É economista. Analisa, aos sábados, o ambiente econômico do Estado e do país, apontando os desafios que precisam ser superados para o desenvolvimento e os exemplos de inovação tecnológica

O que explica o bom desempenho da economia capixaba em 2022?

Os números do PIB capixaba em 2021 e 2022 nos mostram que a nossa economia conseguiu capturar de forma mas efetiva a retomada geral da economia nacional

Publicado em 10/09/2022 às 00h05

ligeira queda do PIB capixaba de 0,3% no segundo trimestre do ano não ofusca o bom desempenho observado em 2021 e muito menos o que se acumulou de crescimento até agora, que chega a 3,8%. Comparativamente ao país, nosso Espírito Santo mantém uma frente razoável de aproximadamente 2 pontos percentuais. Aliás, uma média de diferencial de crescimento que se manteve por muitos anos, caindo mais acentuadamente com a crise iniciada em 2014.

O lado positivo nos números mais recentes que podemos assinalar está no fato de que a origem do pequeno tropeço ter ocorrido de forma mais significativa praticamente somente em um setor da economia, que integra atividades ligadas à extração mineral. Dois núcleos centrais compõem esse setor: fabricação de pelotas de minério e produção de petróleo.

Ambos estão fortemente atrelados à dinâmica do mercado internacional de commodities. Portanto, tem seus resultados ligados a preços em dólar e oscilações de demanda. Tanto preços quanto quantitativos desses dois produtos apresentaram quedas em meses mais recentes.

Mas, como sempre tenho reiterado em vários outros artigos meus, a dinâmica geral da economia capixaba historicamente tem apresentado uma certa inelasticidade em relação ao desempenho de suas commodities exportáveis, e em especial as minerais. Foi assim na crise mundial de 2008/9. Da mesma forma na retomada rápida em 2010, quando o PIB capixaba deu um salto de 15%. Percentual que somente foi registrado na década de 70. De outro lado, podemos dizer que, ao contrário, temos uma economia fortemente elástica em relação ao mercado interno e a alguns produtos exportáveis como café e rochas ornamentais.

Os números do PIB capixaba em 2021 e 2022 nos mostram que a nossa economia conseguiu capturar de forma mas efetiva a retomada geral da economia nacional. Em 2021, a economia brasileira cresceu 4,7%, enquanto a capixaba 7,3%. Se tomarmos as variações acumuladas nos últimos quatro trimestres findos em junho/22 também vamos ter o PIB capixaba na frente: 4,7% contra 2,6%.

Há algo a levantar preocupações, no entanto, se analisarmos a evolução das taxas de crescimento computadas de forma acumulada em sucessivos quatro trimestres. Tanto para o país, quanto para o Espírito Santo, percebe-se um arrefecimento do impulso da retomada. Enquanto no Espírito Santo a taxa cai de 7,3% para 4,7%, no país sai-se de 4,5% para 2,6%. Isso significa que a economia como um todo está perdendo fôlego. O que nos leva à percepção de que não podemos esperar bons números para 2023.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

A Gazeta integra o

Saiba mais

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.