Crítico de cinema e apaixonado por cultura pop, Rafael Braz é Jornalista de A Gazeta desde 2008. Além disso é colunista de cultura, comentarista da Rádio CBN Vitória e comanda semanalmente o quadro Em Cartaz

"Paciente 63" chega em ótima segunda temporada no Spotify

"Paciente 63", série de ficção científica do Spotify com Mel Lisboa e Seu Jorge, tem nova leva de episódios e novas possibilidades para se evitar o fim da humanidade

Vitória
Publicado em 11/02/2022 às 19h15
Mel Lisboa e Seu Jorge nas gravações do podcast Paciente 63
Mel Lisboa e Seu Jorge nas gravações do podcast Paciente 63. Crédito: Spotify/Divulgação

Lançada pelo Spotify em julho de 2021, “Paciente 63”, versão brasileira da série chilena “Caso 63”, foi a primeira série de ficção em podcast que me prendeu. Estrelada por Seu Jorge e Mel Lisboa, com episódios curtos e sempre interessantes, a série traz uma trama de ficção científica digna das grandes obras literárias ou do audiovisual - cinema ou séries.

Na primeira temporada, a psiquiatra Elisa (Mel Lisboa) grava as sessões com um misterioso paciente, o tal paciente 63 (Seu Jorge). As sessões logo ganham novos rumos com uma história de viagem no tempo e fim do mundo causado por um vírus de uma pandemia que se aproxima. As histórias de ambos se cruzam, e Elisa tem uma missão ao fim da temporada: cabe a ela evitar que o paciente zero embarque em um voo que dará início ao fim da humanidade em 2062.

A série agora retorna com dez novos episódios e uma nova dinâmica. Agora é Elisa quem viaja ao passado e, em 2012, se torna não apenas a paciente, mas também a mensageira que pode salvar o mundo. Na nova temporada, “Paciente 63” amplia seus conceitos de ficção científica e se aproxima de obras como o filme e a série “12 Macacos”, “Predestinado” e “Contágio”, além de trazer até novos personagens para o que antes era uma dinâmica entre duas pessoas.

Esse retorno ao passado faz com que o texto veja o mundo com outros olhos e marque seus pontos de transformação que levariam à distopia da série. Eventos como a primeira epidemia de Sars-CoV e a reação das autoridades à época, o aumento da utilização de algorítimos, a ascensão e a possível queda das criptomoedas e até os cancelamentos em redes sociais são citados na série, o que funciona para que ela se aproxime ainda mais do ouvinte que viveu, está vivendo e provavelmente viverá tudo aquilo.

Mel Lisboa e Seu Jorge nas gravações do podcast Paciente 63
Mel Lisboa nas gravações do podcast Paciente 63. Crédito: Spotify/Divulgação

Em entrevista por vídeo, Mel Lisboa diz ver a distopia de “Paciente 63” como algo plausível. “Podemos caminhar para isso se não tomarmos os devidos cuidados”, ressalta. “Todas essas questões são muito impactantes, são assuntos que são muito caros para a gente agora, pois a gente está nele”, completa a atriz, que citou “Interestelar”, de Christopher Nolan, como uma de suas histórias de ficção favoritas.

Ao contrário da primeira temporada, na qual Mel e Jorge conseguiram fazer trabalhos de mesa juntos e até gravaram ao mesmo tempo, apesar de estarem em salas diferentes, a segunda temporada foi gravada mais à distância. Mel Lisboa gravou suas partes primeiro, baseada no original em espanhol; com as falas da colega já prontas, Seu Jorge gravou suas falas algum tempo depois.

Mel Lisboa e Seu Jorge nas gravações do podcast Paciente 63
Mel Lisboa e Seu Jorge nas gravações do podcast Paciente 63. Crédito: Spotify/Divulgação

“Trouxe a experiência da primeira, experiência que foi muito intensa, muito profunda para mim. Fiquei com muita dificuldade de gostar das coisas (na pandemia), mas tive uma direção muito apurada, uma lupa bem forte do Gustavo Kurlat”, conta Seu Jorge, durante a entrevista. “Nessa segunda temporada as coisas melhoraram um pouco, ao ponto de construir esse estado de confiança da Mel fazer primeiro. Ela é uma craque. Digo em toda entrevista, é como se colocassem em campo o melhor jogador. Ela chega, faz logo 5 a 0, e aí o suplente vem pra fechar o jogo”, brinca o ator.

Jorge também destaca a proximidade de realidade e ficção, algo reforçado pela série que a todo momento lembra o cenário deserto dos primeiros dias da pandemia de Covid-19. Ele reforça que a nossa geração, que se acostumou a grandes eventos, “um pagode, um show, dar uma sambada”, sofre mais com o isolamento, mas acredita que tudo será diferente para as gerações nascidas ou que estejam crescendo nesse novo mundo, com máscaras, distanciamento. “Talvez em 20 anos eles não queiram se aglomerar e priorizem a tecnologia e a individualidade. Pode ser”, analisa.

Além da ficção científica, “Paciente 63” é também uma série sobre a construção da intimidade de duas pessoas e sobre os encontros inevitáveis da vida. O amor atravessa o tempo, as linhas temporais? A série também traz um arco de sacrifício, com Pedro Roiter encalhado em um futuro já condenado e Elisa viajando ao passado para se sacrificar em nome de um futuro possível em que o vírus Pégaso nunca se espalhe.

Ao final da segunda temporada, “Paciente 63” cria novas possibilidades para a jornada de Elisa e Pedro, deixando ganchos para uma inevitável terceira leva de episódios ainda não confirmados pelo Spotify, mas essa confirmação parece ser apenas uma questão de tempo, dado que a áudio série mantém a qualidade e amplia seu universo nos novos episódios.

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