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Operação Lídima: base na Serra era usada para batizar combustíveis

Operação Lídima: base na Serra era usada para batizar combustíveis

Local servia como ponto para adulteração de combustíveis

Publicado em 4 de dezembro de 2018 às 12:07

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Francisco Calenzani foi levado por policiais que atuaram na operação de segunda-feira (03). (FERNANDO ESTEVÃO/TV GAZETA)

Na Serra, em um bairro não citado pelas autoridades, pessoas envolvidas no esquema de fraudes nos combustíveis usavam um espaço como base para receber os caminhões-tanque. Dali saía parte da mercadoria adulterada que era destinada aos consumidores da Grande Vitória, segundo o promotor de Justiça Bruno Simões Noya, chefe do Grupo de Atual Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco).

Os outros pontos do Estado onde ocorriam as modificações, no entanto, não foram revelados.

O que os responsáveis pelas investigações contam é que as manipulações dos combustíveis ocorriam muitas vezes dentro do caminhão com a injeção de água, por exemplo, ao etanol anidro (álcool puro), que tinha a finalidade de ser misturado à gasolina.

Em algumas ocasiões, as manipulações ocorriam no trajeto, após sair da distribuidora ou da usina de álcool.

Base na Serra era usada para batizar combustíveis. (Divulgação)

Entre os 14 presos está Francisco Calenzani, dono da Altântica Distribuidora. Apesar de confirmar a detenção dele, a polícia não esclarece se a empresa, localizada também na Serra, era um dos pontos usados para as supostas práticas ilícitas.

De acordo com o delegado Raphael Ramos, coordenador do Núcleo de Repressão às Organizações Criminosas e à Corrupção (Nuroc), ainda não é possível dizer quais corporações estão no centro dos esquemas.

Outra combinação encontrada nas apurações foi do uso irregular do nafta, um derivado do petróleo muito presente na gasolina. Cerca de 4 milhões de metros cúbicos foram importados pelo Porto de Vitória. As investigações já conseguiram encontrar que 660 mil metros cúbicos foram usados no Estado e em São Paulo para adulterar a gasolina.

Apesar de aparentemente não haver qualquer irregularidade, esse produto tem diversas formas, mas ainda não se sabe em qual formato chegou ao país, se em formato leve ou pesado. Nem está clara a qualidade.

De acordo com o delegado da Alfândega do Porto de Vitória, Fabrício Betto, as mercadorias chegavam ao Estado com destino à indústria química, de tintas e verniz, não sendo nacionalizadas para serem utilizadas misturadas aos combustíveis.

Com isso, não eram aplicados na venda os impostos e taxas cobrados na gasolina, como a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide-combustíveis).

O superintendente-adjunto da Agência Nacional de Petróleo, Marcelo Silva, explica que foi possível descobrir os desvio do nafta por causa de um elemento rastreador que é aplicado ao solvente que é importado para o país.

Durante as fiscalizações da ANP foram encontradas gasolinas com traços dessas naftas importadas. O local onde a nafta era adicionada aos combustíveis revendidos no Estado não foi esclarecido.

“Se eu importar a nafta e disser que vai para a gasolina, vou pagar 30% em tributos. Ao dizer que vai para produção de tinta, não vou pagar nada. Um produto que é vendido para o posto a R$ 3,80 o litro tem quase R$ 1 de imposto. As empresas que estavam no esquema colocavam essa quantia no bolso por cada litro”, acrescenta Silva.

OUTRO LADO

Presos preventivamente, sem data para serem soltos, Adriano Scopel e Francisco Calezani não falaram com a imprensa sobre as supostas irregularidades as quais teriam participado.

Abordado pela equipe da TV Gazeta durante sua detenção, ontem (segunda), no prédio onde mora em Vitória, o empresário Calezani não quis comentar a prisão.

Já o advogado de Adriano Scopel, por telefone, disse que como o processo é muito grande, o escritório ainda estava lendo e analisando as informações para saber quais são as ações que constam no documento. Os representantes jurídicos disseram que só devem se manifestar sobre o caso hoje.

Ainda na noite de segunda-feira(03), a reportagem também tentou contato por telefone com a Contabilidade Aro, localizada em Americana, e citada na Operação, mas ninguém atendeu. O dono da firma, Cristiano Aro, é um dos presos.

Segundo o delegado e chefe do Nuroc, Raphael Ramos, por causa das prisões preventivas o inquérito terá que ser concluído mais rapidamente.

Ele não deu o prazo para a conclusão das investigações, mas disse que elas estão bem adiantadas.

As prisões temporárias concedidas pela Justiça têm prazo de validade de cinco dias, podendo ser prorrogadas. Entre os presos, de acordo com as autoridades, existem pessoas interessadas em colaborar com as investigações, o que pode acelerar o andamento do caso.

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Até ontem à tarde, a maioria dos presos já havia sido enviada para o complexo prisional de Viana. Apenas Scopel aguardava para ser ouvido pelos investigadores na sede do Nuroc. Com a colaboração de Siumara Gonçalves)

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