Publicado em 26 de agosto de 2018 às 23:22
A produção de uva ganhou espaço no Espírito Santo. Seja fora de época ou em locais com solo e clima, comumente, inapropriados, as plantações cresceram e viraram aposta de produtores de Norte a Sul do Estado, tanto no verão quanto no inverno.
O produtor rural Tobias Bremenkamp Rossetto, 40 anos, foi um dos que decidiu inovar. Dono de terras em Linhares, na Região Norte do Estado, estreou a plantação de uva em meados do ano passado. Hoje, já colhe os frutos.
Aqui no Estado, a gente está acostumado com a produção de uva no Sul, que é terra fria, baixas temperaturas. Isso é explicado porque os europeus foram colonizar essas áreas primeiro. Mas o Vale do São Francisco produz uva e lá é quente, assim como acontece no Egito. Pelo mundo afora, isso existia, falou.
O produtor explicou que viu na localização uma oportunidade de se aproximar do mercado consumidor da região. Mesmo assim, ainda enfrenta desafios.
Por um lado, tem a vantagem da logística, porque está mais próximo do consumidor, o deslocamento é menor. Por outro, a gente sente que a região ainda padece da estrutura dos locais que já têm a cultura da fruta, mão de obra capacitada, conhecimentos técnicos sobre esse tipo de produção e tudo o mais que a região Serrana, por exemplo, possui, destacou.
Adaptação
O engenheiro agrônomo e professor da Universidade de São Paulo (USP), João Alexio Scarpare Filho, explicou que a uva é uma fruta de clima temperado, mas tem alto poder de adaptação. Por isso, pode se dar bem em climas variados.
Nós temos, por exemplo, o plantio desde o Rio Grande do Sul até o Nordeste do país, no Recife, que é um clima semiárido. Ela se adaptou. Isso é possível com técnicas de poda variadas e com a utilização de reguladores de crescimento da planta. Quando não tem o frio, você dá o recurso para ela se desenvolver.
Inverno
A colheita da safra de uva acontece, normalmente, no verão, durante o período de chuvas. Na contramão da regra, o produtor Armindo Marquadt, de Santa Maria de Jetibá, conta que conseguiu bons frutos entre os meses de julho e agosto.
É uma proposta diferenciada do normal, porque todo mundo faz no verão. Por isso, a gente consegue vender mais caro, tem mais vantagem para a gente, destacou.
Segundo o professor da USP, cada tipo de uva tem uma época melhor para ser colhida.
Se você colhe a uva numa época de calor e muita umidade, a concentração de açúcares nela é baixa, porque absorve bastante água. Para a uva in natura, não tem problema, mas, para a uva de vinho, tem, falou.
Para Marquadt, a experiência de colher no inverno foi melhor do que o esperado. Conseguimos colher 3 mil quilos, de 300 pés plantados. Foi ótimo, porque vimos que a uva não fica aguada como fica no verão, já que chove muito menos nessa época. É um benefício.
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