Máfia dos diplomas no ES: crime contra a lei e contra a educação

Ministério Público do Estado cumpriu mais mandados na terça-feira (26) contra envolvidos no esquema. O que começa com um certificado falso termina com professores sem qualificação nas salas de aulas, lesando a formação de milhares de pessoas

Publicado em 27/11/2019 às 04h01
Crianças na sala de aula levantando o dedo para responder a pergunta da professora. Crédito: shutterstock
Crianças na sala de aula levantando o dedo para responder a pergunta da professora. Crédito: shutterstock

Se fosse para apontar critérios que tornariam uma fraude mais condenável, aquela em que os criminosos, para angariar vantagem pessoal, prejudicam direitos básicos como saúde e educação estaria no topo da lista. É o que acontece com um esquema de diplomas falsos descoberto no Espírito Santo, alvo de mais uma operação do Ministério Público do Estado (MPES) na terça-feira (26). O que começa com a emissão de um documento forjado termina, na ponta do processo, com a entrada de professores sem qualificação nas salas de aulas, lesando a formação de milhares de crianças e adolescentes.

Os primeiros sinais de irregularidades surgiram em Rio Bananal, há dois anos, a partir de uma suspeita da administração. Desde então, uma investigação diligente do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco-Norte) desembola o novelo de certificados de graduação, pós-graduação e cursos de extensão obtidos de forma fraudulenta, com o objetivo de participar de processos seletivos ou avançar na carreira.

A ação de ontem, Pontas Soltas, é um desdobramento da operação inicial, Mestre Oculto, que revelou a máfia que enganou pelo menos trinta e uma prefeituras do Espírito Santo em seus processos seletivos, segundo levantamento feito pelo MPES no ano passado.

O objetivo da operação, como o nome sugere, era prender remanescentes desse novelo fraudulento, revelados mediante acordos de colaboração premiada com os primeiros detidos. Prova de que o Gaeco-Norte, ao lado de órgãos como a Promotoria de Justiça de Rio Bananal, tem usado todos os recursos legais possíveis para desbaratar um esquema tentacular.

Os crimes sistemáticos de estelionato, falsidade ideológica e contra o consumidor envolvem empresas, diretores de faculdades, facilitadores e parte dos falsos alunos. Os criminosos aproveitam-se da boa-fé de alguns, mas muitos professores são coniventes em nome de melhores colocações em concursos públicos. Em alguns casos, as pessoas não haviam participado de nem uma aula sequer. Em outros, havia aulões genéricos para dar um ar de legitimidade.

Além das prisões dos envolvidos, a diligência do MPES já rendeu frutos levou a uma limpeza no quadro docente das prefeituras. Entre fevereiro e julho do ano passado, a Serra demitiu 300 professores que usaram diplomas falsos em processos seletivos do município, por exemplo. Ao lado do pleno desenvolvimento da pessoa e do preparo para o exercício da cidadania, um dos objetivos da Educação, segundo o artigo 205 da Constituição Federal, é a qualificação para o trabalho. Impossível alcançá-lo sem trabalhadores qualificados.

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