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A reviravolta que levou Erick Musso a disputar o Senado no ES

Presidente da Assembleia Legislativa tem trajetória ascendente desde a juventude, mas sofreu alguns revezes e agora vai enfrentar Magno Malta nas urnas, mas isso não é ruim para o ex-senador

Vitória
Publicado em 28/07/2022 às 17h58
Presidente da Assembleia Legislativa, Erick Musso
Presidente da Assembleia Legislativa, Erick Musso. Crédito: Ellen Campanharo/Ales

O presidente da Assembleia Legislativa, Erick Musso (Republicanos), tem 35 anos, está à frente da Casa pelo terceiro biênio consecutivo e tem planos de alçar voos mais altos.

Mirou, num primeiro momento, o governo do Espírito Santo. Mas deu um giro de 180 graus e tomou, nesta quinta-feira (28), o lugar do ex-prefeito Sérgio Meneguelli como o nome do partido na corrida pelo Senado.

Em dezembro do ano passado, o presidente nacional do Republicanos, Marcos Pereira, esteve em Vitória para anunciar que a legenda lançava Erick como pré-candidato ao Palácio Anchieta.

O próprio Erick admitiu, na ocasião, que teria que ganhar muito terreno para chegar lá, visto que era pouco conhecido do eleitorado.

Ele tem base em Aracruz, onde foi vereador, presidente da Câmara e candidato a prefeito.

Em 2014, Erick elegeu-se deputado estadual e tornou-se o mais jovem entre os integrantes daquela legislatura, com 27 anos. Virou vice-líder do então governador Paulo Hartung (na época filiado ao PMDB) na Casa.

Em 2016, disputou a Prefeitura de Aracruz, com o apoio de Hartung, mas perdeu.

Foi reeleito deputado estadual em 2018, pelo PRB (que hoje se chama Republicanos)

Na Assembleia, ele se consolidou. Ousou até uma eleição antecipada da Mesa Diretora para permanecer na chefia do Poder, em 2019, mas após a reação de Casagrande e até da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-ES), recuou.

Em fevereiro de 2021, data prevista na Constituição Estadual, no entanto, alcançou o intento. Foi reeleito e com o apoio de Casagrande.

Erick e o socialista estavam se dando bem, com exceção do episódio da eleição antecipada. O governador não teve grandes problemas para aprovar projetos na Assembleia. Quem coordena a pauta de votações é o presidente do Legislativo.

O deputado, no entanto, foi se afastando do Palácio. O Republicanos, turbinado pelo resultado das eleições de 2020, em que só ficou atrás do PSB em número de prefeitos eleitos, tinha seus próprios planos.

Como Erick alcançou apenas 3% das intenções de voto para o governo, de acordo com pesquisa Ipec divulgada em maio, já se esperava que esses planos fossem alterados.

Mesmo integrantes do próprio partido avaliavam que a candidatura era inviável. Erick apareceu, frequentemente, em agendas públicas com o prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini, principal vitrine do Republicanos.

Já o deputado federal Amaro Neto manteve distância da pré-candidatura do aliado.

Meneguelli, por outro lado, liderava as pesquisas de intenção de voto, ao lado do ex-senador Magno Malta (PL) e da senadora Rose de Freitas (MDB).

Foi rifado, como ele mesmo nomeou, por "forças estranhas". Até o presidente da República Jair Bolsonaro (PL) foi citado como interlocutor a favor da retirada do ex-prefeito do páreo, o que favorece, principalmente Magno Malta, de quem Meneguelli poderia tirar votos.

Erick é menos competitivo que Meneguelli, mas disputa o mesmo nicho de Magno: o eleitor conservador e evangélico.

Com a diferença que pode se apresentar como "o novo", já que é jovem e nunca foi senador.

Erick, porém, vai ter que estruturar uma campanha ao Senado em cima da hora. Pode passar a pedir votos abertamente a partir de 16 de agosto.

Ele tem exatamente a idade mínima necessária para concorrer ao posto.

E conta com o apoio do União Brasil do deputado federal Felipe Rigoni.

POR QUE A MUDANÇA?

Como já foi explicitado pela coluna mais de uma vez, Meneguelli foi retirado da disputa para ajudar Magno Malta.

Mas então por que o Republicanos lançou outro candidato ao mesmo cargo?

Primeiro: Erick não tem o mesmo potencial eleitoral de Meneguelli, não incomoda tanto ao ex-senador. Logo, a entrada dele na corrida atende, em tese, ao pedido de Bolsonaro de rifar o candidato competitivo que poderia prejudicar o aliado do presidente da República.

Segundo: o presidente da Assembleia Legislativa não teria como "descer" para a disputa pela Câmara dos Deputados. A chapa já está fechada, redonda, no partido.

Além disso, ele tem aliados em outras siglas, contra os quais se comprometeu a não concorrer, como os deputados estaduais Renzo Vasconcelos (PSC) e Rafael Favatto (Patriota), pré-candidatos a deputado federal.

O mesmo conflito se daria se ele fosse candidato a deputado estadual.

Assim, Meneguelli foi realocado na chapa que disputa vagas na Assembleia Legislativa. Ele não "bagunça" a chapa de federais e é um puxador de votos. Há a expectativa de que o Republicanos eleja vários deputados estaduais graças ao ex-prefeito de Colatina. Erick estimou a eleição de "três ou quatro".

Voltando ao presidente da Assembleia, a corrida ao Senado é uma saída, digamos, honrosa, na medida do possível.

Mas as chances de vitória nas urnas não são muito melhores do que as que ele teria como postulante ao Palácio Anchieta.

No palanque conservador, além de Magno, há o pré-candidato do Avante ao Senado, pastor Nelson Junior, por exemplo. É um campo congestionado.

Sem contar que o coronel Alexandre Ramalho (Podemos) tenta se viabilizar, ainda que como candidato avulso. Casagrandista, mas também bolsonarista, é outro que poderia embolar o meio de campo.

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