> >
Dólar tem maior queda em sete meses com BC sinalizando alta de juros

Dólar tem maior queda em sete meses com BC sinalizando alta de juros

No fechamento desta terça (26) o dólar à vista encerrou o dia em baixa de 3,30%, a R$ 5,3269 - foi a maior queda porcentual diária desde 2 de junho de 2020 (-3,34%).

Publicado em 26 de janeiro de 2021 às 18:52- Atualizado há 3 anos

Ícone - Tempo de Leitura min de leitura
dólar
A perda de força da moeda americana no exterior ajudou, mas o peso determinante hoje veio do mercado doméstico. . ( jcomp/ freepik)

O dólar teve nesta terça-feira (26) a maior queda ante o real em mais de sete meses, recuando mais de 3%. A perda de força da moeda americana no exterior ajudou, mas o peso determinante hoje veio do mercado doméstico. O governo com discurso alinhado voltando a sinalizar responsabilidade fiscal e a ata da reunião do Banco Central apontando para a chance de os juros subirem mais cedo do que o previsto pelos economistas ajudaram a retirar pressão do câmbio.

Operadores relataram ainda entrada de fluxo externo hoje. Com isso, investidores desmontaram posições contra o real que vinham sendo construídas nos últimos dias, marcado por piora do risco fiscal. Assim, a moeda americana devolveu parte da valorização recente, que havia superado 6% apenas em 2021.

No fechamento, o dólar à vista encerrou o dia em baixa de 3,30%, a R$ 5,3269 - foi a maior queda porcentual diária desde 2 de junho de 2020 (-3,34%). No mercado futuro, o dólar para fevereiro caiu 2,07%, a R$ 5,3570.

O dólar operou todo o dia em queda e, na mínima, ao final da tarde, caiu a R$ 5,31. A divulgação da ata da última reunião do Banco Central, vista como mais "hawkish" pelos participantes do mercado, ou seja, mais propensa a elevar juros, levou bancos como Itaú Unibanco, JPMorgan, Credit Suisse, Bank of America e Barclays a anteciparem as previsões de alta de juros no Brasil. Alguns, como o Itaú e o Credit, vendo chance de o movimento ocorrer já em março.

Para o gerente da tesouraria do Travelex Bank, Marcos Archina Weigt, o fato de o Brasil ter cortado juros em ritmo mais forte que outros emergentes foi um fator essencial para o real ter tido pior desempenho que seus pares nos últimos meses. O México, que está no seleto grupo de países classificados como grau de investimento, tem taxa básica de 4,25%, enquanto o Brasil, quem tem classificação três níveis abaixo, está em 2%.

"Outros emergentes também reduziram muito os juros em 2020, mas pararam antes do Brasil", disse Weigt, citando outros mercados, como Índia, com juro básico de 4%, e África do Sul, com 3,5%. Assim, o Brasil passou a não receber mais capital de curto prazo que buscava retorno alto. Se a alta de juros ajuda a retirar pressão do câmbio, a situação fiscal segue como um limitador para a valorização do real, disse o executivo do Travelex. É preciso respeitar o fiscal, disse ele.

Nesse sentido, o presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Economia, Paulo Guedes, falaram pela manhã em evento do Credit Suisse do compromisso fiscal do governo e do empenho em avançar com as reformas, inclusive as privatizações. Guedes disse que o auxílio emergencial pode voltar, mas dentro do teto e travando todo o resto do Orçamento.

"Temos que ver mais austeridade fiscal no Brasil este ano ou mercado vai continuar pressionado a dívida e a moeda brasileira", avalia a estrategista global do JPMorgan Asset Management, Gabriela Santos. No ano passado, ela observa que houve grande tolerância com gastos fiscais mais altos, porque a economia mundial atravessava uma crise econômica de proporções históricas. "Em 2021, tem menos tolerância por gastos fiscais adicionais", afirmou a estrategista do JP, em live do jornal Valor Econômico.

Este vídeo pode te interessar

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais