Mariana Reis é administradora de empresas e educadora física. É pós-graduada em Gestão Estratégica com Pessoas e em Prescrição do Exercício Físico para Saúde. Atua como consultora em acessibilidade e gestora na construção e efetivação das políticas públicas para a pessoa com deficiência em Vitória

Como colocar novos planos no lugar

Esse confinamento é uma linha tênue entre a necessidade de sobrevivência e a capacidade humana de pensar e colaborar com os outros

Publicado em 31/03/2020 às 20h58
Mulher sentindo liberdade: reflexões sobre a pandemia de coronavírus
Mulher sentindo liberdade: reflexões sobre a pandemia de coronavírus. Crédito: Freepik

O coronavírus adiou apertos de mãos fortes, abraços apertados, beijos calorosos. Cancelou shows, viagens, concertos, festivais. Fechou parques e praias. Cerrou as portas do comércio, encerrou as atividades nas escolas, mandou alunos para casa. E, provavelmente, diverte-se vendo pessoas descobrindo como usar a câmera, como fazer uma reunião, como ter paciência com a internet que cai. Obrigou o uso massivo de álcool, sabão, detergente. Nos trancou em casa. Podou poucos os desejos de um futuro próximo. Desmanchou nossas poucas certezas e deu espaço para a melancolia. Deu palco para a dúvida.

Na dúvida, resolvemos estocar água, macarrão, álcool, cerveja, carne, biscoito, chocolate - não sabemos quais serão nossa angústias enquanto estivermos em casa. Na dúvida, obedecemos: lave as mãos, passe álcool, tape as frestas da solidariedade e fiquem todos longe uns dos outros. Esse confinamento é uma linha tênue entre a necessidade de sobrevivência e a capacidade humana de pensar e colaborar com os outros. Quase um “salve-se quem puder”.

É hora de pensar em todos

Tenho tido muito cuidado neste período de afastamento social, de não deixar a pandemia incitar em mim a falta de empatia e solidariedade, já que é uma situação que envolve temor, insegurança, risco à saúde e medo. Se não nos policiarmos quantos aos nossos sentimentos, o irracional pode transbordar e inundar o diálogo e a ajuda coletiva. Hoje já se nota um grande esforço em diminuir a curva de contágio, cuidar dos mais velhos e vulneráveis para que não se contaminem. Há uma grande maioria que se rende às preocupações de como sustentar os filhos, o que vão comer ou como vão se manter física e emocionalmente.

O risco biológico é letal, mas tem outros riscos, como o da fome, que pode ser também letal. Tentar dar um equilíbrio num momento de tantas instabilidades requer de nós uma mudança de comportamento para essas demandas diferentes da nossa realidade, mas que estão bem perto de nós. Um olhar mais humano é exigência de quem aproveita este momento para se transformar internamente.

Quem é você na pandemia?

Conte pra mim o que você tem feito para diminuir essa tensão e alargar a esperança de quem tem uma realidade diferente, mas que orbita lado a lado?

Pagar a diarista para que sobreviva nesses dias sem poder ir à sua casa. Ver o que o lavador de carro precisa e fazer uma vaquinha pra ajudar. Dividir o álcool. Perguntar ao vizinho se precisa de algo da rua.

São algumas sugestões de como podemos contribuir para que os mais vulneráveis também economicamente não caiam em situação de angústia profunda, de maneira que ganhem sentimentos nocivos, como a violência, a depressão e ódio. Ser solidário agora é bem mais que se manter ativo nos exercícios em casa, fazer lives sem fim ou comer sem limites. Ser humano hoje se tornou mais veloz que a capacidade do vírus nos infectar. Ser humano se tornou vital.

A Gazeta integra o

Saiba mais

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.

A Gazeta deseja enviar alertas sobre as principais notícias do Espirito Santo.