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Morre Dona Ivone Lara, a grande Dama do Samba

Morre Dona Ivone Lara, a grande Dama do Samba

Sambista tinha completado 97 anos na última sexta-feira, dia em que foi internada com insuficiência cardiorrespiratória

Publicado em 17 de abril de 2018 às 03:50

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Dona Ivone Lara. (Divulgação)

A sambista Dona Ivone Lara, de 97 anos, morreu na noite desta segunda-feira (16), no Rio de Janeiro, por conta de um quadro de insuficiência cardiorrespiratória. Ela estava internada desde a última sexta-feira (13), data de seu aniversário, no Centro de Tratamento e Terapia Intensiva (CTI) da Coordenação de Emergência Regional (CER), no Leblon, na Zona Sul do Rio de Janeiro.

Com um quadro de anemia grave, ela precisou de doações de sangue e seu estado de saúde era considerado crítico. 

Seu maior sucesso foi “Sonho meu”, que estourou nas paradas de sucesso com Maria Bethania e Gal Costa.

TRAJETÓRIA

Yvonne Lara da Costa, ou Dona Ivone Lara, nasceu em 13 de abril de 1921, em Botafogo, Zona Sul. Ela se formou em Enfermagem, com especialização em terapia ocupacional, e chegou a trabalhar em hospitais psiquátricos, com a Dra. Nise da Silveira. Se aposentou na profissão em 1977, quando passou a se dedicar exclusivamente à carreira artística.

Foi criada pelos tios, já que os pais morreram quando ela tinha três anos de idade (pai) e 12 (mãe). Foi com eles que teve seus primeiros contatos com o mundo da música.

Casou-se com Oscar Costa, presidente da escola de samba Prazer da Serrinha. Com ele, teve dois filhos, Alfredo e Odir. Foi na Prazer da Serrinha onde conheceu alguns compositores que viriam a ser seus parceiros musicais, como Mano Décio da Viola e Silas de Oliveira

Compôs o samba "Nasci Para Sofrer", que se tornou o hino da Império Serrano em 1947, escola na qual desfilou na ala das baianas. Mas a consagração veio em 1965, com "Os Cinco Bailes da História do Rio". Foi quando se tornou a primeira mulher a fazer parte da ala de compositores de escola de samba.

Em 2012,foi homenageada pela escola de coração, com o enredo "Dona Ivone Lara: O enredo do meu samba".

Apesar da idade avançada, Dona Ivone, venerada por sambistas de diferentes gerações e chamada de "Rainha do samba" e "Primeira-dama do samba", fez shows há até pouco tempo atrás. Em 2016, celebrou os 95 anos numa apresentação que contou com outros artistas e seu neto André Lara, uma companhia constante. Em 2010, fora homenageada pelo Prêmio da Música Brasileira.

Dona Ivone se deslocava de cadeira de rodas e era amparada por familiares. Em suas aparições públicas, estava sempre sorridente e alinhada. Onde chegava era ovacionada.

O maior parceiro foi Délcio Carvalho, com quem criou, entre muitos sambas, "Sonho meu", "Acreditar", "Minha verdade" e "Em cada canto uma esperança". Ele era 18 anos mais jovem e morreu em 2013.

A sambista foi gravada por Clara Nunes, Maria Bethânia, Caetano Veloso, Paulinho da Viola, Marisa Monte e outros nomes da MPB. Em rodas de samba cariocas, composições como "Tiê" e "Mas quem disse que eu te esqueço", esta com Hermínio Bello de Carvalho, sempre são lembradas.

Primeira mulher a ganhar uma disputa de samba-enredo numa escola de samba no Rio, em 1965 - "Os cinco bailes da história do Rio" (com Silas de Oliveira e Bacalhau) -, ela era filha de músicos e ligados ao carnaval. Era prima de Mestre Fuleiro, um dos fundadores do Império Serrano, sua escola.

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Ivone, formada enfermeira e auxiliar da pioneira psiquiatra Nise da Silveira, nasceu bem antes da agremiação - era de 1921; o Império, de 1947. Ela compôs sambas ainda para o Prazer de Serrinha, escola do qual o Império viria a ser uma dissidência. A Verde-e-branco do bairro de Madureira, na zona norte do Rio, lhe fez um desfile-tributo em 2012.

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