Pedestres e ciclistas: quando vamos proteger os mais vulneráveis no trânsito?

Enquanto prevalecer a lei do mais forte (sendo que os mais frágeis deveriam ser protegidos), muitas vidas continuarão sendo perdidas de forma tão banal

Publicado em 16/02/2024 às 01h00
Atropelamento
Carro envolvido no atropelamento que resultou na morte de homem na Reta da Penha. Crédito: Cristian Miranda

Diante das estatísticas de mortes por atropelamento no Espírito Santo,  2023 trouxe uma boa notícia: no ano passado houve uma redução de 22,5% dessas ocorrências na comparação com o ano anterior. Foram 110 vítimas em 2023; já em 2022, foram 142 mortes.

Já no caso das mortes de ciclistas, houve aumento de 4% em 2023, com 52 registros. Em 2022, foram 50 vítimas. Os dados são do Observatório da Segurança Pública do Espírito Santo.

Ciclistas e pedestres são, nessa ordem, os grupos mais vulneráveis no trânsito, sendo que em algum momento todas as pessoas vão se encontrar na posição de quem transita a pé pelas calçadas. Os motoristas deveriam sempre se colocar nesse lugar quando estão diante de um volante, afinal inevitavelmente eles terão de atravessar uma rua ou avenida, cedo ou tarde. Mas na selvageria do trânsito o que impera é o "cada um por si" e o "todos contra todos".

E os acidentes envolvendo esses dois elos mais frágeis costumam ser os mais desproporcionais e, não vale poupar palavras, covardes. No duelo entre o corpo e as máquinas motorizadas, é óbvio quem está em desvantagem.

Já na manhã desta quinta-feira (15), um morador de rua morreu em um atropelamento na Reta da Penha, em Vitória. Segundo o carona, o semáforo estava verde para o veículo. E o teste do bafômetro do motorista deu negativo. 

O que mais assusta são os casos nos quais os atropelamentos ocorrem na faixa de pedestres, como o caso recente flagrado pelas câmeras de videomonitoramento em Linhares. Uma demonstração da desatenção de motoristas, que pelo que determina o próprio Código de Trânsito, precisam zelar pelos pedestres. 

No caso de um casal de namorados em Vila Velha, que estava na faixa de pedestres quando o sinal estava vermelho, o descaso do motorista foi ainda maior, pois o motorista não prestou socorro e fugiu.

O entendimento do papel de cada um no trânsito e a colocação desse entendimento em prática ainda são uma utopia, diante da recorrência de  atropelamentos e de acidentes envolvendo ciclistas. Ruas e avenidas já estão repletas de câmeras, mas nem mesmo essa vigilância constante consegue inibir a imprudência e a falta de zelo pela vida de terceiros no trânsito.

Educação no trânsito é sempre importante,  mas o remédio é um só: fiscalização. À luz do dia, a quantidade de motoristas que avançam o semáforo, por exemplo, é assustadora. Mas se não há fiscalização, com a devida aplicação das punições previstas em lei, de nada adianta.

Enquanto prevalecer a lei do mais forte (sendo que os mais frágeis deveriam ser protegidos), muitas vidas continuarão sendo perdidas de forma tão banal.

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