Empresário, vice-presidente da CNI e presidente do Copin (Conselho de Política Industrial da CNI). Foi presidente da Findes. Neste espaço, aborda economia, inovação, infraestrutura e ambiente de negócios.

Fundo de Investimento em Participações (FIP) é um grande passo para o futuro

Espírito Santo tomou a decisão correta de transformar uma receita finita numa alavanca para o desenvolvimento econômico do Estado, possibilitando novos negócios e novos empregos para as próximas gerações

Publicado em 27/03/2022 às 02h00
Recursos que vão compor o Fundo de Investimento em Participações (FIP-ES) serão neste primeiro momento exclusivos do Fundo Soberano
Recursos que vão compor o Fundo de Investimento em Participações (FIP-ES) serão neste primeiro momento exclusivos do Fundo Soberano. Crédito: Jcomp/Freepik

Extraordinário! Assim pode ser definido o novo FIP, o Fundo de Investimento em Participações, lançado oficialmente dias atrás no Palácio Anchieta. O FIP é vinculado ao Fundo Soberano do Estado e conta com recursos da receita estadual de petróleo e gás, uma riqueza finita e associada à economia do século 20, para investir em empresas de base tecnológica e garantir o passaporte do Espírito Santo para a economia do século 21.

A iniciativa é de fato extremamente positiva para o futuro dos capixabas. Pude acompanhar o lançamento do novo fundo em solenidade no Palácio. A medida é inédita no Espírito Santo, e o fundo é um dos maiores da categoria do país, na modalidade venture capital (os investidores fazem parte do nascimento de uma startup com alto potencial de desenvolvimento), com aporte inicial de R$ 250 milhões.

Esse é o chamado FIP 01, o que significa que outros virão. O porte, o volume de recursos disponíveis e a vocação do fundo são extremamente interessantes e de alto impacto para nosso futuro.

Os recursos poderiam ter sido destinados a investimentos convencionais dentro do orçamento anual, como ocorre em outros Estados e países, sem visão estratégica e sem criar novas oportunidades que diversifiquem a economia local. Mas o Espírito Santo tomou a decisão correta de transformar uma receita finita numa alavanca para o desenvolvimento econômico do Estado, possibilitando novos negócios e novos empregos, visando as próximas gerações.

Fico feliz com essa entrega! É um sinal de que o governo está aberto a lançar-se com mais intensidade e ambição nos projetos que pavimentam o futuro da nossa sociedade. Conseguiu unir a vontade da liderança política do Estado com a capacidade de realização da equipe, e isso é também extraordinário, pois não basta querer, não basta ter uma ideia e apontar o caminho. É essencial conseguir colocá-la em prática.

O FIP será operado por uma empresa conceituada no mercado, a TM3 Capital, uma gestora de recursos de terceiros com mais de 10 anos de experiência, devidamente contratada por licitação pública, com experiência comprovada na identificação de bons projetos e na alocação adequada de recursos.

O fundo vai atuar no investimento de empresas de base tecnológica e também na aceleração de empresas em estágio inicial. Assim, a TM3 vai potencializar o ecossistema de inovação do Espírito Santo, representando uma ferramenta importante para transformar a imagem do Estado no que se refere aos investimentos em tecnologia.

Os investimentos serão alocados preferencialmente em setores de tecnologias da informação e comunicação (TIC), nanotecnologia, comércio eletrônico, serviços financeiros, energias renováveis, meio ambiente, agronegócio, entre outros.

Como funciona? A gestora do fundo vai identificar o potencial de crescimento do negócio e adquirir um percentual de suas ações: haverá uma prospecção ativa de empresas, e o capital entra como sócio acionista por um período determinado.

A meta é, no período de 5 anos, acelerar até 500 empreendedores em fase de ideação, que estão começando somente com uma boa ideia, utilizando inclusive metodologia EAD, ensino a distância. Por meio de uma plataforma, o empreendedor terá acesso a mentoria para desenvolver a sua ideia.

Outro papel importante do FIP é a divulgação do Espírito Santo para outros Estados e mesmo para outros países. Tenho abordado neste espaço esse gap histórico, que é vender as nossas potencialidades para além das fronteiras capixabas.

Além do fundo, contamos com outras vantagens competitivas, como uma ambiência adequada, localização geográfica estratégica, incentivos fiscais e infraestrutura logística. Todo esse potencial poderá ter maior visibilidade no Brasil e no mundo, e o fundo gerido pela TM3 será um aliado poderosíssimo nesse processo.

Os benefícios fiscais do Espírito Santo poderão trazer para cá fábricas de hardware, a exemplo do que acontece com Ilhéus (BA) e Manaus (AM), que são destinos típicos desses investimentos, observou o CEO da TM3, Marcel Malczewski, em conversa com empresários do setor. Marcel revelou que, nos primeiros contatos, a receptividade do mercado tem sido muito positiva para a atração de investimentos para o Espírito Santo.

Para avançarmos ainda mais, o desafio agora é fazer decolar o Funcitec (Fundo Estadual de Ciência e Tecnologia), criado em 2018, também com o objetivo de fomentar a inovação, no contexto da MCI, Mobilização Capixaba pela Inovação, como mencionamos aqui no artigo passado. O Funcitec é de risco puro, é subvenção para investimento, iniciativa única no país.

Somando essas ações, temos tudo para fazer da inovação a nova fronteira do desenvolvimento estadual, uma fronteira inclusiva e sem barreiras, porque o desenvolvimento de empresas inovadoras depende apenas de criatividade e boas ideias. Recursos há, e o Espírito Santo tem tudo para decolar nessa agenda inclusiva e promissora da economia do século 21.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

A Gazeta integra o

Saiba mais

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.

A Gazeta deseja enviar alertas sobre as principais notícias do Espirito Santo.