Publicado em 8 de janeiro de 2018 às 11:06
A era das grandes navegações passou, mas as pessoas continuam em busca das especiarias para dar sabores e aromas extraordinários às comidas. Hoje, basta ir a uma feira ou mercado perto de casa para encontrar temperos que já são produzidos aqui mesmo em solo capixaba.
O cultivo de especiarias aumentou quase 190% de 2015 para 2016. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), foram quase 6,8 mil hectares de áreas colhidas, com uma produção de 12,8 toneladas em 2016.
Na lista, tem pimenta-do-reino, pimenta-rosa, açafrão da terra ou cúrcuma e gengibre, entre muitos outros tipos. O município de Santa Maria do Jetibá, na Região das Montanhas, que já é conhecido pela produção de morangos e olericultura, tem ganhado destaque também na produção de temperos. A agricultora Selene Hammer Tesch é um exemplo. Há 26 anos, ela decidiu investir nesse tipo de cultivo.
A propriedade da produtora têm 15 hectares, sendo que sete são destinados às especiarias produzidas de forma orgânica. A cada ano, eu implemento e crio novos sabores. Mas o item mais pedido continua sendo o açafrão da terra, conta.
A raiz que Selene se refere dá uma cor amarelada às receitas, além de deixar um cheiro e sabor especial na comida. O açafrão in natura pode ser encontrado com preços médios que variam entre R$ 15 e R$ 25 o quilo nos mercados a céu aberto.
Também cultivo outros 34 tipos diferentes de temperos durante o ano. Com certeza vale a pena investir, porque todo mundo gosta de sabores, e cozinhar o alimento sem nenhum tempero não tem graça, comenta.
Para garantir que quem mora na cidade possa saborear seus produtos, ela conta com uma ajudinha: um grupo de 80 agricultores, de 60 propriedades. Eles fazem parte da Associação Amparo Familiar de Produção Orgânica do município, da qual ela é presidente. Com a ajuda uns dos outros, eles dinamizam a comercialização do que produzem vendendo em diferentes feiras do Estado. Assim, o que a Selene produz pode ser encontrado em diferentes locais.
Exportação
Falando em raiz, vamos a outra, o gengibre. Se no passado, os navios saíam em busca das especiarias pelo mundo, hoje somos exportadores desses produtos para vários países. Os produtores Alexandre Belz e Tatiana Kuster Belz começaram a investir no plantio do gengibre em Santa Leopoldina há três anos. Hoje, eles têm uma área de quase 8 mil metros quadrados destinada à raiz.
Segundo Alexandre, o gengibre é uma cultura boa para se mexer. Mas, para começar, precisou de um investimento inicial alto, com aquisição de maquinário para a colheita. O que produzo aqui vendo principalmente para lojas especializadas no Rio de janeiro e Bahia, além de exportar para Argentina e Portugal.
Em média, o agricultor produz entre 5 mil e 6 mil caixas por ano, sendo que para o mercado interno elas têm 16 kg, já para exportação, entre 13 quilos e 14 quilos. Segundo Alexandre, o preço de venda este ano variou entre R$ 50 e R$ 70 a caixa. Achei um mercado e tive interesse de mexer com o produto. A gente tenta plantar algo que tenha mercado certo para a venda, diz.
Segundo o técnico do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) Iosmar Mansk, o mercado do gengibre ainda é maior internacionalmente.
Para ter uma boa produção, é preciso planejar a área, preparar terra, mudas, esterco, adubo e irrigação. Depois de oito ou nove meses o produto está no ponto da colher. Mas não pode faltar água durante o crescimento da raiz. O local de plantação tem que ser exclusivo para o cultivo do gengibre e fazer rotatividade do cultivo. Só pode voltar a usar aquela área para a raiz depois de pelo menos 5 anos do primeiro plantio, aconselha.
Gengibre, açafrão e pimenta-do-reino são alguns dos temperos que já são produzidos em solo capixaba
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