É cineasta e escritor. Criador da Agência de Redes para Juventude

Estamos escutando os jovens capazes de feitos extraordinários?

Lia de Oliveira, de Cariacica, é um dos exemplos  de jovens e adolescentes que dedicam parte de suas vidas para liderar ações que diminuam a vulnerabilidade de comunidades

Publicado em 06/10/2019 às 05h00
Atualizado em 06/10/2019 às 05h01
Lia de Oliveira é de Cariacica. Crédito: Reprodução/Facebook
Lia de Oliveira é de Cariacica. Crédito: Reprodução/Facebook

Não é fácil a vida de jovens e adolescentes que dedicam parte de suas vidas para lutar por direitos, liderar ou colaborar com ações para diminuir vulnerabilidades de comunidades e grupos sociais. Mesmo com tantos bons exemplos pelo Brasil, eles muitas vezes são desacreditados, invisibilizados e até perseguidos. Trabalho com jovens pobres e urbanos em alguns países desde o começo dos anos 2000. São incontáveis os exemplos daqueles que criam projetos capazes de feitos extraordinários. Trago três nesta primeira coluna. Lia de Oliveira (foto), de Flexal, Cariacica, realiza ações de arte-educação para crianças no quintal da própria casa. Faz pouco tempo que seu trabalho teve algum espaço na TV. 

No Cesarão, comunidade bem distante do centro do Rio, Mariana Xavier faz mestrado aos 23 anos e realiza, com amigos, um curso pré-vestibular gratuito. O foco são jovens com a mesma origem de Mariana: pobres de favelas que lutam para continuar a trajetória escolar. Em Londres, acompanhei a historia de Seshie Henry. Morador da região de Clapham, criou uma plataforma para divulgar cantores de hip-hop jovens e negros de bairros pobres de lá. Mesmo tornando-se referência, ainda não teve o reconhecimento da economia criativa britânica. São extraordinárias as histórias, ações e projetos criados por jovens que acompanhei em quase duas décadas. Quanta energia e entrega por causas coletivas que podem melhorar a vida nas cidades. Mas, mesmo com tanta potência, não são escutados nem recebem o apoio que deveriam. Poderes público, político e econômico não se interessam. Porém essa não é a parte mais cruel. Existem aqueles que são perseguidos com ameaças de morte, principalmente os que lideram lutas de direitos humanos em favelas. Vivemos uma era sem escuta e apoio para jovens pobres que desafiam ousar.

Sobram palavras, mas faltam ações. Assim, a jovem sueca Greta Thunberg resumiu o tamanho da disposição para enfrentar a crise climática e ambiental por parte de políticos que podem mudar rumos globais. Uma microação iniciada por ela inspirou manifestações em diversos países. Foi um impressionante feito! E, mais uma vez, uma jovem entrou na linha de ataques. Uma oposição raivosa a Greta subiu o esgoto da internet. Fake news em forma de memes, boatos e de fotomontagens forjaram flagras de falsidade de propósito. Outros diminuíram suas qualidades por ser privilegiada. Estamos escutando os jovens que questionam nossas estruturas sociais? Estamos escutando aqueles que são vulneráveis e mesmo assim inventam formas de colaborar com a sociedade? Do lado deles, ações e palavras não faltam. Os jovens mais vulneráveis insistem na vida.

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