Publicado em 28 de setembro de 2018 às 22:57
Em sua primeira exposição individual, o artista capixaba Rafael Segatto explora questões que sempre permearam seu pensamento através da fotografia. A contagem de tempo no mundo ocidental e os caminhos percorridos são alguns desses pontos que norteiam a mostra que será aberta no dia 1º de outubro e permanece em cartaz até 1º de dezembro na Galeria Homero Massena, em Vitória.
Natural de Vitória, Segatto tem a fotografia como principal linguagem. A mostra tem como ponto de partida a primeira experiência de Rafael como artista fora de Vitória. Depois de partir para a residência artística na Associação Fotoativa, em Belém, Pará, o artista capixaba começou a desenvolver algo que até então não sabia o que era. Entre outubro de 2017 a janeiro de 2018, Segatto ocupou o casarão da Associação, um espaço tradicional de fotografia por onde já passaram nomes renomados como Alexandre Sequeira e Luiz Braga.
Estar nesse lugar convivendo com essas pessoas e outras coisas me fizeram começar a entender o que era a minha pesquisa. Aí me deparei com a questão da pesca, que faz parte da minha memória afetiva, já que na infância pescava com meu pai na Bahia. A princípio não foi intencional, mas a pesca é muito forte e aí busquei lugares de pesca artesanal, conta.
São duas séries: O tríptico (três imagens) A Queda do Céu, que traz referências da ruptura com o tempo cronológico, e o políptico (cinco imagens) Abridor de Caminhos e a Suspensão do Tempo, que mergulha nas questões do tempo e a possibilidade de interpretações.
As regiões de Ilha de Maiandeua (Algodoal e Fortalezinha), Ilha do Marajó (Joanes, Monsarás e Soure), Ilha de Cotijuba e Ilha de Mosqueiro fizeram parte do roteiro de Segatto. Fiquei um pouco à deriva procurando comunidades de pescadores. Aí passei a pescar, até para garantir meu próprio alimento e fazer uma inserção. E então o trabalho começou a acontecer, relata Segatto.
Compreender o tempo do seu próprio corpo, muito além do tempo cronológico, era uma percepção que Segatto já possuía e ficou ainda mais notória durante o processo de produção. Caminhos Possíveis deve ganhar uma sequência em outra região do país, às margens de outro grande rio, e explorando ainda mais a relação com o tempo.
O relógio e o calendário foram criados pelo ser humano. Lá (no Pará) eu senti que essa contagem acontece em uma outra ordem e pude sentir isso no meu próprio corpo. A natureza tem uma brutalidade impactante lá. O rio é mais rio, a floresta é mais floresta, o calor mais calor, é tudo mais intenso. As sensações e o dinamismo das cidades e comunidades pesqueiras são fortemente influenciados pelo tempo que não é necessariamente do relógio, é o tempo da lua que influencia na água, o Sol... o tempo da natureza, reflete o artista.
Caminhos Possíveis
De Rafael Segatto
Abertura: 1º de outubro às 19h30.
Visitação: até o dia 1º de dezembro. De segunda a sexta de 9 às 18 horas. Aos sábados das 13 às 17 horas.
Onde: Galeria Homero Massena. R. Pedro Palácios, 99, Cidade Alta, Vitória.
Informações: (21) 98424-0406
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