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Morte no Sambão: nova perícia mostra que assassino não é quem confessou

Foi reaberta a investigação  do assassinato de Pedro Henrique, de 20 anos, ocorrido no ano passado, após nova prova revelar que outra pessoa atirou no jovem; ele é filho da vereadora Patrícia Crizanto, de Vila Velha

Vitória
Publicado em 23/04/2024 às 03h50
Crime no sambão
Crédito: Arte - Geraldo Neto

Uma reviravolta no caso do assassinato de Pedro Henrique Crizanto, 20 anos, ocorrido no Sambão do Povo em fevereiro de 2023. A investigação foi reaberta com o surgimento de uma nova perícia, que apontou um terceiro envolvido na briga que resultou no crime. E ainda que ele seria o executor do jovem. O que muda o cenário do primeiro inquérito, encerrado após a apreensão de um menor que confessou ser o autor do tiro, sem ter de fato matado a vítima.

O novo suspeito, cujo nome não foi revelado, já foi identificado pela Polícia Civil. “Ele já está preso por outros crimes e foi reconhecido por testemunha que estava no local do assassinato. Seu depoimento já foi agendado e na sequência o inquérito será concluído”, informa o delegado Ricardo Almeida, titular do Departamento Especializado de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).  

Mas não há dúvidas, acrescentou o delegado, de que o menor que foi apreendido também participou do crime. “Ele foi ouvido de novo e continuou mantendo a informação de que foi o atirador, talvez para proteger o aliado dele”.

Há indícios de que teria sido ele a chamar a pessoa que fez o disparo, logo após o início da confusão. “A apreensão dele não é injusta. De alguma forma ele concorre para que o crime aconteça”, explica o representante do Ministério Público do Espírito Santo (MPES), o promotor Rodrigo Monteiro, que atua no Júri de Vitória e acompanha a investigação.

No ano passado, após a apreensão, o menor foi encaminhado à Justiça por ato infracional análogo a homicídio e sentenciado com uma medida socioeducativa que está sendo cumprida. Atualmente ele já alcançou a maioridade.

A vítima

Pedro era filho da vereadora de Vila Velha Patrícia Crizanto, e foi morto com um tiro na cabeça durante ensaios técnicos das escolas de samba. Ele foi ao sambão com os amigos, e foi para defendê-los, segundo a polícia, que se envolveu na briga. 

A família nunca se conformou com o resultado da primeira investigação, afirmando que vídeos e informações por ela obtidas mostravam que havia outros envolvidos. “Em momento algum meu coração ficou tranquilo com aquele direcionamento das investigações. E coração de mãe não se engana, nunca”, desabafa Patrícia.

Com base nas informações obtidas pela família, o advogado Renan Sales solicitou outras diligências, a requisição de imagens e que mais pessoas fossem ouvidas. E ainda acionou o MPES. “Acreditando nessa nova linha investigativa, o promotor, além de acompanhar as investigações bem de perto, também procurou a produção de uma nova prova pericial”, relata.

Na avaliação do advogado, o menor mentiu para a polícia com o objetivo de defender o grupo criminoso a qual pertence. “Ele sabe que vai ficar pouco tempo apreendido”, assinala.

Nova investigação

A nova perícia, que subsidiou a reabertura da investigação, foi feita pela Coordenadoria de Segurança e Inteligência (CSI) do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), a pedido do órgão ministerial do Espírito Santo. Segundo o promotor Rodrigo Monteiro, ela foi fundamental por trazer novos elementos.

Para a equipe de CSI, foi enviado um vídeo produzido no Sambão do Povo, no dia 1º de fevereiro, por volta das 22h50. As imagens mostram o registro de uma briga, em meio a um aglomerado de pessoas em ambiente aberto, quando um disparo é ouvido e na sequência a dispersão das pessoas.

Foi feita uma análise quadro-a-quadro das imagens, nos momentos em que foram registradas a confusão e a morte de Pedro Henrique Crizanto. No contexto da briga, foram identificadas três pessoas: a vítima, de camisa branca com numeração; o menor apreendido, com camisa branca; e um homem de camisa amarela. Após o tiro, Pedro cai ao ser baleado, e os demais correm em sentidos contrários.

O resultado do trabalho foi de que “o disparo não foi realizado pela pessoa de camiseta branca”. A pessoa citada é o menor apreendido. Na sequência tem-se a informação sobre o autor do tiro: “A pessoa de camiseta amarela apresenta movimento corporal indicativo de ser o autor do disparo”.

A nova perícia, segundo o delegado, é uma prova difícil de refutar. “Ela aponta as pessoas envolvidas e consegue identificar o atirador, que é o fato novo. Embora o menor diga que foi o autor do disparo, as imagens da perícia técnica indicam outra situação”.

Ao delegado Marcelo Cavalcanti, que fez o primeiro inquérito, o menor informou que a arma do crime a ele pertencia, e declarou já ter matado outras duas pessoas. Na ocasião, contra ele, já existiam dois mandados de busca e apreensão, expedidos em 2020 e 2021. O envolvimento dele foi atestado por testemunhas ouvidas. Morador da região de Caratoíra e Alagoano, o menor teria envolvimento com o PCC.

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