Repórter do Divirta-se / [email protected]
Publicado em 12 de agosto de 2021 às 02:00
Atire o primeiro brinquedinho erótico quem nunca desejou, nem que seja em seus sonhos mais secretos e proibidos, a "grama do vizinho"? Não vale mentir e nem dar uma de santinho, hein?>
Pois saibia que, pelos menos nos cinemas, essa fantasia está totalmente liberada. Swing, trocas de casais e outros fetiches sexuais permeiam a comédia brasileira "Dois + Dois", de Marcelo Saback, que estreia nesta quinta-feira (12) no Estado, prestando uma homenagem as saudosas chanchadas do cinema nacional dos anos 1960 e 1970, em que, nem que seja de maneira inocente, falar de sexo era um pecado permitido. >
"Mais do que falar de sexo, proponho uma comédia popular, que usa as variantes sexuais para questionar temas muito mais profundos, como amor, fidelidade e casamento", aponta Saback - roteirista do sucesso "De Pernas pro Ar" -, em coletiva virtual para divulgar o projeto.>
"Dois + Dois" tenta (nem sempre com sucesso) fazer uma radiografia da relação de dois casais de classe média, ao desvendar o universo dos praticantes de swing. Na história, Diogo (Marcelo Serrado) e Emília (Carol Castro) estão juntos há 16 anos, têm uma filha adolescente e, apesar da estabilidade, vivem entediados com a rotina. O sexo anda mais frio que uma temporada de férias no inverno da Antártida. >
>
O casamento de Diogo e Emília é virado de cabeça pra baixo quando eles descobrem que os melhores amigos, Ricardo (Marcelo Laham, o ator mais à vontade em cena) e Bettina (Roberta Rodrigues), têm um relacionamento aberto. >
Mais do que isso, os dois são adeptos da prática de troca de casais, vivem superseguros com isso e tentam convencê-los de que é possível ser muito feliz levando esse estilo de vida. >
Decidida, Emília propõe ao marido que eles entrem nesse excitante mundo, inclusive frequentando casas de sexo livre. Careta, Diogo topa, pois sempre desejou Bettina secretamente. Entre uma festinha apimentada aqui e outra "cama quente" acolá, neuras e inseguranças afetivas começam a aparecer. Ciúme, decididamente, não pode fazer parte da cartilha dos swingers. >
"Não é só sexo que está em jogo. Há outros pontos profundos, como o desgaste de uma relação o medo de perder o amor do parceiro. Há também a competição entre homens e mulheres e a busca por apimentar uma relação que não vai bem", reflete Saback, apontando que tentou modificar o roteiro, que é baseado em um filme argentino de mesmo nome, lançado em 2012.>
"O longa original era mais picante, tinha mais nudez e cenas de sexo. Quis dar uma 'abrasileirada' na história, apostando mais no protagonismo feminino. Agora, uma mulher, no caso a personagem de Carol Castro, dita o ritmo da busca pela realização sexual. Fiz um filme mais bem humorado e ácido que o projeto dos hermanos", acredita o realizador. >
Afirmando que nunca teve coragem de praticar swing ("sempre fui careta, achava estranho minhas amigas beijarem vários homens em uma festa, por exemplo"), Carol Castro detalha que o projeto coloca as mulheres como protagonistas do seu próprio prazer. >
"Minha geração está se reeducando, tentando quebrar esse tabu social de que à mulher cabe o papel de dar prazer. Mesmo assim, é um personagem que me fez viver momentos de reflexão. Confesso que não tenho inteligência emocional para praticar swing. Sempre levei muito a sério essa questão de fidelidade. Tenho medo de sentir ciúme em ver meu parceiro com outra", confessa.>
Marcelo Laham, por sua vez, afirma que a questão da prática do swing sempre será tabu no Brasil. "Temos uma questão religiosa muito forte em nossa sociedade. Temas como esse nunca serão tratados com naturalidade. O povo brasileiro tem uma caretice escondida por atrás do Carnaval, uma hipocrisia. Mesmo assim, conheço pessoas que são felizes com essa prática. Troca de casais é mais comum do que a gente imagina. Confesso que sempre tive curiosidade".>
Marcelo Serrado diz que foi um dos que mais se divertiu em cena, especialmente na hora de gravar as passagens mais picantes (que são poucas e muito comportadas, o que causa estranheza para um filme que fala, ou que pelo menos tenta, de sexo livre). Ao contrário do longa argentino, o projeto brazuca - gravado no final de 2019, em São Paulo - se afasta de um bem-vindo erotismo para apostar no humor quase pastelão. >
"A gente usou tapa-sexo nas filmagens. Algumas vezes apertava e machucava e outras quase caia (risos). Mas foi tudo gravado com muito respeito às atrizes", relembra o ator. "Tinha pouca gente da equipe no set, mas a gente não conseguia conter as risadas. O tapa-sexo do Serrado foi um capítulo à parte”, complementa Carol, sempre esbanjando bom humor. >
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta