Carimbó, frevo, baião, coco, congo, maracatu e cacuriá são apenas alguns dos gêneros musicais e expressões artísticas genuinamente brasileiras que permeiam a vida da capixaba Luli Ramalho. A cantora acaba de relançar seu EP, Tradição Brasileira, e se prepara para montar o espetáculo de mesmo nome, em que reúne e apresenta 15 faixas diversas de ritmos brasileiros.
Nascida no Espírito Santo, Luli cresceu em um ambiente musical, já que o pai, pernambucano arretado, era sanfoneiro. Por anos, a cantora chegou a formar um grupo de chorinho e forró com o patriarca e os irmãos, mas de maneira bem informal.
Depois que meu pai morreu, em 2009, pedi demissão do trabalho e passei a me dedicar a estudar e pesquisar elementos da cultura popular brasileira. Cheguei a trabalhar com Ariano Suassuna, no Recife, e depois passei uma temporada na França, onde senti muita falta da nossa tropicalidade e da música brasileira, conta.
Ao voltar para o Brasil, não teve dúvidas: concluiu que a maior riqueza do país, além do sol, era mesmo a diversidade musical e cultural. Quis, então, se dedicar exclusivamente à música, e montou o espetáculo Frevo e Ciranda, em homenagem a Capiba, ilustre compositor pernambucano de frevo.
Durante o espetáculo, dava uma aula sobre ritmos brasileiros, especialmente o frevo. Numa dessas, conheci o maestro Antonio Nóbrega e o maestro Spok, de quem fiquei muito amiga. Eu já conhecida o trabalho de ambos, por ter sido uma das coisas que meu pai me apresentou ainda em vida, relata Luli, ainda filha de mãe paraibana.
Depois disso, a capixaba quis ir ainda mais longe. Foi quando começou a reunir as referências e a planejar Tradição Brasileira, em que interpreta canções de ícones como Pinduca e Alceu Valença, por exemplo. Entre a gravação do EP e o início de sua divulgação, Luli precisou de um tempo, por conta de um problema de saúde da mãe.
Retorno
A volta definitiva com o projeto se deu no último carnaval, quando a cantora foi a Recife a convite do maestro Spok e da cantora Nena Queiroga (considerada a rainha do carnaval de Pernambuco), para cumprir agenda durante a folia de Momo. Era um sonho para mim. Conheci Nena durante uma festa, onde ela me viu cantando e me fez o convite. Topei e fui, fiz dois shows por dia e ainda fui convidada para outros trabalhos. Foi uma experiência ímpar, diz Luli, que começou a carreira durante um Festival de Forró, em Itaúnas, ainda em 2001.
Agora a artista se prepara para a captação de patrocínio para finalizar os ajustes da turnê, prevista para começar até o mês de junho. O EP será distribuído gratuitamente. Além de Vitória, a artista espera passar por São Paulo, Rio, Belém, São Luís, Florianópolis e Recife. A agenda e outras informações são publicadas nas redes sociais de Luli.
Na próxima semana, ainda será gravado o videoclipe de Sinhá Pureza, no Projeto Tamar, em Vitória. A mídia terá a participação de diversos outros artistas locais e deve ser lançada antes do início da programação dos shows.
A cantora, que se inspira em nomes que vão de Jackson do Pandeiro a Alceu Valença, passando por Oswaldinho do Acordeon e Chico César, também promete participação nos grandiosos eventos de São João, no Nordeste, no meio do ano. Quero muito cumprir essa agenda, porque recebi convites para rodar o interior de Pernambuco, confidencia.
Tradição Brasileira. Luli Ramalho. Independente, 3 faixas. Disponível no YouTube e, em breve, no Spotify. Distribuição gratuita nos shows da cantora.
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