Repórter do Divirta-se / lcheluje@redegazeta.com.br
Publicado em 17 de março de 2021 às 14:23
- Atualizado há 4 anos
As artes visuais em um diálogo multicultural com o meio ambiente, no que tange, especialmente, à sua preservação. Com essa proposta, acontece nos dias 26 e 27 de março o 1º Festival de Cinema Velas do Piraquê-Açu. O evento, que será virtual, conta com sessões de cinema, palestras, shows, recital de poesia e desfile de veleiros. As transmissões dos 32 curtas-metragens selecionados acontecem pelo canal da Satírica Filmes, no YouTube, e são totalmente gratuitas.
De acordo com a diretora do festival, Luiza Lubiana, a mostra presencial aconteceria na região de Santa Cruz, em Aracruz, onde o Rio Piraquê-Açu tem a sua foz.
“O Rio Piraquê-Açu deságua em todos os rios. Um rio não é somente um curso d'água, mas tudo aquilo que pode fenecer se ele deixar de existir", responde a realizadora, adiantando que, para a sua primeira edição, com apenas um mês de inscrição, o festival recebeu 384 filmes para avaliação, de mais de 20 Estados.
"Quando a gente faz um festival, não fazemos somente exibição de filmes. Há um dialogo com toda a comunidade. Os índios guaranis vivem ali e são parte do majestoso rio, pois vivem, também, dele", explica a organizadora.
A expectativa para as próximas edições, assim que a pandemia da Covid-19 passar, é que as transmissões dos filmes aconteçam às margens do afluente.
"A ideia principal do nome, Velas do Piraquê-Açu, é esta. Vamos montar uma tela de exibição na vela de um dos barcos que ficam ancorados ali, onde o rio deságua no mar, e fazer as projeções ao ar livre, como uma sala aberta de cinema", planeja.
Os projetos exibidos foram divididos em mostras temáticas, que dialogam com a natureza e a essência do comportamento humano. A sessão "Piraquê-Açu" homenageia povos originários, realizadores indígenas e temas ambientais; "Pororoca" traz títulos que retratam temáticas como feminicídio, homofobia e injustiças sociais; "Guerrilha" se propõe a mostrar filmes alternativos, realizados sem auxílio de editais. Haverá, também, a sessão "Escola Vai ao Cinema", destinada aos alunos da Secretaria Municipal de Educação de Aracruz.
"Temos um dialogo com a comunidade escolar. A mostra 'A Escola Vai ao Cinema' serve de disciplina extra-curricular, onde os alunos fazem uma minidissertação sobre o filme que mais gostou. Isso gera reflexão sobre os conteúdos exibidos", pontua Lubiana.
Haverá, ainda, premiação para os títulos escolhidos nas categorias de Melhor Ficção, Melhor Animação, Melhor Filme Capixaba e Melhor Filme do Júri Popular.
Além disso, a mostra vai oferecer duas menções honrosas, que levam o Troféu Piraquê-Açu. Já o melhor filme de baixo orçamento, feito sem auxílio de editais, concorrerá a uma premiação especial, o troféu "Tupiniqueen".
Entre os curtas-metragens escolhidos, destaque para "Dia do Manguezal", desenvolvido pelos alunos da (Cmei) Jacyntha Ferreira Simões, de Vitória, dentro do Projeto Animação desenvolvido pelo Instituto Marlin Azul.
Os outros capixabas em competição são: "O Bestiário Invisível", de Tati Rabelo e Rod Linhares (foto); "As Três Graças", de Luana Laux; "Chamada a Cobrar", de Edson Ferreira; e "Cecropia com Cercospora", de Bruno Cabús. No Instagram, o festival divulgou recentemente os 32 títulos que integram a programação oficial.
"Vieram muitos filmes e a gente 'peneirou' bastante, precisando deixar bons títulos fora da seleção. A programação está boa e variada, mas tenho um carinho especial pelos filmes 'Neguinho', 'Bestiário Invisível', da Mirabólica, aqui de Vitória, e para o documentário 'Atordoado, Eu Permaneço Atento'", defende Luiza.
Além da exibição de curtas, o evento contará com três palestras e uma live, com participação do cacique Werá Djekupé, da aldeia Kaagwy Porã. O chefe falará, entre outros assuntos, do reflorestamento de uma área da aldeia Nova Esperança.
"O festival fez uma parceria com a AMIP (Associação dos Amigos do Piraquê-Açu) e estamos ajudando a aldeia a reflorestar 100 hectares. Em alguns anos, haverá uma floresta linda na região", comemora Lubiana.
1º Festival de Cinema Velas do Piraquê-Açú contará ainda com um sarau de Poesia, com participação de Lobo Pasolini, Luiza Lubiana, Eriton Berçaco, Alexandre Batalha e moradores de Santa Cruz. No sábado, dia 27, na parte da manhã, haverá um encontro de veleiros, com os condutores das embarcações saudando o Porto de Santa Cruz, homenageando o festival.
Também organizadora do Festival de Cinema de Santa Teresa (Fecsta), Luiza Lubiana afirma estar procurando recursos para alavancar a quarta edição do evento.
"Estamos aí, na labuta, tentando recursos. Fazer cinema é como atravessar um deserto sem tenda, sem cantil, sem odalisca e sem camelo. O que nos salva são as miragens e a possibilidade de transformar quimeras em realidades fílmicas. Sigamos", complementa, em tom de poesia.
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