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Covid-19: artistas buscam financiamento coletivo para continuar  atividades

Covid-19: artistas buscam financiamento coletivo para continuar  atividades

No ES, temos casos bem sucedidos de campanhas, como o Festival One Kiz On-Line, promovido em dezembro pelo dançarino e professor de Kizomba Cauê Galli. No Nordeste, as vaquinhas estão arrecadando dinheiro para comprar cestas básicas

Publicado em 28 de março de 2021 às 09:00- Atualizado há 3 anos

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Cauê Galli e Jaynne Costa optaram pelo financiamento coletivo para pagar os cachês dos artistas participantes do festival do evento One Kiz On-Line
Cauê Galli e Jaynne Costa optaram pelo financiamento coletivo para pagar os cachês dos artistas participantes do festival do evento One Kiz On-Line. (Davi Oliiver/ Instagram @davi_oliiver.fotografo)
Gustavo Cheluje
Repórter do Divirta-se / [email protected]

De acordo com dados divulgados pelo Governo Federal, por conta da pandemia do Novo Coronavírus, o setor cultural deixou de faturar quase R$ 91 bilhões no país até fevereiro de 2021, perdendo cerca de 400 mil empregos formais. Com a crise apertando e sem poder trabalhar há um ano, muitos membros da classe artística estão buscando saídas para continuar na ativa.

Entre as alternativas disponíveis, estão as campanhas de financiamento coletivo para bancar espetáculos, pagar cachês ou mesmo promover ações solidárias de arrecadação de fundos, no intuito de comprar cestas básicas para manter os profissionais mais afetados pela crise sanitária. 

Uma das pioneiras quando o assunto é crowdfunding no Brasil, a plataforma Vakinha tem registrado cerca de 100 mil campanhas por mês em diversas áreas. Em relação ao setor cultural, foram criados projetos para iniciativas como lives, couvert artístico e ações para profissionais que também atuam nos bastidores de eventos. O portal não tem dados específicos para a cultura, mas estima-se que, somente em doações para os mais variados segmentos, foram arrecadados cerca de R$ 3,2 milhões no ano passado.

No Espírito Santo, temos casos bem sucedidos de campanhas do gênero, como o Festival One Kiz On-Line, promovido em dezembro pelo dançarino e professor de Kizomba (uma sensual dança angolana que vem ganhando espaço no Brasil) Cauê Galli, em parceria com o produtor cultural paulista James Silva.

Morador de Vila Velha, Galli - que atua na área há cinco anos - fez uma vaquinha para arrecadar o cachê dos mais de 30 profissionais participantes da mostra, que promoveu aulas e apresentações de dança gratuitas em formato de lives. O evento conseguiu 33 apoiadores, arrecadando R$ 2.250,00.

Jaynne Costa e Cauê Galli: vakinha para promover festival de dança na internet
Jaynne Costa e Cauê Galli: vakinha para promover festival de dança na internet. (Jackson Garcia)

"Nossa última apresentação presencial aconteceu em março do ano passado. Por sorte, tenho outra profissão (atua no mercado de T.I), mas quem só trabalha com a dança está passando por muitas dificuldades", informou Cauê, dizendo que o Festival One Kiz On-Line foi criado para dar suporte aos artistas, praticamente sem atividades por conta da pandemia. 

"A vaquinha serviu para o público entrar com uma contribuição voluntária. Não temos previsão para a normalização das atividades. Trabalho com a minha esposa (a dançarina Jaynne Costa) e tínhamos planos de fazer uma turnê em Portugal no final do ano. Com as incertezas, devemos criar mais eventos voltados para o financiamento coletivo em breve", adianta, sem citar novas datas.  

Ainda no ES, o site Vakinha promoveu, entre outras campanhas, o financiamento coletivo de uma live - por meio de cachês voluntários - do cantor Clauduarte Sá, realizada em dezembro, e está desenvolvendo uma ação promovida pelos músicos de Guarapari, a #euapoioomusicodeguarapari, que visa arrecadar dinheiro para que os artistas consigam se sustentar durante a crise sanitária, que ainda não tem prazo para acabar. Até o momento, já foram arrecadados R$ 615,00. Qualquer ajuda é bem-vinda.

REALIDADE

Levar cultura, entretenimento e educação à população de todas as classes sociais sempre foi a missão dos artistas. Com a impossibilidade de exercer suas atividades há cerca de um ano, a categoria, sem conseguir gerar renda, viu no financiamento coletivo uma forma de subsistência.  

Como exemplo, temos o Conselho Estadual de Política Cultural de Pernambuco (CEPC/PE), que buscou na vaquinha on-line uma forma de apoiar os artistas. Com o objetivo de arrecadar o total de R$ 40 mil, o dinheiro da campanha será revertido para a compra de cestas básicas que serão distribuídas para os artistas e trabalhadores da cultura que foram afetados drasticamente pela pandemia.

Também pernambucano, o grupo Destramelar foi outro que criou um financiamento coletivo para adquirir cestas básicas. O objetivo inicial era arrecadar R$ 10 mil, revertidos na compra de cestas básicas distribuídas entre artistas de diversos segmentos, como teatro, dança, música e circo. O projeto "De mãos Dadas com a Cultura" deu tão certo que já está entrando em sua terceira fase. Ao todo, 87 cestas já foram doadas. 

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Mas nem só de pão vive a arte. A Atacen (Associação dos Trabalhadores em Artes Cênicas de Niterói/RJ), por exemplo, lançou a Campanha "Juntos pelo trabalhador cultural de Niterói". Por meio de uma vaquinha on-line, a associação busca arrecadar R$ 19 mil, que irão para artistas, técnicos e profissionais da cadeia econômica da cultura, que foram os primeiros a parar as atividades devido à pandemia. A vaquinha já conta com 40 apoiadores e busca mais ajuda.

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