É publicitário. Uma visão mais humanizada dos avanços tecnológicos e das próprias relações sociais tem destaque neste espaço. Escreve às quintas

Nossa miséria mental está no tempo gasto rolando o feed das redes sociais

Quanto mais ansiosos nos sentimos, mais tentamos controlar as situações e pessoas ao nosso redor – e o excesso de informação que acessamos no feed nos dá a falsa sensação de que domamos a realidade

Publicado em 12/05/2022 às 02h00
Pessoa fazendo compra via celular
Consumo de redes sociais . Crédito: Semevent do Pixabay

Você já parou para pensar quanto tempo do seu dia você gasta rolando o feed das suas redes sociais? E por que fazemos isso? Alguns não sabem. Só sabemos que gastamos esse tempo para “nutrir”, por vezes, nosso estado emocional. O nosso ócio tem sido preenchido por “rolar o feed das redes sociais”. Alguns chegam a dizer que se sentem hipnotizados, outros, numa armadilha, sabem que estão rolando o feed para nada, mas não conseguem se livrar dessa “mania”.

Todavia essa mania marca presença e corrobora com a ansiedade. Quanto mais ansiosos nos sentimos, mais tentamos controlar as situações e pessoas ao nosso redor – e o excesso de informação que acessamos ou rolamos no feed nos dá a falsa sensação de que domamos a realidade. Além disso, ficamos impedidos de nos conectar ao momento presente e aos seus próprios pensamentos e sentimentos, o que também é nocivo para a saúde mental.

Vivemos um tempo de miséria mental. Essa miséria pode tanto evocar o estado na nossa saúde mental, como de conhecimento. A velocidade com quem passamos pela rede é quase um impeditivo de nos aprofundar, de ir mais fundo, de alimentar nossa mente de conteúdos divergentes dos nossos interesses. Rolar feeds pode nos deixar carentes.

O título do artigo de hoje é contundente e reflete de alguma forma nosso comportamento traduzido no rolar feeds para cima e para baixo. Mas o que consumimos nesse tempo que gastamos? Praticamente nada. Quem sabe algumas manchetes, frases que se simpatizam com nossos hábitos e interesses armazenados pelos algoritmos.

Lembro-me que no último ano, quando eu finalizava minha especialização de pós-graduação, no meu trabalho final, apliquei um questionário para entender o que e como as pessoas consumiam conteúdo na internet, sobretudo, nas redes sociais. Quase 60% das pessoas diziam que nunca liam todo o conteúdo de um post ou matéria. Outros responderam que, por ora, atinham-se às manchetes, e a pequenos trechos. Terminei o trabalho da mesma forma que termino o artigo de hoje? Então, de que e como são formadas as opiniões daqueles que estão na rede, muitas vezes, agindo na condição de juízes de certos assuntos?

Recentemente, eu lia um artigo publicado na Folha de São Paulo – “Estamos presos no 'doomscrolling'?”. No mesmo artigo, encontramos a explicação do termo. "Scrolling" significa "rolar", no caso, rolar a tela do celular para baixo. "Doom" significa "danação", "condenação", "perdição". Estamos a navegar sem rumos e não se trata de um rumo só digital, mas mental.

Para onde vamos?

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

A Gazeta integra o

Saiba mais

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.

A Gazeta deseja enviar alertas sobre as principais notícias do Espirito Santo.