Publicado em 6 de fevereiro de 2018 às 23:17
Somos uma banda de música brasileira, mas o objetivo é que nosso som não se pareça com o de ninguém, e sim tenha a nossa cara. O recado é de Flávio Borgneth, responsável pelos vocais e pelo tamborim do grupo capixaba de samba 522. A proposta foi cumprida à risca no primeiro EP, o recém-lançado Amar É Bom.>
Com quatro faixas, três delas de autoria de integrantes do grupo, a mídia entrega ao ouvinte um som leve, original e com um instrumental muito bem executado.>
A primeira faixa, batizada Pescaria do 522, narra com bom humor uma história vivida pelo grupo com um amigo cachoeirense que havia convidado a galera para pescar. Os músicos faltaram ao compromisso porque precisavam tocar em um evento.>
Nosso processo de composição funciona assim mesmo, cada um traz uma coisa e o resto do grupo arranja. Nesse caso específico, adaptamos a história com o amigo de Cachoeiro e acabou nascendo uma música. Nosso trabalho surge dessas pequenas histórias que vivemos juntos, destaca Borgneth>
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Foi em Cachoeiro de Itapemirim que nasceu a maior parte dos integrantes do grupo, na ativa desde 2009. Inclusive, 522 vem justamente do primeiro prefixo telefônico da capital secreta do mundo.>
A faixa-título é considerada pelo vocalista da banda como um samba progressivo, graças à levada diferente de um samba usual. Além disso, os sambistas escolheram a música para dar nome ao EP com a intenção de passar uma mensagem mais positiva, por mais que a canção tenha uma pitada pessimista em relação ao amor romântico.>
Dizer que amar é bom é algo bem sugestivo nos dias de hoje, apesar da história trazida na música. Prefiro ficar com essa mensagem construtiva, que é muito mais interessante em todos os aspectos possíveis, principalmente na política e na cultura, ressalta o músico.>
Baile de Gala pode ser considerada uma marchinha rearranjada. Já Vou Partir, que fecha o EP, traz uma memória afetiva especial para Flávio e seu irmão Lucas (vocais e surdo), por ter sido composta pelo bisavô dos dois, o poeta maranhense Correa de Araújo. O choro inédito era uma música morta, conforme lembra Flávio, mas foi cuidadosamente declamada pela avó dos dois por telefone, e reeditada pelos músicos.>
É uma música muito bonita e tentamos fazer algo que vemos muito no choro, que consideramos quase um fado percussivo. A gravação parece um fado, mas na segunda parte já entra a percussão, explica.>
O lançamento, realizado na Rua da Lama durante o projeto Som de Fogueira, também teve um gostinho de reconhecimento do grupo, formado (além de Flávio e Lucas) por Niter Vantil (voz e pandeiro), Vinícius Gigante (flauta, gaita e guitarra), Mestre Baco (voz e cuíca), Leandro Gera (cavaquinho) e Kaka Rodrigues (violão). Os músicos foram os responsáveis pelo que chamam, sem egoísmo algum, de primeiro samba da zona sul de Vitória.>
Ficamos muito felizes por sermos inseridos nesse processo de revitalização da Rua da Lama. Ocupar a rua com cultura é mais importante do que só botar polícia por lá. O movimento de ocupação do espaço público é muito importante, até para questionar as sérias restrições impostas a quem faz música na Rua da Lama, desabafa Borgneth.>
Daqui para frente, o músico e seus companheiros de banda começam a trabalhar com a trilha sonora do curta-metragem Quis. Também há planos de gravar um videoclipe nos próximos meses. A aposta de Flávio é na faixa que dá nome ao EP.>
Além disso, os músicos esperam manter um ritmo de lançamento de produções inéditas. Uma coisa é entender como tocar as músicas para a gente mesmo, outra coisa é juntar uma galera para tocar e produzir. Isso demora um pouco e como temos demanda de eventos, rola uma falta de tempo. Mas agora, com esse estímulo do EP, pretendemos focar nas novidades, conclui.>
Amar é Bom. Banda 522. Independente, 4 faixas. Disponível nas principais plataformas de streaming.>
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