Publicado em 4 de janeiro de 2018 às 12:33
Símbolo da gastronomia capixaba, a moqueca é a pedida certa para turistas e também para quem é daqui do Estado. E nesta época de verão, a procura aumenta consideravelmente. Mas, dependendo do peixe ou crustáceo escolhido para compor o prato, uma porção para duas pessoas, acompanhada com arroz branco e pirão, pode ultrapassar os R$ 300.
A reportagem de A GAZETA consultou 15 restaurantes e quiosques que servem moquecas em Guarapari, Serra, Vitória e Vila Velha. A panela de barro com a receita mais salgada foi encontrada em Guarapari. Ela leva badejo e camarão-rosa como ingredientes principais e, para poder saboreá-la, é preciso desembolsar R$ 312.
Já a versão mais barata fica na Capital, na Ilha das Caieiras. A moqueca de dourado ou cação com camarão pequeno pode ser comprada por R$ 59,90, segundo Eliana Corrêa, 59 anos, proprietária do restaurante que serve o prato mais em conta.
Os balneários estão cheios e, ao fazermos essa promoção aqui, a tendência é melhorar o comércio. Os turistas e moradores do Estado também procuram preços mais em conta, diz a dona de restaurante.
A diferença de preço entre a moqueca de cação da Eliana e a mesma receita com o maior valor encontrado (R$ 109,90), localizada em Itapoã, Vila Velha, é de 83,5%. Já entre a dela e a de dourado com maior valor (R$ 120), encontrada na Praia do Suá, em Vitória, é de mais de 100%.
Em um desses balneários, encontramos o casal de mineiros Guilherme Serretti, 32 anos, e Kedma Monteiro, 30 anos. Depois de ir à praia, aconselhados pela amiga capixaba que mora em Vila Velha, decidiram ir direto para um quiosque pedir uma moqueca capixaba.
O analista de sistemas e a fisioterapeuta escolheram um receita que leva camarão e vem acompanhada com arroz branco. Eles pagaram R$ 62. Mas também experimentaram a de cação, que custava R$ 72. Achamos o preço acessível e a moqueca uma delícia. O preço vale a pena. Está aprovada, avaliou Guilherme.
VARIAÇÕES NOS PREÇOS DO PRATO
VARIAÇÃO
Segundo o professor de Economia Paulo Cezar Ribeiro da Silva, são três os fatores que têm influenciado nessa alta diferença entre os preços. O primeiro é o próprio tipo de peixe, porque alguns são mais nobres e outros mais comuns; a maior demanda turística do verão, que naturalmente faz os preços subirem e, ainda, uma escassez de pescado, com alguns peixes vindo de fora.
Para fugir dos preços exorbitantes, o professor aconselha pesquisar antes de sair de casa. Neste verão, temos visto preços maiores que em anos anteriores, porque com a alta procura eles jogam os valores lá no alto, comentou. (Com informações de Geraldo Campos Jr)
GASTO COM RECEITA FEITA EM CASA É DE R$ 35
Comer fora, na maioria das vezes, sai mais caro do que preparar o prato em casa. A receita de moqueca capixaba, que na panela de barro leva peixe, tomate, coentro, colorau ou urucum, alho e cebola, pode custar bem menos que nos restaurantes. Pelos ingredientes, o preparo de um prato pode custar a partir de R$ 30 quando feito em casa.
Segundo a receita oficial, para uma porção que serve de três a quarto pessoas, é necessário um quilo de peixe, que pode ser badejo, papaterra, robalo, dentão, namorado ou xerne.
O diretor executivo da fundação Jônice Tristão, Cacau Monjardim, dono da célebre frase moqueca é capixaba, o resto é peixada, também lembra que é melhor usar peixe fresco, mas nada de baiacu. A moqueca se transformou no grande prato da cultura capixaba. Ela ultrapassou as fronteiras do Estado. É uma tradição e símbolo do Estado. Poder fazer em casa é maravilhoso, comentou.
Para saber o preço dos peixes, a reportagem ouviu duas peixarias em Vitória e uma em Vila Velha. O dourado limpo na hora em uma peixaria de Itapoã, em Vila Velha, custa R$ 18,90. Já na Praia do Suá, em Vitória, ele sai a R$ 19,90.
O cação mais barato na Praia do Suá custa R$ 27,90 e, o mais caro, sai a R$ 29,90 o quilo. Já o badejo, que é o mais caro dos três peixes, mas o mais usado na moqueca, custa R$ 38,90 o quilo, em Vitória, e R$ 39,90 o quilo, em Vila Velha.
Além de um bom peixe, é preciso tomate, que custa, em média, R$ 3,34 o quilo, e cebola branca (R$ 2,27, em média, o quilo). Os valores são da pesquisa da cesta básica da classe média da Grande Vitória de novembro, realizada pela Doctum.
Para encorpar o sabor da receita, ainda é necessário um maço de coentro, que custa entre R$ 1 e R$ 2, nas feiras da Grande Vitória, alho, limão e azeite. Mas nada de água na panela, como lembra a tradição.
Supondo que gastamos R$ 18,90 em um quilo de dourado e R$ 15 para comprar os outros ingredientes, a moqueca ficaria por R$ 34,90. Mas, se optássemos por usar o badejo no lugar do dourado, o valor chegaria a R$ 53,90. Ainda assim bem mais em conta que nos restaurantes.
FAÇA EM CASA
Ingredientes
Peixe fresco: 1 kg pode ser badejo, papaterra, robalo, dentão, namorado ou xerne.
Coentro: dois maços.
Cebola branca: 1 pequena.
Tomates: 2 ou 3.
Temperos: 1 limão, azeite, urucum e pimenta (a gosto).
Preparo
Limpe bem o peixe, corte-o em postas e deixe-o numa vasilha com sal e limão. Conserve-o assim por 1h.
Numa panela de barro, coloque parte dos temperos e os tomates picados, faça caminhas com os pedaços de peixe por cima e, depois, uma nova camada de temperos e tomate. Não adicione água nem sal.
Cozinhe em fogo brando e, quando ferver, coloque gostas de limão. Tampe e deixe por 10 minutos.
Sirva acompanhada de pirão e arroz branco.
Fonte: Cacau Monjardim
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