
O Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) foi fundado em 1988, por egressos do MDB, e governou o país por duas vezes, com Fernando Henrique Cardoso. Durante muito tempo, os tucanos e o Partido dos Trabalhadores protagonizaram a política brasileira, cada um de um lado. Nos últimos anos, o bolsonarismo tornou-se o antagonista dos petistas e o PSDB encolheu. Agora, a própria sigla vai deixar de existir, ao se fundir com o Podemos.
O nome "Podemos" também não vai mais ser usado. Da união, um novo partido vai surgir. Falta definir como vai ser chamado. Nas urnas, os eleitores que optarem pela legenda vão digitar 20, o atual número do Podemos, e não mais 45. As cúpulas dos dois partidos já aprovaram a fusão, a ser concretizada após trâmites burocráticos internos e homologação na Justiça Eleitoral.
No Espírito Santo, o novo partido vai ser comandado por Gilson Daniel, atual presidente estadual do Podemos. A sigla já declarou apoio ao vice-governador Ricardo Ferraço (MDB) na corrida pelo Palácio Anchieta em 2026. Gilson avalia que, com a chegada dos membros do PSDB, que já tinham proximidade com o emedebista, o palanque de Ricardo se fortalece.
"A fusão fortalece o movimento do Ricardo e do governador", afirmou Gilson Daniel à coluna, na última terça-feira (29).
Ricardo é o plano A do grupo casagrandista na disputa pelo governo estadual.
Em termos práticos, os dois partidos, ao tornarem-se um só, passam a ter mais recursos para campanha eleitoral, mais tempo no horário eleitoral gratuito e mais força no Congresso Nacional, por exemplo, na hora da divisão de dinheiro de emendas parlamentares.
Gilson Daniel
Deputado federal e presidente estadual do Podemos
"Vamos ser um novo movimento de centro-direita"
Sem meias palavras, a fusão é a tábua de salvação do PSDB, que corria o risco de morrer em vida, dados os recentes resultados eleitorais tímidos. Ao mesmo tempo, é o apagamento, de vez, do nome, do número e da ave (neste caso, apenas metaforicamente falando. Os tucanos reais estão seguros, eu acho).
A sigla chegou a formar uma federação com o Cidadania, mas isso não foi suficiente para garantir a sobrevivência.
Todos os partidos precisam atingir a cláusula de desempenho (eleger ao menos 13 deputados federais, divididos entre nove estados, ou obter ao menos 2,5% dos votos na eleição para a Câmara dos Deputados). Do contrário, ficam sem recursos financeiros e, consequentemente, incapazes de funcionar. É justamente esse o risco que o PSDB corre, ou corria.
No Espírito Santo, o Podemos tem dois deputados federais (Gilson Daniel e Victor Linhalis). O PSDB, no estado, não tem nenhuma cadeira na Câmara.
"A prioridade (em 2026) vai ser a eleição de deputado federal", frisou Gilson.
Mas o Podemos supera o PSDB em diversos aspectos. Em 2024, o partido de Gilson Daniel elegeu 11 prefeitos no Espírito Santo (agora tem 10, já que Arnaldinho Borgo, de Vila Velha, desfiliou-se). O PSDB, por sua vez, elegeu quatro.
A presidente nacional do Podemos, Renata Abreu, vai presidir a nova sigla pelos primeiros quatro anos. Fica claro, portanto, como a balança de poder vai se comportar.
O presidente do PSDB capixaba é o deputado estadual Vandinho Leite. A coluna tentou contato com o parlamentar, que não deu retorno.
"Sou amigo do Vandinho, estamos alinhados. Ele vai me ajudar na montagem de chapa de candidatos a deputado. Vandinho também já está no movimento do Ricardo", ressaltou Gilson Daniel.
Ricardo Ferraço, cabe lembrar, já foi filiado ao PSDB. O partido de Vandinho, assim como o Podemos, integra a base de Casagrande.
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