Publicado em 12 de maio de 2025 às 16:26
SÃO PAULO - Os Estados Unidos e a China chegaram a um acordo para reduzir temporariamente as tarifas recíprocas, enquanto as duas maiores economias do mundo buscam encerrar uma guerra comercial que tem alimentado temores de recessão e deixado os mercados financeiros em alerta.>
Como parte de um acordo firmado em Genebra durante o fim de semana, os Estados Unidos reduzirão de 145% para 30% as tarifas adicionais sobre produtos chineses (10% de taxa básica, mais 20% relacionados ao tráfico da droga fentanil). A China, por sua vez, diminuirá as taxas sobre importações americanas para 10% (são 125% hoje). O país asiático também disse que irá suspender ou cancelar medidas não tarifárias tomadas contra os EUA.>
Após o acordo ser divulgado, o presidente americano, Donald Trump, disse que as relações entre os países foram retomadas e sinalizou que falará com seu homólogo chinês, Xi Jinping, nesta semana.>
Ele disse que as tarifas sobre importações da China não voltarão a 145% após a pausa de 90 dias. Entretanto, sinalizou que as tarifas dos EUA sobre produtos chineses podem aumentar, caso os países não atinjam um acordo definitivo.>
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"Ontem conseguimos um recomeço completo com a China após negociações produtivas em Genebra", disse. "A relação é muito, muito boa. Falarei com o presidente Xi, talvez no final da semana", acrescentou.>
"Ambos os países representaram muito bem seus interesses nacionais", disse o secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, nesta segunda-feira (12). "Ambos temos interesse em um comércio equilibrado, os Estados Unidos continuarão avançando nessa direção".>
"Esta medida atende às expectativas de produtores e consumidores, alinhando-se com os interesses de ambas as nações e o interesse global comum", disse o ministério do Comércio da China.>
Bessent também disse que o acordo firmado nesta segunda (12) é apenas o começo de uma negociação entre as potências, e que, nas próximas semanas, os países voltarão a se encontrar para firmar um acordo comercial mais amplo. Ele não especificou uma data para tal.>
Em entrevista à CNBC, o secretário do Tesouro americano também disse que o país tem como objetivo proteger os setores de aço e semicondutores nos acordos.>
As ações globais estenderam seus ganhos após o anúncio, com os futuros do S&P 500 subindo 2,8%, e o dólar americano subindo 1,2% contra uma cesta de moedas pares. O euro, por exemplo, caiu 1% em relação à moeda americana, para US$ 1,11. O ouro, um ativo de refúgio, registra queda de 3,3%.>
Bessent falou ao lado do representante de Comércio dos EUA, Jamieson Greer, após as conversas do fim de semana na Suíça, nas quais ambos os lados celebraram o progresso na redução das diferenças.>
"O consenso de ambas as delegações neste fim de semana é que nenhum lado quer um desacoplamento [das economias]", disse Bessent. "E o que ocorreu com essas tarifas muito altas foi o equivalente a um embargo, e nenhum lado quer isso. Nós queremos comércio.">
As reuniões em Genebra foram as primeiras interações presenciais entre altos funcionários econômicos dos EUA e da China desde que Donald Trump retornou ao poder e lançou uma ofensiva tarifária global, impondo taxas particularmente pesadas à China.>
Desde que assumiu o cargo, em janeiro, Trump havia aumentado as tarifas pagas pelos importadores americanos para produtos da China para 145%, além daquelas que ele impôs a muitos produtos chineses durante seu primeiro mandato e das taxas aplicadas pela administração Biden.>
A China revidou impondo restrições à exportação de alguns elementos de terras raras, vitais para fabricantes americanos de armas e produtos eletrônicos de consumo, e aumentando as tarifas sobre produtos americanos para 125%.>
A disputa tarifária paralisou quase US$ 600 bilhões em comércio bilateral, interrompendo cadeias de suprimentos, despertando temores de estagflação e provocando algumas demissões.>
"Isso é melhor do que eu esperava. Pensei que as tarifas seriam reduzidas para algo em torno de 50%", disse Zhiwei Zhang, economista-chefe da Pinpoint Asset Management em Hong Kong.>
"Obviamente, esta é uma notícia muito positiva para as economias de ambos os países e para a economia global, e faz com que os investidores fiquem muito menos preocupados com os danos às cadeias de suprimentos globais no curto prazo", acrescentou Zhang.>
Após as conversas de domingo (11), autoridades americanas anunciaram um acordo para reduzir o déficit comercial dos EUA, enquanto autoridades chinesas disseram que os dois haviam chegado a um consenso importante e concordado em lançar outro novo fórum de diálogo econômico.>
Trump fez uma leitura positiva das conversas antes que elas fossem concluídas, dizendo que os dois lados haviam negociado "uma redefinição total... de maneira amigável, mas construtiva.">
O presidente dos EUA impôs as tarifas em parte após declarar uma emergência nacional devido ao fentanil que entra nos Estados Unidos, e Greer disse que as conversas sobre a redução do opioide mortal foram "muito construtivas".>
O vice-primeiro-ministro chinês He Lifeng foi menos categórico em suas declarações, mas ainda assim saudou o "progresso substancial" após as conversas realizadas na vila privada e cercada do embaixador suíço nas Nações Unidas, com vista para o lago Genebra.>
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