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Banco Central mantém taxa de juros em 13,75% ao ano e não sinaliza corte

Banco Central mantém taxa de juros em 13,75% ao ano e não sinaliza corte

Decisão veio em linha com a projeção do mercado financeiro e voltou a ignorar pressão do governo Lula e de empresários pela queda da Selic

Publicado em 21 de junho de 2023 às 19:23

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BRASÍLIA - O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central voltou a ignorar a pressão do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e de empresários pela redução dos juros e manteve nesta quarta-feira (21) a taxa básica (Selic) em 13,75% ao ano.

O colegiado do BC suavizou levemente o tom de seu comunicado e descartou a mensagem que falava sobre a possibilidade de voltar a elevar a Selic se o processo de desinflação não transcorresse como esperado. No encontro anterior, já havia acrescentando que se tratava de um cenário menos provável.

Fachada da sede do Banco Central
Fachada da sede do Banco Central. (Agência Brasil)

Ainda assim, o comitê não sinalizou queda à frente e reiterou que a conjuntura demanda "paciência e serenidade". A autoridade monetária disse que "avalia que a estratégia de manutenção da taxa básica de juros por período prolongado tem se mostrado adequada para assegurar a convergência da inflação".

A sustentação da Selic no atual patamar veio em linha com a projeção consensual do mercado financeiro de que os juros ficariam estáveis pela sétima vez consecutiva – a quarta desde o início da gestão petista. Levantamento feito pela Bloomberg mostrou que essa era a expectativa unânime entre os analistas consultados.

Antes da reunião, o BC voltou a ser alvo de críticas. Além da pressão de Lula e de seus ministros, um grupo de 51 integrantes do Conselhão (Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável da Presidência da República), dentre eles a empresária Luiza Heleno Trajano, escreveu uma carta aberta pedindo corte de juros. Houve ainda um protesto em frente ao prédio do BC em São Paulo, na terça-feira (20), promovido por centrais sindicais.

Os apelos levaram em conta que o cenário econômico doméstico apresentou melhora desde o encontro anterior do Copom, em maio, com desaceleração da inflação corrente e apreciação do câmbio – influenciada pela revisão da perspectiva do Brasil para "positiva" pela agência de classificação de risco S&P Global Ratings.

Em maio, o índice oficial de inflação do Brasil desacelerou para 0,23%, segundo dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). No acumulado em 12 meses, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) recuou para 3,94% – a menor variação para o mês desde 2020.

O ambiente mais favorável se traduziu em viés de queda nas expectativas de inflação nas últimas semanas. Segundo o boletim Focus, divulgado na segunda-feira (19), a projeção dos analistas para o IPCA deste ano foi revisada de 5,42% para 5,12%. Para o ano que vem, a expectativa caiu para 4%. Para 2025, a estimativa dos economistas está em 3,8% – acima do centro da meta.

A decisão do colegiado do BC foi tomada uma semana antes da reunião do CMN (Conselho Monetário Nacional), agendada para o dia 29, quando os ministros da Fazenda (Fernando Haddad) e do Planejamento e Orçamento (Simone Tebet), além do presidente do BC (Roberto Campos Neto), devem debater as metas de inflação.

O presidente Lula sinalizou anteriormente o desejo de mudar os alvos da autoridade monetária, enquanto Haddad defendeu um ajuste no horizonte da meta de inflação. Atualmente, os objetivos perseguidos pelo BC são 3,25% neste ano e 3% em 2024 e 2025, com intervalos de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.

No âmbito fiscal, o desenho definitivo da nova regra para controle das contas públicas ainda é dúvida. Com as mudanças promovidas pelo Senado, o texto voltará para a Câmara dos Deputados, que terá a palavra final sobre o arcabouço. Segundo o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), a votação ocorrerá na semana de 3 a 7 de julho.

Com 2024 na mira, o colegiado do BC volta a se reunir nos dias 1º e 2 de agosto para recalibrar o patamar da taxa básica.

O ciclo de alta de juros foi interrompido pelo Copom em setembro de 2022 depois de o BC promover o mais agressivo aperto da política monetária desde a adoção do sistema de metas para inflação, em 1999.

Foram 12 aumentos consecutivos entre março de 2021 e agosto do ano passado, com elevação de 11,75 pontos percentuais. A taxa básica saiu de seu piso histórico (2%) até atingir o nível atual de juros -o mais alto desde o fim de 2016.

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