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Os bastidores da saída de Colnago do PSDB e a reviravolta da entrada no PSD

Os bastidores da saída de Colnago do PSDB e a reviravolta da entrada no PSD

Ex-vice-governador tentou ser candidato ao governo do ES no ninho tucano, mas não foi possível. Agora, vai disputar com Guerino Zanon o posto no novo partido

Publicado em 31 de março de 2022 às 02:10

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Ex-vice-governador César Colnago
Ex-vice-governador César Colnago assina ficha de desfiliação do PSDB, após 30 anos no partido. (Letícia Gonçalves)

A saída do ex-vice-governador César Colnago do PSDB, após 30 anos de filiação, e sua entrada no PSD, como anunciou nesta quarta-feira (30), é marcada por meses de desencontros entre ele e o presidente estadual dos tucanos, Vandinho Leite, e pela ação de um aliado, o atual presidente estadual do PSD, José Carlos da Fonseca Júnior, o Zé Carlinhos.

O presidente do novo partido de Colnago é também próximo ao ex-governador Paulo Hartung (sem partido), outro convidado a ingressar no PSD, mas o ex-vice-governador diz que ele não teve participação nas tratativas.

O fato que, com a entrada de Colnago nos quadros do PSD, ele passa a competir internamente com o prefeito de Linhares, Guerino Zanon, pela preferência para disputar o governo do estado. Guerino também é hartunguista.

O ex-vice-governador vê com naturalidade haver dois pré-candidatos no mesmo partido e conversou com Guerino sobre o assunto na própria casa do agora ex-tucano e em um hotel de Vitória na última segunda-feira (28).

Assim, ele se coloca na situação que o superintendente da Polícia Federal, Eugênio Ricas, não quis ficar, ao desistir de se filiar ao PSD e concorrer ao governo, já que o PSD trouxe Guerino para o tabuleiro.

"Vivi isso várias vezes (ter mais de um pré-candidato no mesmo partido). É da democracia interna. Eugênio tomou a decisão dele e eu respeito", afirmou.

Agora, o combinado no PSD é que quem estiver "em melhores condições", mais bem posicionado nas pesquisas e mais articulado, seja o candidato.

SENADO É OPÇÃO. VICE, NÃO

Se o escolhido não for Colnago, ele pode disputar o Senado, opção que também foi debatida com Zé Carlinhos. Já ser vice-governador, de novo, não está nos planos do ex-tucano.

"Quem vai decidir é o partido, os militantes, numa discussão interna", narrou Colnago, placidamente.

O clima no PSDB, que ele deixou para trás, era outro. Teve ligações não atendidas, mensagens não respondidas e um acirramento do distanciamento entre Colnago e Vandinho a partir de janeiro. "O PSDB local está muito próximo do governo (Casagrande) (...) o partido poderia até apoiar, embora não seja essa a minha posição, mas não assim, antecipadamente, sem discussão interna", afirmou o ex-vice-governador.

Em janeiro, conforme a coluna apurou, houve uma reunião da Executiva do partido, em que Colnago externou que queria ser candidato. Não houve resposta direta e nem discussão posterior.

Quando Colnago anunciou à coluna, em outubro do ano passado, que percorria municípios do Espírito Santo com o objetivo de ser candidato ao governo do estado, o presidente estadual do PSDB, Vandinho Leite, de pronto reagiu e, por meio de nota, afirmou que não havia nem discussão no partido sobre candidatura ao Palácio Anchieta.

O tempo foi passando e o ex-vice-governador sempre se manteve como pré-candidato ao governo. Concomitantemente, exercia um cargo comissionado na Assembleia Legislativa, o de secretário de gestão de pessoas, a convite do presidente da Casa, Erick Musso (Republicanos), que também é pré-candidato ao governo.

Ex-vice-governador César Colnago
Ex-vice-governador César Colnago em entrevista concedida na casa dele, em Vitória. (Letícia Gonçalves)

Colnago pediu exoneração do cargo no último dia 11, já se antecipando ao prazo de desincompatibilização, que termina em 2 de abril, e mais uma vez reforçou ser pré-candidato ao governo. O PSDB reforçou que "não há qualquer definição sobre candidatura própria da legenda ao governo do estado".

Para completar, no congresso estadual do PSB, no último domingo (27), Vandinho afirmou que a parceria com o partido do governador Renato Casagrande, que vai tentar a reeleição, é "muito provável". A aproximação de Vandinho com o Palácio já era visível a alguns meses, pela postura na Assembleia Legislativa e presença em eventos oficiais.

Durante todo esse tempo, Colnago, digamos, pregou sozinho no próprio partido. Nos bastidores o que se cogitava é que ele teria legenda para disputar o cargo de deputado estadual no ninho tucano.

De janeiro a março Vandinho não atendeu telefonemas e nem respondeu mensagens de Colnago.

Em entrevista coletiva no final da tarde desta quarta, o ex-vice-governador disse que contava com o apoio da direção nacional do PSDB para ser candidato ao governo, mas regionalmente a coisa não ia bem, como já era notório.

A coluna apurou que, no PSDB, o discurso era de postergar até meados de abril a decisão sobre ter ou não candidatura própria.

Embora o prazo de filiação de candidatos termine no dia 2, algumas vezes os partidos usam o subterfúgio de entregar os dados dos filiados com data retroativa, o que é possível fazer até o dia 18 de abril, quando aí acabam as chances mesmo.

Mas, nesse período, o partido foi ficando cada vez mais próximo de Casagrande. Até anunciou a filiação do ex-senador Ricardo Ferraço, que é próximo ao governador, com chances de disputar um cargo majoritário pelo partido (senador ou vice, por exemplo).

Colnago diz que a entrada de Ricardo não interferiu na decisão dele de sair do partido, que, àquela altura, já estava tomada.

O QUE DIZ O PSDB

Um tucano de alta plumagem avalia que se o partido abraçasse a pré-candidatura de Colnago isso atrapalharia a atração de outros quadros, mais próximos a Casagrande, como o ex-senador. Mas não havia a intenção de, mesmo posteriormente, ingressar na empreitada de disputar contra o socialista.

A coluna tentou, sem sucesso, falar com Vandinho Leite. O PSDB enviou uma nota, assinada pelo vice-presidente do partido, Oziel Andrade: 

"O PSDB é um partido que preza e sempre prezou pela democracia e liberdade de escolha de seus filiados. Dessa forma, o tucanato capixaba recebe com muita naturalidade a desfiliação do ex-vice-governador César Colnago, agradecendo ao mesmo por sua contribuição e o desejando sucesso em sua jornada!".

ARIDELMO DEIXA A PREFEITURA PARA SER CANDIDATO AO GOVERNO

O secretário da Fazenda de Vitória, Aridelmo Teixeira, deixa o cargo na prefeitura para disputar o governo do estado pelo Novo. O anúncio deve ser feito nesta quinta-feira pelo prefeito Lorenzo Pazolini (Republicanos).

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