Publicado em 17 de outubro de 2025 às 19:56
Para grande parte das crianças e jovens capixabas, o que separa a realidade de um futuro melhor é apenas uma oportunidade. Pensando nisso, desde 2000, o Projeto Vale Música tem aberto cada vez mais portas para que jovens construam novas trajetórias por meio da música. >
O Espírito Santo foi o primeiro estado a receber o projeto, que promove ações de educação musical para estudantes da rede pública ou que recebam bolsa integral em escolas particulares.>
Além disso, os beneficiados pelo projeto também podem participar de intercâmbios com estudantes e professores dos polos de formação do projeto, deaulas com músicos das orquestras profissionais patrocinadas pela Vale, como a Orquestra Sinfônica Brasileira, e de residências artísticas.>
O Vale Música, projeto autoral do Instituto Cultural Vale, atualmente está sediado na Estação do Conhecimento Serra, localizada em Cidade Continental, na Serra. O outro núcleo do projeto fica no Parque Botânico da Vale, em Vitória.>
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“Já são cerca de 5 mil crianças e jovens formados na Estação do Conhecimento Serra. Neste ano, 414 estudantes estão matriculados no projeto e, além de participarem da formação musical e de apresentações públicas, eles podem usufruir das atividades oferecidas pela Estação no contraturno escolar”, explica Luciana Gondim, diretora executiva do Instituto Cultural Vale.>
Dentro do projeto, existem grupos de referência, responsáveis por alocar os estudantes de acordo com seu interesse musical. Assim, estão em atuação a Orquestra Jovem Vale Música, a Camerata Jovem Vale Música, a Vale Música Jazz Band, a Banda Sinfônica Vale Música, o Coral Infantojuvenil Vale Música e o Coral Jovem Vale Música.>
“O Vale Música amplia os horizontes de crianças e jovens ao mostrar que a música tem o potencial de transformar vidas, até mesmo como perspectiva de futuro profissional. Temos diversos estudantes que se qualificaram para estudar em universidades fora do país, outros que já seguiram carreira nacional e até internacional em orquestras de grande porte”, afirma Luciana. >
Para participar, é preciso ficar atento ao site https://estacaoconhecimentoserra.org/. A abertura de inscrições é feita de acordo com a disponibilidade de vagas.>
Para o musicista Lucas Anizio, que conheceu o projeto por meio da Secretaria de Assistência Social da Serra, o primeiro contato com o Vale Música foi um divisor de águas. >
“Eu gostava de música, mas não tinha noção do que me esperava. Minha mãe foi minha grande incentivadora. O projeto coincidia com meu horário de estudos e ela conseguiu me mudar de turno na escola pra que eu pudesse participar. Eu podia até não ter noção, mas ela tinha”, conta.>
Desde então, Lucas tornou a música sua vida - e profissão. Atualmente, ele é professor e maestro da Orquestra Jovem Vale Música, tendo o violino como seu principal instrumento.>
“Eu comecei tocando violão na igreja, mas no projeto só tinham instrumentos eruditos. Ali, o primeiro instrumento que me apresentaram foi o violino e, quando a professora tocou a primeira nota, me bateu uma emoção tão grande que eu falei: ‘É esse instrumento’! Me arrepiei todo na hora e não quis nem olhar os outros instrumentos disponíveis”, relembra.>
Para ele, não há um momento marcante em específico que tenha vivenciado no projeto, mas sim um sentimento gratificante em poder olhar os alunos e enxergar neles um futuro promissor, já que alguns dos músicos do projeto hoje são concursados em orquestras e estudam fora do país. >
“É gratificante ver alunos que antes não tinham perspectiva de vida e agora vivem da música. Eu me vejo neles. A música transformou a minha vida e continua transformando a de muitos, por isso digo que a música tem o poder de te transformar, mas também tem o poder de te levar a lugares onde você nunca poderia imaginar”, afirma.>
A psicóloga e musicista Ingride Narciso conheceu o Vale Música aos 10 anos, em 2011, quando o núcleo do projeto funcionava a poucas ruas de sua casa. >
“Entrei sem muita pretensão, só queria aprender mais sobre música. Eu era muito tímida e tinha muita dificuldade com essa exposição de cantar, o que foi mudando ao longo do tempo”, relembra.>
No projeto, Ingride se descobriu no canto coral e na viola de arco, instrumento que usou para tocar na última turnê da Nova Orquestra, que possui parceria com o Vale Música. Mas, para ela, o momento mais marcante foi quando cantou sozinha pela primeira vez. “Foi a primeira vez que eu cantei como solista, sozinha no palco. Quando vi meu nome na lista de aprovados, mandei foto pra minha mãe e repetia: ‘É meu nome que tá aqui!’. Inclusive, isso aconteceu no mesmo dia em que passei no vestibular”, recorda.>
Foi pelo projeto que Ingride também descobriu sua vocação, pois, após ter contato com a psicóloga do projeto, escolheu sua profissão: “Hoje, eu sou psicóloga, licenciada em música e estou fazendo mestrado em Psicologia Institucional na UFES. O projeto me possibilitou crescer em todos os sentidos dessa palavra”.>
A percussionista Bruna Leite também foi uma das pessoas que encontrou no projeto o impulso que faltava para transformar o talento em profissão. “Conheci o Vale Música por meio do meu professor Mafriedy Dutra que na época dava aulas em um projeto social aqui do bairro Flexal 2, em Cariacica. Ele acreditou em mim e me preparou para entrar no projeto”, conta. >
Assim, Bruna, que teve o primeiro contato com um instrumento aos cinco anos, conseguiu entrar no Vale Música e se capacitar na percussão, área em que estuda e trabalha até hoje, se apresentando na cena do Samba e Choro da Grande Vitória.>
“O que mais me encanta na música é poder tocar em grupo, como na Banda Sinfônica Vale Música e na Orquestra Sinfônica Jovem Vale Música, no qual faço parte como monitora chefe de naipe da percussão da orquestra. Também participei de intercâmbios, apresentações e residências promovidas pelo projeto”, relata.>
Para a musicista, o Vale Música foi uma virada de chave na própria vida, possibilitando que ela se apresentasse, inclusive, com o cantor João Bosco em 2021.>
“O Vale Música transformou minha vida tanto profissional quanto pessoal. Hoje trabalho com o que amo, e o projeto foi e continua sendo muito importante para meu crescimento técnico, e incentivando para aproveitar as oportunidades que surgiram e continuam surgindo”, finaliza.>
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