Manter a floresta em pé é mais do que proteger o verde: é preservar a vida. Em um mundo cada vez mais quente, com ondas de calor, recordes e eventos climáticos extremos, as florestas assumem um papel estratégico na saúde pública e na adaptação climática das cidades. Estudos mostram que áreas arborizadas podem reduzir a temperatura local em até 5 °C, amenizando o calor urbano e prevenindo doenças associadas às altas temperaturas.
As árvores são verdadeiras aliadas da saúde. Elas reduzem a poluição do ar, absorvem dióxido de carbono, liberam oxigênio, aumentam a umidade relativa e proporcionam sombra fatores que, juntos, melhoram a qualidade de vida e diminuem os riscos de problemas respiratórios, cardiovasculares e de saúde mental. O contato cotidiano com a natureza reduz o estresse, a ansiedade e melhora a concentração e o bem-estar geral.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que cada cidade ofereça pelo menos 12 m² de área verde por habitante, sendo o ideal entre 15 e 20 m². Cidades que alcançam ou superam esse índice, registram melhor qualidade de vida, menor incidência de doenças e ambientes urbanos mais equilibrados e sustentáveis.
Mas fica a reflexão: você sabe quantos metros quadrados de área verde existem na sua cidade? Será que o seu município oferece o mínimo necessário para garantir conforto térmico, saúde e qualidade de vida? Essa é uma informação que precisa fazer parte da consciência coletiva, pois conhecer o território é o primeiro passo para transformá-lo.
Além de refrescar o ambiente, as florestas têm papel fundamental no controle das águas urbanas. Suas raízes retêm o solo, absorvem água da chuva e diminuem o risco de alagamentos e enchentes, que frequentemente provocam surtos de doenças como dengue e leptospirose. A cobertura vegetal protege encostas, evita a erosão e reduz o assoreamento de rios, ações simples, mas que refletem diretamente em menos gastos com saúde pública e infraestrutura urbana.
Portanto, investir em arborização urbana, reflorestamento e restauração ecológica não é apenas uma ação ambiental: é política pública de saúde preventiva. Municípios que cuidam de suas florestas reduzem o impacto das ondas de calor, evitam o colapso hídrico e garantem ambientes mais seguros, confortáveis e saudáveis para viver.
Mas há uma pergunta que precisa ser feita: as cidades da Grande Vitória e do Espírito Santo, como um todo, estão preparadas? Municípios como Vitória, Vila Velha, Serra, Cariacica, Viana e Guarapari, apesar de possuírem áreas verdes, ainda enfrentam grandes desafios. O avanço da urbanização desordenada, o desmatamento de encostas e manguezais, a impermeabilização do solo e a perda de corredores ecológicos agravam o calor e aumentam a vulnerabilidade social. Em regiões como no sul do estado, por exemplo, a combinação de altas temperaturas, baixa umidade e perda de cobertura vegetal tem intensificado o desconforto térmico e os impactos sobre a saúde pública.
Essas realidades evidenciam a urgência de políticas públicas permanentes de arborização e educação ambiental, com base em planejamento técnico, participação comunitária e monitoramento contínuo. Não basta apenas plantar árvores: é preciso educar, comunicar e incluir o tema no cotidiano das pessoas.
As florestas e as áreas verdes devem estar presentes nas escolas, nos ambientes de trabalho, nos espaços de convivência e nos meios de comunicação, como parte de um amplo programa municipal de educação ambiental e comunicação social. Esse programa deve ser prioridade não apenas para formar consciência ambiental, mas para construir uma nova cultura urbana, em que o verde é reconhecido como infraestrutura essencial ao bem-estar coletivo e à saúde pública.
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Afinal, uma cidade verde é uma cidade mais saudável, resiliente e preparada para o futuro. Preservar a floresta é preservar a vida. É garantir que cada sopro de ar puro, cada sombra e cada gota d’água sejam legados para as próximas gerações.
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