Crítico de cinema e colunista de cultura de A Gazeta

Crítica: "El Camino" é tocante epílogo para "Breaking Bad"

Já disponível na Netflix, filme mostra o que aconteceu a Jesse Pinkman ao final da cultuada série

Publicado em 11/10/2019 às 14h28
El Camino: A Breaking Bad Movie. Crédito: Ben Rothstein/Netflix
El Camino: A Breaking Bad Movie. Crédito: Ben Rothstein/Netflix

O que aconteceu com Jesse Pinkman ao final de "Breaking Bad"? A gente realmente precisa saber? Será que o riso e o choro histéricos do personagem de Aaron Paul ao volante do Chevrolet El Camino 1978, após ser libertado por Walter White (Bryan Cranston) do cativeiro no qual era mantido para produzir metanfetamina, não é uma conclusão satisfatória para a sofrida jornada do personagem? "El Camino - A Breaking Bad Movie", filme que a Netflix lançou nesta sexta-feira (11), responde a primeira pergunta e acaba com as possibilidades subjetivas criadas pelo final da série, em 2013.

O filme dirigido e escrito por Vince Gilligan, criador da série, funciona como um acerto de contas tanto de Jesse com as pontas soltas deixadas pela trama quanto desta com seu espectador ávido por respostas mais claras.

O início do filme se dá imediatamente após o fim da série. Sim, Walter White está morto (não imagino que alguém tivesse opinião contrária) e Pinkman segue em fuga. Considerado o principal suspeito pela chacina que deixou nove mortos, ele precisa dar um jeito de sumir, mas também que resolver algumas pendências.

El Camino: A Breaking Bad Movie. Crédito: Ben Rothstein / Netflix
El Camino: A Breaking Bad Movie. Crédito: Ben Rothstein / Netflix

"El Camino" funciona como um epílogo que não necessariamente mantém o ritmo do final de "Breaking Bad". O filme é mais cadenciado, focado em Jesse Pinkman e alguns dos traumas que o cárcere proporcionou a ele. Enquanto lida com isso, o personagem tenta também acertar seu futuro.

O filme serve para matar saudade do universo de “Breaking Bad” e de muitos de seus personagens que não serão citados aqui por motivos de spoilers - alguns têm bastante relevância para o epílogo. Ao mesmo tempo, “El Camino” serve para reforçar que, ao fim, Jesse sempre foi o coração do roteiro. O personagem de Aaron Paul vai da raiva ao afeto desajeitado na montanha russa de emoções criada por Vince Gilligan. É ele quem sofre com as mortes, é quem tenta sempre evitá-las. Enquanto Walter aos poucos se transforma em Heisenberg, Jesse sente o peso de todos os atos e escolhas da dupla ao longo das cinco temporadas.

É justamente pela empatia que criamos com ele ao longo de toda a trama que “El Camino” consegue acertar mesmo não sendo uma obra “necessária”. Jesse Pinkman passou longe de ser um sujeito perfeito, mas nunca deixou de ser um cara decente, a bússula moral, o contraponto... Ao contrário de Walter, que de certa forma conhecia seu destino desde o primeiro episódio, o jovem teve sua jornada de redenção e merecia uma conclusão satisfatória.

“El Camino” é conciso, breve, não traz referências gratuitas, amarra pontas soltas e dá uma sensação de completude para quem acompanhou as transformações dos protagonistas de “Breaking Bad”. Aaron Paul se entrega mais uma vez ao personagem e Vince Gilligan mostra que soube contar aquela história com direito a um belo epílogo, um respiro aliviado após todo sofrimento de Jesse Pinkman.

Nota: 8,5

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