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UVV
A vida de Ronaldo Lima Cohin Ribeiro, hoje com 37 anos, sempre foi agitada. Cantava em uma banda capixaba de rock, dedicava-se à família e, como todo jovem, tinha o sonho de impactar positivamente a sociedade. Até que, em 2014, começou o curso de Ciências da Computação da Universidade de Vila Velha (UVV) e mal sabia que a instituição ampliaria o seu olhar e contribuiria para esta realização.
O Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) de Ronaldo Cohin foi a criação de uma startup chamada Jade Autism, voltada para o desenvolvimento de soluções terapêuticas gamificadas para crianças e adolescentes com deficiências cognitivas. À medida que uma criança usa o aplicativo, métricas de prognóstico são geradas automaticamente para o seu terapeuta, garantindo um tratamento mais eficiente.
A ideia surgiu para ajudar o filho Lucas, diagnosticado com autismo de alta funcionalidade aos 2 anos. “Eu tinha o conhecimento técnico, que adquiri dentro da UVV, mas me faltava um pouco mais de conhecimento clínico. Então, eu decidi acompanhar de perto o trabalho realizado na APAE-ES para saber as demandas dos profissionais e dos alunos. Foi assim que surgiu a Jade Austim”, lembra.
Ao apresentar o TCC, professores que orientaram Ronaldo durante a sua trajetória também perceberam que a startup, que unia demandas da saúde e da educação por meio da inovação e tecnologia, tinha um potencial mercadológico. E foi na universidade que os primeiros investidores apareceram, uma grande realização para o estudante - Jade ganhou o mundo.
Hoje, Jade é usada em 179 países e tem mais de 100 mil usuários. Em breve, o ensino público da Inglaterra também vai adotar a plataforma, que, no final de 2020, foi premiada na Gitex Future Stars, em Dubai, uma das maiores feiras de negócios e inovação do mundo. No Brasil, segundo o CEO da plataforma, o Ministério da Educação (MEC) também já vislumbra a possibilidade de adotar Jade nas escolas.
Para o bacharel em Ciências da Computação, melhor do que o desenvolvimento da startup, é o impacto que isso pode causar no aprendizado da criança com deficiências intelectuais.
“Somos uma startup com 19 profissionais envolvidos, como neurologistas, terapeutas ocupacionais, psicólogos e desenvolvedores. Como diz o Homem Aranha, ‘grandes poderes vêm com grandes responsabilidades’. Queremos alçar voos maiores e impactar ainda mais gente”, frisa Ronaldo Cohin.
Para ter sucesso no mundo corporativo, uma das premissas básicas é a organização, o que nem sempre é fácil. Imbuídos no mundo virtual, muitas vezes, documentos se perdem, indicadores do negócio não ficam claros (quando existem) e o relacionamento com o cliente não flui da melhor maneira.
Buscando solucionar esse problema comum entre pequenos empreendedores, os jovens Bernardo Simonassi, Cairo Hoffmann e Felipe Barelli fundaram a wepipe, plataforma de gestão digital baseada no método japonês Kanban – o mesmo que inspirou apps como Trello e Pipefy. O que eles têm em comum além da vontade do olhar empreendedor e da capacidade de inovar? A UVV.
Bernardo e Cairo são estudantes do Curso de Ciências da Computação da UVV, graduação já concluída por Felipe. A ideia de criar a startup surgiu ao perceberem a necessidade de facilitar a gestão de outras empresas, padronizando, otimizando e acompanhando os resultados nos processos internos através de software, que é exatamente o que o wepipe faz.
“Desde o início da graduação, a UVV incentiva os alunos a desenvolverem as suas ideias, como o InovaWeek, um evento que estimula a inovação e o empreendedorismo, no qual já temos contato com investidores e somos impelidos a criar não apenas um produto, mas um modelo de negócios”, salienta Felipe.
Segundo Susiléia Abreu dos Santos Limam coordenadora do Curso de Ciências da Computação, Sistemas de Informação, Análise e Desenvolvimento de Sistema EaD e Ciência de Dados EaD, casos como o do Ronaldo Cohin, que desenvolveu a Jade Austim, e dos estudantes Bernardo, Felipe e Cairo, fundadores da wepipe, são comuns na UVV.
“Encorajamos os estudantes desde o primeiro período para que criem os seus projetos, seja para apresentar na Feira InovaWeek, que tem diversos investidores, ou para outros objetivos. Costumo falar para os alunos que, ao lado deles na sala de aula, tem uma pessoa que vai ser o seu funcionário, o seu sócio e o seu chefe. Eles que irão definir quem é quem”, pontua.
O curso de Tecnologia da Informação, afirma a professora, é um exemplo de aprendizado multidisciplinar. “Damos aos estudantes não apenas o conhecimento técnico na área de TI, mas também noções de contabilidade, de marketing, de empreendedorismo. Para o desenvolvimento dos seus projetos, os professores que o acompanham não são apenas especialistas técnicos, mas também da área de negócios”, salienta Susiléia dos Santos.
Apesar de o ensino presencial ter fatores de aprendizado como atenção concentrada e o compromisso com a turma, cada estudante de EaD é igualmente envolvido nas atividades recorrentes da universidade, possibilitando a criação de um ambiente de inovação. “Temos a nossa plataforma de aproximação, que dissolve a distância do EaD. Esses estudantes são contagiados positivamente uns pelos outros e pelo ambiente de estímulo à inovação”, acrescenta a coordenadora.
Com uma programação voltada para o empreendedorismo e a criatividade, o InovaWeek é um evento realizado pela Universidade de Vila Velha que promove a troca de conhecimentos e estimula a inovação e o protagonismo entre os alunos de todas as áreas do conhecimento.
Realizado desde 2016, os estudantes apresentam à comunidade os seus projetos com soluções para problemas reais da sociedade. O professor Marcelo Oliveira Camponez, doutor em Engenharia Elétrica, conta que a idealização do evento veio para suprir a necessidade de que o estudante da universidade desenvolvesse a habilidade prática daquilo que estava estudando em sua graduação.
“Quando fizemos a primeira edição do InovaWeek, tivemos um resultado muito bacana e os empresários começaram a participar de forma espontânea. Dessa forma, vimos que o evento podia ser maior e precisava de uma roupagem voltada para os negócios, para que, quando um possível investidor visse o produto, ele também visse um modelo de negócios que pudesse ser adquirido”, explica.
Assim, o InovaWeek cresceu, tornando-se o maior evento de inovação do Espírito Santo. Na última edição, realizada em 2019, mais de 300 projetos foram apresentados, contemplando todos os cursos da Universidade Vila Velha.
“O legal do InovaWeek é que todos os cursos se misturam. Para uma inovação no curso de Fisioterapia, por exemplo, é necessário de um estudante de Engenharia, de um desenvolvedor, de alguém da Administração. Os alunos perceberam o quanto os conhecimentos estão conectados para a formação de um negócio sustentável”, conta Marcelo Camponez.
Para o ano de 2021, o InovaWeek está previsto para acontecer no final de outubro, respeitando todos os protocolos de prevenção à Covid-19 recomendados pelas autoridades sanitárias.
“O InovaWeek se conectou muito bem com a missão da UVV, que é ‘transformar conhecimento em inovação’. Conseguimos fazer a missão da UVV sair do papel e se materializar. Quando vemos um aluno ou ex-aluno ganhando prêmios e se destacando no mercado, isso nos enche de orgulho”, comemora.
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