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Projeto com crianças e mães presas no ES é exportado para os EUA

O cuidado humanizado com crianças e mães aplicado em dois centros prisionais femininos atraiu a atenção do Consulado Geral dos Estados Unidos; policial penal que criou o projeto vai apresentá-lo aos americanos

Vitória
Publicado em 19/03/2024 às 05h00
Espaço humanizado para crianças em presídio feminino
Espaço humanizado para crianças em presídio feminino. Crédito: Arte: Geraldo Neto

Um projeto desenvolvido em prisões femininas do Espírito Santo vai ser exportado para os Estados Unidos (EUA). O cuidado humanizado adotado em duas unidades, onde as crianças permanecem com as mães presas  ou voltam para visitá-las, será apresentado em um encontro internacional para troca de experiências entre profissionais brasileiros e norte-americanos.

Em uma visita ao Estado,  as ações foram mostradas aos membros do Consulado Geral dos Estados Unidos (EUA) no Rio de Janeiro, e atraiu a atenção deles por não terem algo semelhante em solo americano. Foi quando sugeriram a possibilidade de ser feito intercâmbio para uma troca de aprendizagens.

Participará do evento a policial penal e diretora-geral adjunta, Graciele Sonegheti, que desenvolveu e implantou o programa, que visa reduzir o impacto do período em que os pequenos passam no presídio em suas vidas. Pela lei de execução penal, as crianças permanecem com as mães que estão presas até os seis meses, momento em que são entregues para a família, que ficará com a guarda temporária enquanto durar o cumprimento da pena.

“É um trabalho preventivo que terá repercussão no futuro da criança. Elas não eram enxergadas nesse processo, com mães que já chegavam ao sistema gestantes. E a nossa proposta trouxe luz para esta discussão”, relata Graciele.

O espaço

Até o desenvolvimento do projeto as crianças e as mães tinham um espaço, com berço e infraestrutura, mas ainda com a aparência de um presídio. Mas em duas unidades — Cariacica e Cachoeiro de Itapemirim —, os locais foram adaptados para receber as internas lactantes e seus bebês, em um ambiente mais humanizado. Contam com berçário, quartos pintados com temas infantis, brinquedoteca, banheiros e outros equipamentos que propiciam um ambiente saudável,  lúdico e propício ao desenvolvimento.

As presas que são mães também recebem acompanhamento psicossocial e outras ações específicas. “Preparamos a etapa de transição com a mãe e a família, para que não haja uma ruptura muito difícil para a criança no momento da separação. A mãe também é incluída em atividades para estudar e trabalhar, de forma a gerar recursos que podem ajudar na manutenção do filho”, explica Graciele.

Para as crianças que vão visitar as mães também foi criado um espaço com um pequeno playground, onde são oferecidos até ensaios fotográficos. “Para que tenham recordações com sua família que não remetam a presídios. Elas não precisam nem saber que vivenciaram esta realidade”, observa a policial penal.

Espaço humanizado para crianças em presídio feminino
Espaço humanizado para crianças em presídio feminino. Crédito: Arte: Geraldo Neto

Intercâmbio

O encontro acontecerá na cidade de Washington, no período de 12 de abril a 4 de maio, quando será realizado o intercâmbio International Visitor Leadership Program (IVLP), que este ano tem como tema “Policiamento e Liderança em Comunidades Plurais e Multiculturais (Policing and Leadership in Multifaceted and Multicultural Communities).

De acordo com Rafael Pacheco, o titular da Secretaria de Estado da Justiça (Sejus), responsável pela administração dos presídios, o conhecimento e a aprendizagem obtida no contato com estruturas de agências internacionais vai auxiliar no desenvolvimento dos policiais penais capixabas. "É considerado um dos mais importantes treinamentos dos Estados Unidos", assinala.

Outras iniciativas e parcerias estão sendo desenvolvidas, como a realizada com as Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), em que três policiais penais capixabas vão ao Paraguai treinar equipes daquele país, e em contrapartida o Espírito Santo treinará 15 policias de lá. "São várias linhas de atuação que trabalham para o crescimento e a profissionalização da polícia penal", acrescenta Pacheco.

Graciele  foi selecionada em uma disputa com outros brasileiros e será  a primeira policial penal a participar deste intercâmbio. O trabalho que irá apresentar já vem ganhando prêmios, como o Centelha e o Inoves 2020, e  já está sendo desenvolvido nos estados do Amapá, Paraíba e Pernambuco. “É um sonho que não sonhei, mas que está sendo maravilhoso viver. Sempre acreditei que é possível ter um novo olhar, que é possível ações que mudem o mundo. E isto está acontecendo”, pontua.

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