para exporem suas composições autorais inéditas. A parceria foi ganhando mais destaque à medida que mais pessoas foram comprando a ideia. Hoje, nos shows, quem se apresenta ainda passeia entre o MPB, rock, samba, xote, e, claro, as autorais. 

BOTASOM, acontece toda quinta-feira

Apadrinhado pelo músico, compositor e vocalista da banda Planet Hemp, BNegão, os produtores culturais Diogo Cypriano, Daniel Morelo e Bruno Lima promovem sempre um show de uma mulher na Rua da Lama. A intenção é envolver mulheres que estão querendo se inserir na cena cultural do Estado. A ideia é fazer a convidada se sentir à vontade para expor músicas do seu gosto pessoal. 

SAMBA NA LAMA, acontece no penúltimo sábado de cada mês

Pretende manter viva a cena do samba raiz de forma democrática no Espírito Santo. Com curadoria da banda 522, o projeto também pretende aproximar os sambistas veteranos dos mais jovens, que estão no caminho para ganharem destaque na cena capixaba. 

RAP NA LAMA, acontece no último sábado de cada mês

É para servir como ponto de encontro dos amantes do gênero. Com curadoria de Matheus Hendrix, do grupo musical Kaya - nova geração do rap capixaba -, os eventos têm parceiros que ajudam a promover as apresentações na Rua da Lama. Na primeira edição, atraiu cerca de 1,5 mil pessoas. A banda residente, a Kaya, também é responsável com convidar mais duas atrações capixabas do rap para se apresentarem com trabalhos autorais e independentes. 

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Projeto na Lama, na Rua da Lama, em Vitória. (Projeto na Lama/Divulgação)

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