Mariana Reis é mestranda em Sociologia Política, Administradora , TEDex, Colunista e Personal Trainer

Desistir não é uma opção

Cadeirantes estão impedidos de fazer seus tratamentos, atividades esportivas, sem poder ir ao trabalho, à escola e para atividades de lazer

Publicado em 17/05/2022 às 02h00
ônibus com acessibilidade
Sem transporte público acessível, sem o programa Porta a Porta nós, pessoas com deficiência, assistimos abismados tamanha naturalização dos ataques aos nossos direitos. Crédito: Shutterstock

Desde março deste ano, cerca de quatrocentas pessoas com deficiência estão sem o programa Porta a Porta para se locomover pela cidade de Vitória. Cadeirantes estão impedidos de fazer seus tratamentos, atividades esportivas, sem poder ir ao trabalho, à escola e para atividades de lazer. Ainda sem previsão de retorno, sem a garantia do direito ao transporte, todos os outros direitos ficam comprometidos.

O Porta a Porta, programa de transporte para as pessoas com deficiência de Vitória, assegura um dos direitos fundamentais do cidadão, também estabelecido na Constituição Federal – direito de ir e vir, com qualidade e segurança. Não promover a infraestrutura e os serviços adequados é aniquilar a oportunidade do exercício da cidadania dos capixabas com deficiência.

Lei só no papel

O Brasil é o país com as melhores legislações do mundo para as pessoas com deficiência, a Lei Brasileira de Inclusão e a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência da ONU são algumas delas.  Também é verdade que somos recordistas no desrespeito a essas leis, quando não as ignoramos. Somos, em geral, muito displicentes em relação aos direitos dos outros, infelizmente costumamos olhar mais para os nossos interesses em detrimento dos interesses que nos rodeiam.

O descaso com as pessoas com deficiência nessa gestão da capital do estado tem levado ao desserviço que estamos experimentando hoje. O prefeito da cidade responde por tudo isso. Qual o respeito que ele demonstra com as mães que dependem do transporte para os seus filhos com deficiência que estão desamparados? Parece uma pergunta retórica, e é. Até agora nenhuma atitude concreta, seus discursos são fracos. Falta empatia e sobra radicalismo.

Gestão indigesta

Sem transporte público acessível, sem o programa Porta a Porta, sem táxis acessíveis, sem calçadas cidadãs, nós, pessoas com deficiência, assistimos abismados tamanha naturalização dos ataques aos nossos direitos.

Olhar para o passado nos faz reconhecer os avanços que tivemos. No momento em que suspendem um serviço que funciona há mais de vinte anos, vai embora também a pauta do transporte acessível, e no lugar entram a falta de competência e pequenez da gestão. Sem projeto de governo, mas com muitos projetos de obediência e poder, nos resta ter coragem e destreza para mantermos a direção desse “veículo desgovernado”.

Minha solidariedade aos usuários do programa Porta a Porta, tão imprescindível para a manutenção da vida. Pode parecer difícil, mas somos fortes e desistir não está em pauta.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

A Gazeta integra o

Saiba mais
Acessibilidade

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.

A Gazeta deseja enviar alertas sobre as principais notícias do Espirito Santo.