É médico, psiquiatra, psicanalista, escritor, jornalista e professor da Universidade Federal do Espírito Santo. E derradeiro torcedor do América do Rio. Escreve às terças

A psicanálise e a vantagem que o Pato Donald tem sobre Donald Trump

Prometo não cansá-los, mas devo confessar o que penso a respeito do desenvolvimento incompleto do presidente dos Estados Unidos

Publicado em 09/12/2025 às 02h30

Donald Winnicott, o irretocável gênio da psicanálise inglesa, além de pediatra é meu eterno escudeiro com todas as suas definições. Para mim, a mais brilhante é o conceito de Internalização Transmutadora.

É a própria formação do Ser. Simples assim. (Donald Winnicott não tem nada a ver com o pato da Disney, muito menos com o bebê mimado Donald Trump).

Explico o que me clarificou Winnicott. Ao nascer, para continuar sendo e se atualizando, necessita-se insubstituivelmente do objeto de relação, a alteridade, o Outro. Na maioria dos casos, é a mãe ou, na falta dessa, outro objeto substituto: babá, mamadeira, mãe adotiva - que pode ser um pai.

Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, em agenda na Casa Branca em julho de 2025
Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, em agenda na Casa Branca em julho de 2025. Crédito: Leah Millis/ Reuters

Com essa Internalização Transmutadora, feita no mínimo entre o bebê e o cuidador, aparece uma habilidade fundamental da inteligência, a escuta ativa. Escutar para perceber.

Prometo não cansá-los, mas devo confessar o que penso a respeito do desenvolvimento incompleto de Donald Trump, presidente dos Estados Unidos: escuta o som, mas não elabora. Repete. Muito parecido com o Donald da Disney, sendo que o pato traz uma vantagem quanto à inteligência e à maturidade.

Agora, o bebê mal desenhado Trump, só para se divertir, resolve atacar, por exemplo, pequenos barcos da Venezuela para não perder o costume, usando o maior porta-avião do mundo e outros bichos malvados, que a dez mil pés de altura simulam identificar traficantes.

Trump não escuta ativamente, portanto não sabe pensar.

Então, Brasil mostra a sua cara.

Vamos ao que não me interessa. Aproxima-se a hora da votação obrigatória no país, um absurdo.

A senhora sabe que o mundo escuso brasileiro, do nosso coração machucado, esparrama-se por todos os recantos dos poderes, com cada vez menos exceções. Por onde olhar, qualquer instância nesse imenso país está encharcada de falcatruas.

Diante da impossibilidade de reagir, o bravo e impotente povo brasileiro acaba tendo que se conformar com a vergonhosa realidade.

Senão vejamos: o Orçamento Secreto, a PEC da Blindagem, a fraude do INSS, os privilegiados e incomensuráveis salários, os penduricalhos como viagens, joias, e mais o que a senhora pensar, além da falta de rigor dos concursos públicos, já são suficientes para meditar.

Pior ainda, quando tudo isso junta-se às facções paralelas que já enfernizam o dia a dia da população.

Mas uma coisa é certa: “Quem não entra na política é governado por políticos que não lhe merecem”.

Dorian Gray, meu cão vira-lata, diz que envelhecer é péssimo, mas a opção é pior.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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