Avenida Vitória deve ser exemplo do "novo normal" nas obras públicas

Obras foram entregues um mês antes do prazo e precisam inspirar futuros projetos, principalmente os de mobilidade, que interferem no trânsito e na vida das pessoas que vivem e trabalham nos seus arredores

Publicado em 10/09/2020 às 06h00
Avenida Vitória
Obras finalizadas na Avenida Vitória. Crédito: Vitor Jubini

No final do século XIX, quando se previu a necessidade de uma estrada que promovesse a expansão de Vitória para a região da Praia do Suá e da Praia do Canto, então praticamente inabitada, dentro do projeto do engenheiro fluminense Saturnino de Brito que ficou conhecido como Novo Arrabalde, já se vislumbrava a importância daquela rota para o desenvolvimento da Capital. Nessa nova projeção urbana da cidade, percebe-se o sentido de aquela nova via ter recebido o seu nome, por ser a própria essência do que viria a se tornar: a conexão da Vitória do passado com a Vitória do futuro.

Com sua inegável importância, a Avenida Vitória do presente acaba de ser repaginada, com a obra entregue no dia do aniversário da cidade. O mais inusitado, em se tratando de obras públicas, foi a constatação de que tudo transcorreu sem os imprevistos tão comuns. 

Iniciada em 22 de outubro de 2019, a previsão de conclusão era de um ano. Os R$ 20 milhões anunciados para as obras no ano passado, obtidos através de empréstimo com a Caixa Econômica Federal pelo Financiamento à Infraestrutura e ao Saneamento (Finisa), coincidem com o valor divulgado na conclusão. A inauguração, mais de um mês antes, mostra que o poder público tem, sim,  a capacidade de cumprir prazos e contratos, contrariando o histórico nacional que torna a Avenida Vitória uma exceção à regra.

A Prefeitura de Vitória informou que 2,6 km da avenida foram recapeados, da região da Curva do Saldanha, no Forte São João, até o início da Avenida César Hilal, em Bento Ferreira.   Foi construída uma ciclovia no canteiro central, arborizada, com plantio e replantio de 450 árvores.  A faixa de ônibus foi reconstruída em concreto, e as duas de veículos receberam nova pavimentação asfáltica. A Avenida Vitória também recebeu uma nova rede de drenagem. 

Não entra no rol das grandes obras de infraestrutura, mas sabe-se que, no Brasil, qualquer operação tapa-buraco pode se transformar em um despropositado inconveniente urbano, com atividades lentas demais ou até paralisadas que se tornam, inclusive, parte da paisagem. Não é necessariamente o tamanho do projeto que determina a sua entrega dentro dos prazos, mas a organização da sua gestão, com planos executivos bem-elaborados, que impeçam a necessidade de aditivos de contrato a cada imprevisto.

Não é o caso de comparar a complexidade das obras, mas a Leitão da Silva é o exemplo mais recente, na própria cidade, de uma obra que se arrastou, com promessas de entrega se sucedendo desde 2014. O primeiro compromisso teve data próxima: 2015.  Houve revisão do projeto original para ampliar as galerias e assim  evitar os históricos alagamentos, com a reestruturação no sistema de saneamento. Mas, independentemente de se tratar de um projeto mais intrincado, a marca da ineficiência está sempre atrelada em algum nível à falta de planejamento. No fim, saem muito mais caras do que o previsto.

Obras como a da Rodovia Leste-Oeste, que demorou dez anos para ser terminada, ou até mesmo a do Aeroporto de Vitória, com seus entraves contratuais e burocráticos, mostram que uma obra demorada é tão comum que não mais surpreende.  Surpresa, lamentavelmente, é obra inaugurada no prazo.

A inauguração da Avenida Vitória torna-se um novo parâmetro para as obras públicas, principalmente as de mobilidade, que interferem no trânsito e na vida das pessoas que vivem e trabalham nos seus arredores. É esse "novo normal" que se anseia para o futuro próximo.

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