Morte de inocentes na guerra do tráfico é tática covarde de bandidos

Não dá para naturalizar a morte de uma menina enquanto ela brincava na rua.  A crueldade dos bandidos que atuam nas gangues do tráfico está tomando proporções assustadoras demais no Estado

Publicado em 29/04/2022 às 02h00
Morte
Kemilly Vitória Caldeira Santos, de 9 anos, morreu após ser baleada em Vila Velha. Crédito: Reprodução

Uma criança é morta com um tiro na cabeça enquanto brincava na rua. Não dá para naturalizar uma cena dessas, a crueldade dos bandidos que atuam nas gangues do tráfico está tomando proporções assustadoras demais no Estado. E a sociedade organizada cobra uma reação.

Os ataques a esmo como o que matou a pequena Kemilly Vitória Caldeira Santos, de 9 anos, e o adolescente Brendesson dos Reis Silva, de 17 anos, no bairro Ilha da Conceição, em Vila Velha, tornaram-se frequentes e precisam ter destaque no radar das autoridades de segurança pública. Há um incremento da crueldade dessas ações que deve ser encarado com cuidado,  mas sem que se perca o pulso firme.

Nesses ataques, criminosos invadem bairros dominados por gangues rivais e atiram ao acaso.  Qualquer pessoa, inclusive as crianças, podem se tornar um alvo.  Uma situação fora de controle que tira a paz de quem vive nessas regiões conflagradas e impõe o terrorismo. A guerra de gangues não mata apenas os criminosos, há cada vez mais inocentes nas estatísticas. 

O ataque em Ilha da Conceição aconteceu na noite de quarta-feira (27). No dia seguinte, quinta-feira (28), um casal foi baleado no meio da rua no bairro Divino Espírito Santo, também em Vila Velha, em ação com as mesmas características. A recorrência dessa abordagem neste ano tem chamado a atenção, sobretudo no município.

Em fevereiro, uma advogada foi morta no Ibes em situação parecida. Em retaliação, em março, bandidos promoveram um ataque em Santa Mônica que matou um jovem de 19 anos. Na época, o delegado Tarik Halabi Souki afirmou que eles resolveram matar quem estivesse passando pela rua.

Ao que parece, o mero fato de uma pessoa morar no bairro "inimigo" a torna um alvo em potencial. Os cidadãos que acordam cedo para trabalhar ou procurar emprego, as crianças que saem para a escola ou brincam na rua, as pessoas com suas vidas e seus sonhos.  É uma guerra que atinge inocentes deliberadamente, uma narrativa criminosa que coloca uns contra os outros e  só faz crescer a violência. Uma situação que não se resolve somente com mais policiamento, mas nesse momento de crise de segurança isso se torna fundamental. 

Vila Velha é neste início de ano o epicentro da violência na Grande Vitória, posição que nos últimos anos tem sido itinerante entre os municípios. Há um conflito da bandidagem que precisa ser compreendido e perseguido pelas redes de inteligência, para que a polícia consiga se antecipar a esses ataques e salvar vidas. Os bandidos passaram a adotar uma tática de franco-atiradores, uma estratégia covarde, que transforma a rotina dos bairros e inviabiliza qualquer tentativa de se viver com dignidade. Esses conflitos punem inocentes simplesmente por morarem em território inimigo, em uma guerra que nem é deles.

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