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Centrão discute reforma desidratada que não reeleja Bolsonaro

Centrão discute reforma desidratada que não reeleja Bolsonaro

Paulinho está no Vale do Anhangabaú, na região central de São Paulo, acompanhando o ato do 1o de Maio desta quarta-feira. Segundo ele, é preciso desidratar a economia com a reforma para algo em torno de R$ 500 bilhões

Publicado em 1 de maio de 2019 às 16:26

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Entrevista coletiva do Deputado Paulinho da Força. (Valter Campanato/Agência Brasil)

Os partidos do chamado "centrão" discutem a aprovação de uma reforma da Previdência que não garanta a reeleição do presidente Jair Bolsonaro, afirmou Paulinho da Força, deputado federal pelo Solidariedade e ligado à Força Sindical.

"[Uma economia de] R$ 800 bilhões, como ele [Bolsonaro] falou, garante de cara [a reeleição do presidente]. Nos últimos três anos de mandato ele teria R$ 240 bilhões para gastar, ou seja, garantiu a reeleição", afirmou. 

Paulinho está no Vale do Anhangabaú, na região central de São Paulo, acompanhando o ato do 1o de Maio desta quarta-feira.

Segundo ele, é preciso desidratar a economia com a reforma para algo em torno de R$ 500 bilhões. 

"Com esse discurso, tenho certeza que a gente traz todo mundo do centrão, porque ninguém quer a reeleição do Bolsonaro", disse Paulinho.

Para ele, não há força suficiente para derrotar a reforma. "Se não temos força para parar, a rua nos dá força de negociação para fazer uma reforma justa, que garanta direitos e combata privilégios."

O deputado disse também que trabalha para ganhar tempo na tramitação da PEC (Proposta de Emenda Constitucional) da Previdência. "Quanto mais tempo a gente ganhar, mais gente fica contra", afirmou.

Pela primeira vez na história, as principais centrais do país celebram a data em ato unificado. As entidades organizam uma greve programada para 14 de junho.

A UGT, segunda maior central, porém, não apoia a paralisação. "Sou contra a greve geral, sou a favor do diálogo, por isso fui falar com o Bolsonaro. Acho que greve é um instrumento constitucional, mas só deve ser utilizada quando o diálogo for exaurido", disse Ricardo Patah, presidente da central.

O encontro, realizado na última segunda-feira, foi noticiado pela coluna Painel S.A.. O sindicalista foi pedir equilíbrio ao presidente no que ele chama de um movimento para extinguir os sindicatos por parte do governo.

A hostilidade do governo aos direitos trabalhistas favoreceu a união de todas as centrais sindicais, segundo Vagner Freitas, da CUT. 

Ele veio vestido de branco e com uma camiseta com foto do ex-presidente Lula e os dizeres "Lula Livre" na estampa. 

"A pauta é única, contra a reforma previdenciária", diz. 

O presidente da CUT criticou a posição de Bolsonaro sobre a crise política na Venezuela.

"Vim de branco porque o Brasil é um país de paz. O governo não deve estimular a violência contra o povo venezuelano. A Venezuela é um problema da Venezuela e tem que ser resolvido democraticamente pelos próprios venezuelanos", disse a jornalistas.

Para o secretário-geral da Força, João Carlos Gonçalves, o Juruna, é preciso reformar a Previdência, mas ele critica a proposta Paulo Guedes. 

"O que nos interessa é que essa revisão não prejudique os mais pobres. Esse projeto [do governo] não respeita o valor do salário mínimo e não mexe em privilégios de servidores e militares. Vamos ver se ele vai ser macho com desembargadores e não só falar grosso com quem é mais pobre." 

As centrais se uniram também por questões financeiras. O fim do imposto sindical, determinado pela reforma trabalhista de Michel Temer, em 2017, e uma Medida Provisória deste ano alterando o pagamento da contribuição sindical comprometeram o caixa das entidades.

 "A luta dos trabalhadores sempre foi feita sem dinheiro. Sindicatos não são entidades financeiramente poderosas. Mas agora a CUT perdeu 85% do que arrecadava. Tem que se organizar. Temos conseguido que a organização política supere as dificuldades financeiras", afirma Freitas.

Paulinho disse que trabalha para deixar caducar a MP 873 de Bolsonaro, que proibiu o desconto em folha da contribuição sindical. Uma medida provisória tem 120 dias para virar lei, se não perde a validade. Segundo o deputado, restam 58 dias para que isso aconteça e ainda não foi instalada comissão especial para analisar o texto.

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Sobre um suposto mal-estar com a presença de artistas como a cantora Ludmilla, que recentemente curtiu uma postagem de Bolsonaro nas redes sociais, Juruna diz que "é uma bobagem. O artista que vem é porque canta bem, não vamos perseguir as pessoas porque votaram nesse ou naquele candidato. Não pedimos carteirinha para ver o que as pessoas pensam."

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