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Produtor de cacau do ES quer fabricar o melhor chocolate do país

Produtor de cacau do ES quer fabricar o melhor chocolate do país

Empresários rurais vão usar amêndoa especial para fazer um produto de alto valor agregado

Publicado em 15 de abril de 2019 às 11:35

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Empresários rurais vão usar amêndoa especial para fazer chocolate. (Pixabay)

Reconhecido por ter o melhor cacau, o Espírito Santo quer ir além e conquistar um novo título: de produtor do melhor chocolate do país.

Nos planos de quem cultiva o fruto e vende amêndoa de qualidade para a indústria alimentícia está o projeto de produzir um chocolate especial ainda nas propriedades. Alguns, inclusive, vão apostar na linha orgânica, usando como base a amêndoa retirada de uma lavoura livre de agentes, como o agrotóxico.

Entrar nesse novo mercado tem a intenção de agregar valor à cadeia produtiva e deixá-la menos refém das oscilações da commodity ao vender, principalmente para o mercado externo, o produto final.

Em 2018, o Estado colheu 10.265 toneladas de amêndoas de cacau, segundo Levantamento Sistemático da Produção Agrícola, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Apesar da grande produção, apenas 5% dela foi processada aqui. Os outros 95% das sementes foram enviados para outros Estados, como Bahia e São Paulo, para serem transformados em pasta de chocolate. A ideia dos produtores capixabas é inverter essa equação nos próximos anos.

O mercado

O Estado é o terceiro maior produtor de cacau do Brasil, além disso tem o certificado de melhor fruta do país. O cacau capixaba também figura entre os mais saborosos do mundo.

O município de Linhares, no Norte do Espírito Santo, produz 65% de todo cacau colhido no Espírito Santo. O principal modelo de cultivo do local é o chamado cabruca. A fruta é plantada em área onde há mata nativa.

Em 2012, o Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi) reconheceu a Indicação Geográfica (IG) do cacau produzido no município. A chancela confere ao produto o certificado de origem, o que agrega valor à produção. Além de Linhares, apenas São Tomé-Açú (PA) e o Sul da Bahia têm IG de origem.

O chocolate e a pasta de cacau produzidos nos locais com IG têm maior valor de mercado. “A demanda por esse item vem aumentando anualmente”, comenta o empresário rural que atua no segmento de cacau Emir Filho.

De acordo ele, a tendência é que o mercado de chocolates passe pela mesma transformação que o setor cafeeiro experimentou nos últimos anos. Como o chocolate identificado terá espaço no mercado, muitos agricultores podem passar a ter interesse em formar uma agroindústria com intenção de vender o produto final.

Segundo Emir Filho, o Estado tem cerca de 10 propriedades que produzem o chocolate diferenciado. “A maioria produz 50 quilos por mês, mas com potencial de crescimento”, conta.

Tradição

A forte produção de cacau no Norte do Estado é uma tradição centenária. Muitas famílias plantaram o fruto, no começo do Século XX, para sobreviver.

O clima quente e a proximidade do Rio Doce – área considerada fértil por ter uma composição de terra rica – conferiram ao cacau produzido pelo empresário Paulo Gonçalves características únicas e uma oportunidade de negócio.

“Sou da quarta geração de produtores de cacau de Linhares. Tenho duas propriedade que produz 12 toneladas de cacau por mês. Desde 2001 começamos a melhorar a qualidade do cacau que produzimos. Quando foi em 2014 montamos uma fábrica para produzir chocolate de origem [com IG]”, lembra Paulo, fundador da Espírito Cacau.

A produção começou com mil quilos de chocolate por mês e hoje já está em 10 toneladas mensais. “Começamos como um nicho de mercado, que com o passar do tempo vem sendo cada vez mais procurado.”

O produtor José Manoel Monteiro de Castro, de Iconha, começou a trabalhar com chocolate em 2014, mas desde a década de 1980 é do ramo de cacauicultura. “Em 2012 fui ao Salão de Chocolate da França e lá surgiu o interesse por parar de vender a commodity e passar a comercializar o produto final”, conta o criador da Chocolates Espírito Santo.

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Depois de dois anos de muitas pesquisas chegou à receita ideal, desenvolvida numa agroindústria orgânica. Inicialmente, ele e a esposa produziam 32 quilos por mês, atualmente fabricam cerca de 400 quilos mensais e querem ampliar para mil quilos no final do ano.

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