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Troca de emprego para ganhar menos e ser feliz

Troca de emprego para ganhar menos e ser feliz

Cargos altos não impediram profissionais de buscar novos rumos

Publicado em 24 de dezembro de 2018 às 01:37

Vida nova. A enfermeira Mikaela Fraga, 36, deixou dois empregos em que tinha funções altas para um que lhe desse mais tempo com a filha Manuela, 5 Crédito: Vitor Jubini

Dinheiro traz ou não felicidade? As opiniões sobre a questão são divergentes. Mas para alguns profissionais, ter um bom salário não é suficiente para mantê-los em funções estressantes, pouco desafiadoras ou que não se encaixem no seu estilo ou sonho de vida. Esse é o caso da enfermeira Mikaela Cruz Fraga, 36 anos, que deixou um cargo alto em uma cooperativa da área médica por um menor em outra empresa, mas ganhou qualidade de vida, tempo com a família e felicidade.

Ela passou por dois empregos em que tinha funções de gerência ou coordenação. No primeiro, havia um horário fixo, mas a função era para fazer atendimentos home care, o que a exigia, às vezes, viajar pelo Estado e ficar noites fora de casa. Com a pequena filha Manuela em casa, Mikaela ponderou e decidiu sair, mas logo achou outro emprego. Ela, no entanto, viu a rotina ficar ainda mais complicada quando, na nova empresa, não tinha horário fixo nem finais de semana, já que vivia de plantão. Foi aí que ela viu que um bom salário não era o suficiente para ser feliz.

“Um já me fazia dormir fora, longe da minha filha pequena. No outro, eu não tinha vida. Eu passava pouco tempo com a minha filha, via ela rápida de manhã e chegada à noite e ela já estava dormindo. Aí, vi que eu estava terceirizando a educação dela. Minha filha estava crescendo e eu não via isso. Ela começou até a ficar doente. Isso foi me apertando e chegou uma hora que eu vi que não dava mais”, conta.

Mikaela, que desde maio trabalha como enfermeira assistencial numa clínica de média e alta complexidade, já nota a diferença na qualidade de vida e na relação com a filha. Apesar dos salários anteriores serem maiores, ela não se arrepende. “Pensei que não queria um salário alto, mas sim qualidade de vida. A gente trabalha para viver, não pode ser viver para trabalhar. Hoje, me sinto bem mais feliz. Tive que fazer uma readequação financeira, mas consigo viver perfeitamente, sem me privar de nada”.

Para a psicóloga especialista em pessoas e carreira Gisélia Freitas, a mudança feito por Mikaela é um movimento que tem ficado cada vez mais comum. “As pessoas têm amadurecido também na relação com o dinheiro, não atrelando o sucesso a apenas uma boa remuneração. As empresas que pagam muito mas adoecem os funcionários estão comprando pessoas para trabalharem para elas, mas acabam perdendo”, afirma.

Vocação

A questão financeira não foi problema para Anderson de Oliveira Santos, 42 anos. Ele era gerente comercial de uma empresa de Tecnologia e decidiu largar a função para seguir o coração e se tornar pastor de igreja. Hoje, ele ganha cerca de um terço da remuneração que tinha antes, em função de comissões que recebia, mas se sente realizado.

“É um chamado. Lidar com as pessoas é algo que me dá prazer. Por isso, foi uma decisão tranquila, que foi amadurecida com o tempo e teve apoio da família. Hoje, nos adaptamos a essa nova realidade”, comenta.

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